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PARTE IV – DESENVOLVIMENTO

11. PESQUISA DE CAMPO

12.1 MODELO 1 Os determinantes do faturamento do varejo de materiais de

12.1.2 Considerações teóricas

12.1.2.1 Adoção do emprego como variável proxy do faturamento

Pindicky esclarece que, “[...] uma empresa obtém a sua produção utilizando dois insumos de produção, o capital K e a mão-de-obra L [...]” (PINDICKY, 1999, p. 556), isto é, a produção de uma empresa é função da quantidade de capital investido e mão-de-obra utilizada. Assim, espera-se que exista uma correlação estatisticamente significativa entre o volume de emprego e a receita das empresas. Indo ao encontro desta idéia, Mahin (1991) sugere a utilização da variável emprego como solução para a indisponibilidade da informação sobre o valor adicionado nos bancos de dados americanos (ver Capítulo 7 desta pesquisa, item 7.1). Uma referência da aplicação do conceito de função de produção em uma análise regional é Saheli e Macedo (1998). O estudo estima a função de produção de cada Unidade Federativa brasileira através dos insumos trabalho e capital.

12.1.2.2 As variáveis candidatas a explicarem o faturamento varejista municipal e as hipóteses a elas relacionadas

Componente Renda – Kotler (2000), Varian (1999) e Pindicky (1999), ao tratar da

determinação da demanda, lembram que não basta a presença de consumidores interessados no produto. É necessário que eles estejam aptos a adquirir o bem, isto é, que tenham, entre outros fatores, poder aquisitivo para tanto. Assim, faz-se necessário avaliar a capacidade de consumo da região. Parente (2000), quando lista os fatores para a avaliação do potencial de consumo disponível em uma região, aponta para a importância da renda da área de influência do negócio. Mankiw (1999) aponta para a identidade econômica entre a renda e a despesa.

Ao julgar o sucesso da economia, é natural observar a renda total gerada na economia. Esta é a tarefa do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB mede duas coisas simultaneamente: a renda total gerada na economia e a despesa total com bens e serviços produzidos na economia [...] Para a economia com um todo, a renda deve ser igual a despesa. (MANKIW, 1999, p. 482).

RENDA = PRODUTO = DESPESA

Assim, o PIB é igual ao total das despesas das famílias no mercado de bens e serviços, como também é igual ao total de salários, aluguéis e lucros pagos pelas empresas no mercado de fatores de produção.

Para formularmos a relação entre o faturamento do varejo e a variável renda, é necessário conhecermos a área de influência do negócio, aqui denominada por região. A crença na importância do consumidor final e local se confirmou com a pesquisa de campo (questões 4 e 5 da pesquisa de campo, respectivamente), tendo em vista que 100% dos entrevistados declaram atender a consumidores situados no município e a consumidores finais e pequenos empreiteiros (ver Capítulo 11 da pesquisa, item 11.2)

Assim, formula-se a primeira hipótese:

= g ( ) (eq. 7)

Hipótese 1 – Há correlação positiva entre demanda e renda do município.

Componente dinâmico – O dinamismo econômico e populacional de uma localidade

afeta o seu potencial, como enunciava Nelson (1958), denominando-o crescimento potencial. Foi apontado, no item que exemplificava modelos de mercado potencial, que não há um consenso sobre as alterações de índices de potencial de consumo ao longo do tempo (ver Capítulo 7, item 7.2). Aranha (1998) discorda desta instabilidade em se tratando de curtos períodos de tempo, enquanto Flores (1997), Azzoni e Capelato (1996) consideraram este fator

Faturamento dos varejistas de materiais de construção em i

(variável proxy emprego no comércio varejista de materiais

de construção)

Renda do município i

Questão 4 e 5 da pesquisa de campo: área de influência do

extremamente relevante. Neste estudo, ao introduzirmos um componente dinâmico estamos buscando verificar se localidades mais dinâmicas, isto é, aquelas que se encontram em um ciclo de expansão econômica, representam unidades de maior interesse mercadológico e, portanto, devem apresentar um potencial maior. Para a construção desta hipótese é relevante a conclusão que se abstraiu anteriormente no item relativo à construção civil e às economias locais: independentemente da fonte ou razão do crescimento local (incentivos fiscais, migração de empresas, aumento populacional), o crescimento em si afeta positivamente a indústria da construção (ver Capítulo 9, item 9.1). Para medi-lo, opta-se pelo crescimento populacional, haja vista que a necessidade de moradia independe da condição econômica da população.

Assim, formula-se a segunda hipótese:

= h ( ) (eq. 8)

Onde n é o número de anos em análise.

