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5. CONSIDERAÇOES FINAIS

5.1. CONSIDERAÇOES ACERCA DA PESQUISA

Esta pesquisa foi iniciada com um levantamento de dados acerca das etapas, atividades e agentes que compõem o fluxo do projeto executivo padrão de arquitetura (PEP) utilizado para execução de empreendimento de HIS, financiados pelo programa Minha Casa Minha Vida, no intuito de mapear o processo e identificar causas e fatores que comprometem o prazo de conclusão do projeto e a qualidade e eficiência dos resultados.

A partir da hipótese da existência de uma situação de comprometimento nos fluxos do desenvolvimento do projeto especificado acima, neste trabalho foi analisada a aplicabilidade do Mapeamento de Fluxo de Valor, ferramenta lean, no fluxo de desenvolvimento propriamente dito do projeto, envolvendo concepção urbanística, estudo preliminar, projeto de arquitetura e projetos complementares de engenharia, e no fluxo de gerenciamento do projeto desde a compra do terreno até a assinatura do contrato de financiamento com a Caixa Econômica para execução da obra.

Os fluxos denominados 1 e 2 são realizados pelos agentes escritório de arquitetura e construtor, respectivamente, e estão inseridos em um processo macro que envolve outros fluxos necessários à conclusão do processo, se intercalando e interagindo entre si. Para uma melhor compreensão, como os Mapeamentos de Fluxos de Valores estudados estão inseridos no processo macro de desenvolvimento dos projetos, o trabalho mostrou um Mapeamento Macro de Fluxo do Projeto localizando os diversos agentes envolvidos (órgãos públicos, concessionárias, cartórios e projetistas terceirizados) e as relações existentes entre eles.

Com base nas informações coletadas e na revisão bibliográfica, apresentada no capítulo 2, foram desenhados os mapas atuais dos fluxos 1 e 2, nos quais foram observados desperdícios de retrabalho, informações que se perdem no processo, produtos em espera que se acumulam e extenso Lead Time. Os mapas foram construídos com base na metodologia de Tapping e Shuker (2002), e com apropriação de métricas de tempo adaptadas de Fontanini e Picchi (2005). Os valores dos indicadores de tempo apropriados nos fluxos foram obtidos através das entrevistas com técnicos tanto nos agentes internos (escritório de arquitetura e construtor)

quanto nos agentes externos (SEMAM e Caixa Econômica). A escolha da ferramenta lean de Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) dá-se a condição de representatividade e análise do fluxo de informações ao longo do tempo de um processo administrativo, possibilitando propor melhorias com a finalidade de racionalizar o fluxo atual e futuro de um processo a partir da identificação dos fatores que comprometem seu tempo de desenvolvimento.

A pesquisa gerou dados relevantes sobre os tempos de realização das atividades (TRA), tempos de permanência (TP) das etapas, tempos de espera e pontos positivos e críticos entre atividades e relações dos agentes internos e externos do processo que podem contribuir para aumentar ou diminuir esses tempos.

Para atender ao objetivo principal proposto, o trabalho, juntamente com os profissionais envolvidos no processo, sugeriu melhorias aos fluxos 1 e 2 e apresentou um mapa do estado futuro para cada fluxo conforme previsto nos três objetivos específicos: (1) Realizar o Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV) atual e futuro do processo de projeto executivo de arquitetura, (2) Identificar os fatores que comprometem o desenvolvimento do projeto de arquitetura e (3) Identificar os princípios e conceitos do PE, na redução de desperdício no desenvolvimento do projeto de arquitetura. As melhorias propostas modificam os fluxos na intenção de minimizar os desperdícios apontados no parágrafo anterior e, essencialmente, aumentar a qualidade do projeto.

Uma questão importante a considerar nesta pesquisa é a relação dos pontos críticos encontrados nas interfaces dos fluxos 1 e 2 com os fluxos dos demais agentes envolvidos no processo, observada nos desenhos dos mapas de estado atual. A maioria das causas e fatores que contribuem para o desperdício dos fluxos estudados está relacionada com a dependência direta dos resultados dos processos realizados pelos órgãos públicos, concessionárias, cartórios e Caixa Econômica.

