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Considerações sobre os dados utilizados

III. Características dos trabalhadores por Conta Própria no Brasil

1.2. Considerações sobre os dados utilizados

O exame mais detalhado em "cross section" da distribuição da população trabalhadora em ocupações agrupadas de forma a detectar estes padrões característicos, visa neste trabalho observar a representatividade dos trabalhadores ocupados como autônomos, agrupados de acordo com grupos ocupacionais diferenciados segundo critérios que definiram uma Tipologia de Ocupações, de

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modo a possibilitar a análise do perfil destes trabalhadores por conta própria, segundo níveis de qualificação específicos.

Entre as variáveis disponíveis para análise na fonte de informações, foram selecionadas as que representavam alguns aspectos considerados mais relevantes para a definição dos aspectos estruturais da distribuição da mão-de-obra, considerando-se por um lado as condições de oferta de trabalho, tendo em vista escolaridade e a distribuição da população por sexo e por outro lado observando-se as condições de demanda do sistema econômico, como a segmentação setorial e o número de horas trabalhadas por semana. Estas condições se refletem não apenas na hierarquização dentro das empresas, mas também na divisão do trabalho entre empresas e autônomos, na situação dos trabalhadores com relação à proteção por meio de um contrato de trabalho com vínculo empregatício legalizado ou não, e ainda no que se refere à intensidade da jornada de trabalho e à remuneração média por horas trabalhadas.

A análise em seção transversal ("cross section") foi efetuada, com base na agregação das informações de acordo com uma Tipologia de Ocupações, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios-PNAD da FIBGE para vários anos, no sentido de comparar as transformações ocorrentes no perfil dos trabalhadores por conta Própria. Para o ano de 1997, foram feitas algumas desagregações adicionais nas categorias ocupacionais, no sentido de maior detalhamento do perfil destes ocupados.

Devem ser feitas algumas considerações a respeito da disponibilidade das informações, que em muitos momentos conduziram e limitaram a possibilidade de análise mais detalhada. Salienta-se primeiramente que as PNADs, não pesquisam a área rural da região Norte e portanto para o país como um todo e para esta região, parte dos ocupados nas atividades agropecuárias não são contabilizados, sendo representados apenas os que se situam em zona urbana. Os trabalhadores da zona rural do Norte compreendiam cerca de 44% da região e 1,8% do país, de acordo com

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o Censo Demográfico de 1980 e de acordo com a Contagem da População em 1996 as estimativas apresentam respectivamente 49,5% e 2,2%, o que altera ligeiramente o resultado das análises para o Brasil como um todo. Dessa forma, as observações regionais efetuadas com base nas PNADs devem levar em conta esta carência de informações do setor Primário nortista.

As ocupações englobadas no grupo "Contra Própria" pela FIBGE, foram conceituadas como formas de organização de produção em que o produtor é possuidor dos instrumentos de trabalho e vende seus serviços ou mercadorias diretamente ao consumidor, com práticas de trabalho individualistas, incluindo portanto os trabalhadores da produção para consumo próprio e da construção para uso próprio, categorias estas que são apresentadas separadamente em algumas informações. Dentro da conceituação dos autônomos, considerou-se que merecem classificação separada os Profissionais Liberais, que apresentam características específicas de qualificação, rendimentos e outras e se compõem de ocupados Qualificados com nível superior de escolaridade. Em seguida as ocupações relacionadas aos demais trabalhadores autônomos, são também observadas de forma desagregada por nível de qualificação conforme discriminado posteriormente na Tipologia de Ocupações.

As ocupações relacionadas aos serviços domésticos remunerados, no Brasil revelam requisitos e comportamentos próprios que impedem a agregação a outros autônomos, como por exemplo a natureza de assalariamento e a possibilidade de Carteira de Trabalho assinada, bem como as formas de remuneração em espécie, como moradia e alimentação, que não são declaradas pelas pessoas pesquisadas para efeito de remuneração do trabalho. Estas atividades, embora constituindo-se numa forma de absorção e manutenção de parcela considerável de pessoas, particularmente de menor nível de qualificação, na sua maior parte de mulheres, não são considerados na literatura pertinente como produzindo um serviço a ser colocado no mercado de bens e serviços, pois vendem seus serviços particularmente a unidades de consumo caracterizadas como Famílias. Assim sendo, estes

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trabalhadores não são aqui considerados como uma categoria ocupacional pertencente a trabalhadores por Conta Própria.

Uma outra dificuldade encontrada nas comparações intertemporais se verificou pelo fato de que a PNAD sofreu algumas alterações em seus códigos ocupacionais na década de noventa, e as agregações de ocupações realizadas particularmente para o ano de 1997, tiveram que sofrer algumas adaptações de modo a se compatibilizarem com as PNADs anteriores de 1983 e 1989 utilizadas para a análise. Melhor esclarecendo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios- PNAD não sofreu alterações nas características do levantamento básico na década de oitenta.

No entanto, de acordo com informação do IBGE, a partir da PNAD de 1992, para captar determinados grupos de pessoas envolvidas em atividade econômica que anteriormente não eram incluídas ma população ocupada o conceito de trabalho tornou-se mais abrangente. A comparação da PNAD a partir de 1992 com os dados anteriores, deve levar em conta que a classificação das áreas urbanas e rurais é feita de acordo com a legislação vigente por ocasião dos Censos Demográficos. A definição estabelecida por ocasião do Censo Demográfico de 1980 foi mantida para as pesquisas da PNAD realizadas de 1981 a 1990 e, a classificação vigente por ocasião do Censo Demográfico de 1991 permaneceu para as pesquisas da PNAD do período de 1992 a 1999 (IBGE, 1999). Dessa forma para as tabulações de 1997 foram efetuadas agregações de modo a compatibilizar as classificações dos anos pesquisados neste estudo.