Hipótese 2 – Há correlação positiva entre as variáveis faturamento do comércio

varejista de materiais de construção e crescimento populacional.

Componente hierárquico – Ferreira argumenta que:

“[...] as cidades estão relacionadas em um espaço geográfico, formando regiões polarizadas nas quais a dinâmica sócio-econômica, política institucional e cultural dos centros dominantes [...] condicionam e determinam a dinâmica de suas áreas dominadas ou periféricas.” (FERREIRA in HADDAD 1989, p. 509).

Sendo o espaço heterogêneo, as partes que o compõem são complementares e mantêm fluxos comerciais e demográficos entre si, os quais são mais fortes em direção ao centro econômico. Dinamismo da localidade (microrregião ou mesorregião) entre os instantes t e t-n Faturamento dos varejistas de materiais de construção do município i

Nelson (1958), em sua lista de verificação, aponta para o fato de que o potencial de mercado de uma localidade é função do seu poder econômico. Sandroni (1994) explica que o termo poder econômico quando aplicado a uma localidade refere-se a um papel de supremacia em relação às demais. Há, portanto, uma hierarquia entre as regiões que pode ser visualizada por sua área de influência. Quanto maior a área de influência, mais elevada é a posição hierárquica da localidade em relação à sua vizinhança.

Como expõe Haddad (1989), a localização pode representar um componente relevante na análise do potencial de mercado, em virtude das economias aglomerativas e os conseqüentes efeitos de transbordamentos que se observam pela maior concentração de população, renda e infra-estrutura de apoio (luz, energia, saneamento, vias de acesso, escolas, etc.). Isto é, o crescimento de uma região tende a estimular o desenvolvimento das regiões vizinhas, pois

[...] atingindo certo nível de desenvolvimento, uma região começaria a experimentar pressão crescente sobre a oferta interna de matérias-primas e se tornaria necessário importá-las das regiões vizinhas. Como resultado, capital e recursos humanos qualificados migrariam para essas regiões, o que lhes proporcionaria o impulso inicial para também se desenvolverem. (CLEMENTE, 1994, p. 123).

Isso significa que pode haver um processo de difusão, espraiamento ou transbordamento do desenvolvimento das regiões centrais (mais desenvolvidas) para sua periferia. Um exemplo deste fato foi o desenvolvimento de Santana do Parnaíba e Barueri, inicialmente utilizados como refúgio de moradia para a população paulistana e depois adquirindo autonomia em termos de prestação de serviços e oferta de bens. Assim, municípios pertencentes a microrregiões mais prósperas tendem a apresentar um maior potencial econômico em relação aos situados em microrregiões periféricas. O mesmo ocorre entre as microrregiões e as mesorregiões do Estado. Desta forma, postula-se a terceira hipótese:

= i ( ) (eq. 9) Posição hierárquica da localidade Faturamento dos varejistas de materiais de construção no município i

Hipótese 3 – É relevante a consideração da hierarquia entre localidades para a

estimação do potencial de mercado, isto é, microrregiões mais polarizados devem apresentar maior demanda. O mesmo se deve observar nas mesorregiões mais polarizadas.

Componente vocacional varejista de materiais de construção – As localidades têm

vocações que influenciam no potencial de consumo para o atacado. Isto é, existem municípios mais direcionados a atividades rurais, como Araçoiaba da Serra; outros com fortes características de cidades-dormitório, como Praia Grande e São Vicente; e outros com maior presença de atividades comerciais e industriais, como Guarulhos e Cubatão. Acredita-se que localidades com maior presença de estabelecimentos varejistas apresentam maior potencial de mercado para o atacado. Dessa forma, espera-se um resultado inferior para aquelas com menor presença destes estabelecimentos (por exemplo, Álvares Florence, Borá, Lavrinhas e Santa Rita D’Oeste). Haddad (1989) mostra que é possível investigar o grau de especialização das economias regionais num dado período, assim como o processo de diversificação entre dois ou mais períodos. Para tanto, é necessário comparar a estrutura produtiva da região j com a estrutura produtiva de uma área de referência agregada. Desta forma, formula-se a quarta hipótese:

= j ( ) (eq. 10)

Hipótese 4 – É relevante a especialização regional, isto é, quanto maior a vocação da

microrregião para o comércio varejista de materiais de construção, maior é seu faturamento e, por conseqüência, maior é o potencial de mercado.

Vocação varejista de sua microrregião Faturamento dos varejistas de materiais de construção no município i

12.1.3 Operacionalização das variáveis