• Nenhum resultado encontrado

3. INSPEÇÃO E AVALIAÇÃO DE OAEs

3.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE INSPEÇÕES VISUAIS

Os procedimentos de inspeção e avaliação de OAEs são definidos no Brasil em documentos específicos, sendo que a norma que versa sobre o assunto é a NBR 9451:2012. A metodologia do DNIT e os critérios de avaliação estão descritos em DNIT (2004a, 2004b, 2004c) e será abordada no item 3.2. A metodologia GDE/UnB tem sua evolução relatada em Castro (1994), Lopes (1998), Boldo (2002), Fonseca (2007) e Euqueres (2011).

Dependendo dos objetivos e procedimentos adotados, as inspeções são divididas em tipos, que são realizadas em diferentes intervalos de tempo. A NBR 9451:2012 divide as inspeções em três tipos: cadastral, rotineira e especial, e define periodicidade apenas para a inspeção rotineira, que não deve ser superior a um ano. O DNIT (2004c) optou por incluir dois novos tipos de inspeção: intermediária e extraordinária. A inspeção rotineira realizada no âmbito do DNIT tem sua periodicidade definida inicialmente em dois anos, podendo ser alterada em função das características e situação da OAE.

A periodicidade das inspeções visuais é definida geralmente em um ano e por vezes em 15 meses, o que possibilita a realização de inspeções em diferentes períodos do ano. Inspeções mais detalhadas são realizadas a intervalos de três a seis anos, sendo que inspeções em locais de difícil acesso, como aparelhos de apoio, e inspeções subaquáticas são realizadas a cada quatro anos (ALMEIDA, 2013). Essas indicações são apresentadas na Tabela 3.1.

20

Tabela 3.1 - Tipos de inspeções em OAEs (adaptado de ALMEIDA, 2013)

Tipo Descrição Periodicidade

Rotina Observação visual da parte emersa da ponte, sobretudo para avaliar o seu estado de manutenção. 12 a 15 meses

Principais

Observação da estrutura emersa e imersa se possível com meios de acesso que permitam fazer a observação a uma distância ao toque de todos os componentes da ponte e possibilitem a caracterização das anomalias.

3 a 6 anos

Especiais

Devem ser previstas na sequência de situações acidentais (ex: sismo, cheia, impacto, etc.) ou quando necessário para esclarecimento de eventuais dúvidas (ex: extracaro de corpos de prova). Pode englobar a realização de ensaios não destrutivos sobre a estrutura e de estudos de caracterização estrutural.

Particulares Em zonas particulares como partes submersas (com batimetria e por exemplo coleta de imagens de Sonar), aparelhos de apoio, etc.

Detalhadas No âmbito de projetos de intervenções.

A inspeção visual é o método de melhor relação custo/informação. Quando realizada por pessoal qualificado, se mostra um meio econômico e confiável, fornecendo em um curto prazo uma visão geral da condição da estrutura. A Figura 3.1 ilustra a relação dos custos com os resultados obtidos: 80% das informações relevantes são obtidas com apenas 20% dos custos de inspeção (CEB-FIB, 2002).

Figura 3.1 - Importância da inspeção visual mostrada em termos de informações obtidas e dos custos totais de inspeção (adaptado de CEB-FIB, 2002).

21

O restante dos recursos destinados às inspeções (80%) são reservados para a realização de testes/ensaios e outros métodos de medição. Esses testes e medições, além de não serem de simples realização e tenderem a ser onerosos, o processamento dos dados e a interpretação dos resultados podem ser um assunto complexo. Por isso, esses testes são aplicados quando um dano é reportado em uma inspeção visual ou quanto é proposta uma mudança no uso da estrutura, e consequentemente nas cargas atuantes (CEB-FIB, 2002).

No entanto, nem todos os danos detectados nas inspeções visuais exigem a realização de testes. Além de informações acerca de novos danos, a inspeção visual é uma ferramenta eficiente na verificação da evolução dos danos detectados em inspeções anteriores (FONTES et al., 2014).

Almeida (2013) faz algumas considerações relevantes sobre a subjetividade inerente aos resultados das inspeções, sejam elas apenas visuais ou não, no que se refere à sua subjetividade. Essa subjetividade advém do tipo de inspeção, da metodologia utilizada para a classificação e ainda da subjetividade associada ao inspetor. O tipo de inspeção é influenciado pelos meios envolvidos, nível de acessibilidade, características dimensionais da estrutura e dos materiais. Além disso, as condições em que são realizadas, como meteorologia, limpeza da estrutura e as condições de tráfego, podem ter um papel importante nos resultados.

A metodologia utilizada para a classificação influi nos resultados na medida em que a escala de avaliação é definida com base em uma classificação qualitativa de diferentes níveis de danos. Dessa forma, diferentes inspetores nem sempre interpretarão a classificação da mesma forma.

O último fator de influência no resultado de uma inspeção, talvez o mais importante, é o próprio inspetor. Fatores como a experiência, a formação específica na área de OAEs, personalidade, otimismo ou pessimismo ao atribuir as notas e conforto ao trabalhar em locais altos e em meio ao tráfego, podem influir demasiadamente na avaliação da estrutura. Varela (2007 apud ALMEIDA, 2013) relaciona alguns fatores relacionados ao inspetor:

• Alguns danos estruturais relevantes não são apontados por alguns inspetores; • O tempo despendido por cada inspetor para uma determinada avaliação pode variar

de alguns minutos até várias horas, o que pode ser correlacionado com a confiabilidade dos resultados obtidos;

22

• A maioria das notas atribuídas se situa na zona média da escala de classificação, mostrando uma tendência em se avaliar melhor as estruturas em pior estado e pior as estruturas em melhor estado (Figura 3.2); e

• 95% das classificações NBI (National Bridge Inventory) variam até dois pontos em relação a média (escala de 0 a 9) e só 68% variam um ponto.

Figura 3.2 - Distribuição das avaliações, segundo a classificação NBI (National Bridge

Inventory), obtidas para uma determinada OAE por 49 inspetores diferentes (Varela, 2007

apud ALMEIDA, 2013).

Apesar dos fatores que afetam o resultado das inspeções, apenas visuais ou não, elas produzem os subsídios para os sistemas de gestão de OAEs. Portanto, são desejáveis investimentos nos fatores que afetam os resultados, principalmente qualificação dos inspetores e aprimoramento nas metodologias de classificação.

3.2. METODOLOGIA ADOTADA PELO DNIT