Durante as entrevistas, foi colocado pelos entrevistados dos fluxos mapeados o prazo de um ano para conclusão do processo estudado como ideal no atendimento às expectativas dos interessados no empreendimento. Entretanto, o Lead Time obtido no mapeamento atual da conclusão dos projetos até a aprovação pela Caixa para contratação do financiamento foi de 2,7 anos e, os mais evidentes e maiores responsáveis para o não alcance da meta estabelecida pelos entrevistados são os tempos de espera pelos processos de análise e aprovação. Os tempos de espera acontecem em face das deficiências encontradas, principalmente nos fluxos

dos órgãos municipais SEMAM e SEINF, que resultam na execução de atividades informais e paralelas levando os projetos retornam para os projetistas ajustarem às solicitações das análises dos órgãos após liberação dos pareceres. Algumas alterações geram outras alterações, sem contar que o restante dos projetos precisa ser compatibilizado depois de realizadas as modificações. A ênfase atribuída a este ponto crítico citado não torna os demais desperdícios menos importantes e passíveis de soluções para melhoramento de todo processo.

Em um levantamento de informações na SEMAM e Caixa Econômica, realizado para complemento da pesquisa, algumas deficiências apontadas pelos agentes dos fluxos 1 e 2, como por exemplo o número reduzido de funcionários para atender toda a demanda de projetos para aprovação, foram confirmadas nos relatos dos técnicos analistas de cada órgão. Especificamente a SEMAM, também reconhece que o processo de análise é confuso, a falta integração inter-setorial interna e com a SEINF e o comprometimento das condições físicas e, sobretudo de informações. Uma reestruturação organizacional para melhorias das questões apresentadas depende diretamente de decisões políticas e de interesses comuns dos gestores e técnicos do órgão.

Ainda com base na sugestão de prazo esperada pelo agente construtor, a pesquisa construiu mapas de fluxo de valor futuro, apresentando as sugestões de melhorias lean e aplicando um percentual redutor de aproximadamente 60% nos tempos de espera dos processos externos e em alguns tempos de realização de atividades dos fluxos estudados. Os tempos foram reduzidos considerando o bom senso e depoimentos dos próprios projetistas, no que diz respeito à consideração do real número de dias necessários para conclusão das atividades. Atualmente, esses tempos indicados como ideal para realização dessas atividades não são cumpridos devido à sobreposição de funções assumidas pelos técnicos e das dificuldades dos órgãos públicos apresentadas anteriormente.

Após a aplicação das sugestões de melhorias e redução dos tempos, dentro das condições possíveis de execução dos trabalhos concluiu-se que o tempo esperado de um ano para conclusão do processo não é possível de ser alcançado e para que o fluxos 1 e 2 obtenha o

Lead Time futuro de 1,6 anos, apresentado como resultado no mapa futuro do processo requer

mudanças organizacionais, físicas, com a proposta de criação de uma célula de aprovação de projetos integrando as diversas áreas envolvidas no processo, e, sobretudo mudanças culturais de todos os envolvidos.

Finalmente, de posse dos resultados obtidos, esta pesquisa espera contribuir, com estudos futuros a respeito da importância do MFV nos setores administrativos, especificamente na área de projeto, apropriando tempos e identificando desperdícios nos fluxos. Espera-se ainda, contribuir para conhecimento dos impactos econômicos, qualitativos e social positivo proporcionado ao produto final, projeto, pelos profissionais envolvidos no processo de desenvolvimento de projeto. E por último, com pesquisas na apropriação de tempos adequados para realização de todo fluxo de desenvolvimento dos projetos de HIS, levando os profissionais se questionarem: porque se determinou o prazo de um ano para o processo? Com base em quais indicadores esse prazo foi definido? Quais foram os resultados que motivaram essa perspectiva de tempo?