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D. O. – Desidratação osmótica

2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MANGA

A mangicultura é uma importante atividade econômica nos âmbitos nacional e internacional. A agroindústria da manga é também um setor em crescimento nos mercados interno e externo, e a expectativa dos produtores é de ampliação do mercado consumidor.

A manga foi introduzida na América, provavelmente, pelos portugueses no Brasil, no século XVI. Logo em seguida, foi introduzida no México pelos espanhóis. As primeiras introduções no Brasil, no entanto, referiam-se às cultivares filipinas, que geralmente produzem frutos com polpa fibrosa e de baixa qualidade e com semente poliembriônica, com pequena variação genética. Isso fez com que a cultura da manga ficasse limitada a pequenos pomares, sem muita expressão, e

especificamente para atender ao mercado interno de maneira bem regionalizada, por quase três séculos (FERREIRA et al., 2002).

Na metade do século XX, no entanto, foram realizadas introduções de cultivares melhoradas indianas, procedentes da Flórida (USA), portadoras de melhor qualidade com sementes monoembriônicas, que induzem grande variabilidade quando plantadas de pé franco. Esse fato modificou sensivelmente a indústria mangícola nacional, dando um novo alento à cultura, pois essas cultivares americanas, que produzem frutos com pouca fibra, bem coloridos e mais resistentes à antracnose causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides são mais comercializáveis, permitindo inicialmente ampliar o excelente mercado interno, e mais recentemente permitindo conquistar o mercado externo, notadamente dos Estados Unidos e Japão.

A manga (Mangifera Indica L.) é cultivada em diversas regiões do mundo e consumida principalmente in natura, mas com inúmeras formas de aproveitamento devido à vasta gama de derivados industrializados (polpa de suco, geléias, fruta desidratada, etc.) (CINTRA e BOTEON, 2002). As regiões Nordeste e Sudeste são responsáveis respectivamente, por 60% e 34% da produção nacional de manga. Enquanto que a região Norte produz 3%, Centro - Oeste 2%, e o Sul apenas 1% (IBGE, 2002).

Dentre as variedades exploradas, a mangueira cv. Tommy Atkins concentra em torno de 90% da área plantada de manga no país (ALMEIDA et al., 2005), justificada, muitas vezes, por sua rusticidade, coloração atraente, boa conservação pós-colheita e relativo equilíbrio na produção entre anos consecutivos.

A cultivar Tommy Atkins produz frutos classificados botanicamente como drupa, de tamanho médio para grande (400 a 700 g), formato ovalado a oblongo, superfície lisa, com casca espessa, e coloração laranja-amarela coberta com vermelho e púrpura intensa (Fig. 2 e Fig.3).

Figura 2 – Mangueira (Fonte: www.mandacarudaserra.com.br)

Figura 3 – Cultivar Tommy Atkins (Fonte: João Gomes da Costa, 2008)

A polpa apresenta cor amarelo-escura, consistência firme, suculenta e contendo teor médio de fibras. No interior da polpa, encontra-se a semente monoembriônica, pequena, representando de 6 a 8% do peso do fruto, que é recoberta por um endocarpo fibroso (CUNHA et al. 1994; DONADIO, 2002; PINTO et al., 2002).

Foi introduzida em 1970, junto com muitas outras cultivarem, que foram testadas e algumas recomendadas para as condições brasileiras. Com o aumento da demanda interna e o interesse crescente pelas exportações a partir de 1980, a ‘Tommy Atkins’ se mostrou bastante adequada, principalmente devido a sua maior tolerância à antracnose. A partir disso, juntamente com a ‘Keitt’ tem sido as cultivares mais plantadas no País (PIZA JÚNIOR, 1989; DONADIO, 1996).

Possui teor de sólidos solúveis totais médios (17ºBrix) e sabor inferior quando comparada com as cultivares. Palmer e Haden. É uma das cultivares de manga mais cultivadas mundialmente para exportação. Essa cultivar representa 50 e 80% das exportações de manga no México e no Brasil, respectivamente (CUNHA et al., 1994; DONADIO, 2002; PINTO et al., 2002b).

Leite et al. (2005) avaliando as características físicas da manga cv. Tommy Atkins observou um conteúdo de água (teor de água) médio de 85,24% ± 0,84, portanto, variou de 84,4 a 86,08%.

Alguns frutos são também uma boa fonte de β-caroteno (pró-vitamina A), que será transformado no organismo humano em vitamina A (retinol). Os frutos que se destacam pelo teor de β-caroteno são: goiaba, manga, caqui, mamão, pêssego, damasco, melão, maracujá e tomate (AWAD, 1993).

Segundo Medlicott et al. (1986), o teor de carotenóides em mangas da cv. Tommy Atkins é superior a 0,5 mg/ 100 g da massa fresca. Neste mesmo sentido, Salunke et al. (1991) identificaram cerca de dezesseis hidrocarbonetos e oxicarotenóides, sendo que o β-caroteno predomina no fruto totalmente maduro.

É uma fruta com grande quantidade de polpa, de tamanho e formato variável, aroma e cor muito agradáveis que faz parte do elenco das frutas tropicais de importância econômica não só pela aparência exótica,mas também por ser uma rica fonte de carotenóides e carboidratos (TASSARA, SILVA, GOMES, 2004; BRANDÃO et al., 2003; SANTOS, 2003 apud MARTIN, 2006).

A polpa de manga apresenta potencial para ser uma ótima fonte dietética de antioxidantes, por apresentar em sua composição carotenóides, ácido ascórbico e compostos fenólicos, os quais são moléculas com função antioxidante no meio biológico.

Tommy Atkins se destaca por possuir grande potencial de comercialização devido sua aparência altamente atrativa, apresentando uma coloração que varia do alaranjado ao vermelho, fruto com alto rendimento de polpa, sulcosa, sem fibras, doce, ácida, casca espessa, formato oval, tamanho variando de 400 a 700g e semente pequena, sendo considerada resistente à antracnose e a danos mecânicos (CARVALHO, 1997).

Essa variedade é a de maior participação no mercado mundial, devido ser resistente ao transporte a longas distâncias e por apresentar coloração intensa (ALMEIDA et

al., 2001; LUCENA, 1999), representando 90% das exportações no Brasil

(GUERREIRO et al., 2001).

As exportações brasileiras de frutas em 2001 atingiram 580.135t e o valor de 215 milhões de dólares. A manga participa com 12,2% da quantidade exportada e com 23% do valor (FILHO, 2004).

A manga ‘Tommy Atkins’ é uma variedade americana desenvolvida na Flórida, através de cruzamentos. Essa variedade ganhou importância comercial desde a década de 80, principalmente devido a sua maior tolerância a antracnose (DONADIO, 1996). A variedade ‘Tommy Atkins’ responde por aproximadamente 80% de toda a área cultivada com manga no Brasil.

Por ser considerada uma fruta exótica nos países importadores, estima-se que 5% dos europeus conhecem o fruto. As variedades ‘Kent’ e ‘Haden’ são preferidas pelos mercados japoneses e franceses. No entanto, a variedade ‘Tommy Atkins’, de forma geral, é a que possui maior participação no mercado mundial (GUERREIRO et al., 2001).

Carvalho et al. (1997), afirmam que a manga ‘Tommy Atkins’ é a manga comercial mais consumida no Brasil, seguida pela ‘Haden’.

A Fruitséries (1998) relata que a manga ‘Tommy Atkins’ apresenta características de sazonalidade bem especificas, marcada pela concentração da oferta no período de outubro/ janeiro, e de escassez entre fevereiro/setembro. O preço deste produto é fortemente afetado pela variação da oferta, permanecendo elevado nesse período. Em fevereiro os preços situam-se em torno de 50% acima da média, elevando-se de forma constante até o mês de agosto quando alcançam o patamar de 210%.

O nome Mangífera é derivado da palavra mangai (nome popular para manga) “feras” produtor; indica índia é o nome da espécie. A mangueira apresenta-se como sendo uma planta perene, de grande porte que pode atingir 30 metros de altura com copa densa e frondosa, sistema radicular vigoroso e muito sensível a geadas (GUERREIRO et al., 2001).

O fruto da mangueira é classificado como climatério o que significa que pode completar a maturação mesmo depois de colhido, num processo que geralmente leva de três a oito dias. Todavia, quando colhido muito jovem não amadurece adequadamente. A melhor faixa de temperatura para o seu amadurecimento situa-se entre 21 e 24ºC.

Para a manga ‘Tommy Atkins’, a colheita tem início após 100 a 105 dias da sua florada, pois após 105 dias inicia-se a mudança na coloração da casca (BLEINROTH, 1994).

Para MEDLICOTT e REYNOLDS (1988) o ponto de colheita da manga deve ser determinado através da cor da casca e da polpa, associada com outras observações tais como: dias pós-florada, aspecto das lenticelas, textura, sólidos solúveis totais e acidez. Conforme Alves et al. (2002), a maturação mínima para colheita da cv. Tommy Atkins é cor de polpa 1 (creme), cor de casca 2 (verde claro), firmeza de 129,41 N e sólidos solúveis totais de 7,3ºBrix. Entretanto, o autor adiciona que atualmente recomenda-se que as mangas que se destinam à Europa e ao Canadá sejam colhidas com cor de polpa correspondente ao grau entre 2 (até 30% da área

amarela e o restante creme) e 3 (amarelo) da escala subjetiva de coloração da polpa. A escala de coloração da polpa para manga pode ser vista na figura.

Figura 4 – Escalas de coloração da casca e da polpa como guia de maturação de Mangas’Tommy Atkins’ (adaptado de GTZ, 1992).

A Tabela 2 apresenta a composição média da manga in natura apresentada por Morton (1987) (valores mínimos e máximos das análises feitas em mangas provenientes de Cuba, América Central, África e Índia) e pela Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO, 2006) elaborada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentos (NEPA) da UNICAMP (valores obtidos em manga da variedade Tommy Atkins).

Tabela 2 – Composição química e características físicas da manga

Análise Morton (1987) TACO (2006)

Energia (kcal/100g fruta) __ 51

Umidade em base úmida (%) 78,9 –82,8 85,8

Açúcares totais (g) 16,20 –7,18 12,8 Fibras (g) 0,85 –1,06 2,1 Proteína (Nx6,25) (g) 0,36 –0,40 0,9 Cinzas (g) 0,34 –0,52 0,3 Lipídios (%) 0,30 –0,53 0,2 Cálcio (mg) 6,1 –12,8 8 Magnésio (mg) __ 7 Manganês (mg) __ 0,34 Fósforo (mg) 5,5 –17,9 14 Ferro (mg) 0,20 –0,63 0,1 Sódio (mg) __ Tr Potássio (mg) __ 138 Cobre (mg) __ 0,06 Zinco (mg) __ 0,1 Vitamina A/Retinol (mg) 0, 135 –1, 872 NA Vitamina B1/Tiamina (mg) 0, 020 –0, 073 Tr Vitamina B2/Riboflavina (mg) 0, 025 –0, 068 0,04 Vitamina B6/Pirodoxina (mg) __ 0,03 Niacina (mg) 0, 025 –0, 707 * Vitamina C (mg) 7,8 –172,0 *

* as análises estão sendo reavaliadas; NA: não aplicável; Tr: traço; __: não apresentado

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