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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não estou preocupado apenas com o passado. Estou preocupado com a forma como o passado é trazido para o presente para disciplinar e normalizar. (POPKEWITZ, 1994, p. 208)

Apesar de optarmos por seguir a nomenclatura tradicional e utilizarmos a expressão

auxiliassem

, afinal, sustentou uma “Considerações finais” a parte final deste texto, compreendemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no estudo sobre a história do ensino de História para apresentarmos conclusões definitivas. Com isto, elaboramos uma breve consideração acerca dessa etapa da nossa caminhada, destacando os aspectos básicos priorizados na pesquisa acerca do recorte temporal, espacial e teórico-metodológico.

Diante do exposto neste texto, procuramos seguir trilhas que nos a compreender de que forma o passado segundo as palavras Popkewitz foi “trazido para o presente” no Curso de História do CERES. Com esta finalidade destacamos alguns caminhos que foram priorizados no decorrer da elaboração do trabalho. Primeiro, optamos por não elaborar um capitulo teórico e permear a narrativa através da análise dos discursos em consonância com a teoria. Segundo, em função da produção discursiva por nós selecionada e analisada ter sido produzida num período recente, decidimos utilizar a história oral por compreendermos que rememorar o passado representa transmitir situações vivenciadas que justificam as trajetórias de vidas dos entrevistados. A esse respeito Éclea Bosi afirma que relembrar significa falar sobre “Aquilo que se viu e se conheceu bem, aquilo que custou anos de aprendizado e que

existência, passa (ou deveria passar) à outra geração como um valor”. (BOSI, 1983, . 399). E é esse aprendizado, esse valor que buscamos nas entrevistas, p

procurando encontrar nas memórias discursos que definiam modos de apropriação das identidades de discentes e docentes no universo acadêmico.

lise de discurso, sabíamos das dificuldades que enfrentaríamos ao enveredar por caminhos que não conhecíamos, principalmente quando percebemos que teríamos que nos aproximar de pensadores que analisam a importância do estudo da linguagem, na construção dos saberes, evitando enveredar por caminhos que nos levassem a divergências entre lingüistas sobre o estudo e a utilização dos sistemas de símbolos e sinais lingüísticos.

Com isto, procuramos nos disciplinar para evitar deslizes que comprometessem o texto final, embora em alguns momentos manter a harmonia para não cometer oscilações ou desvios tenha sido difícil. Especialmente devido a nossa formação histórica que nos impulsionava a trabalhar principalmente o contexto histórico em detrimento da análise dos discursos. Ou seja, ainda seguimos intuitivamente o modelo de fazer história próprio dos historiadores positivistas: ordenar os fatos, selecionar documentos, verificar a veracidade dos mesmos, estabelecer uma linearidade e, em seguida, elaborar uma narrativa. Embora reconhecêssemos a necessidade de repensar a leitura do passado e de dar-lhe um sentido existencial e um sentido do presente. A esse respeito podemos citar a crítica feita por Valery ao fato de que a história que não nos ajuda a caminhar no presente é aquela história que pensa o passado pelo passado. Ou seja, pensa o passado como se fosse algo que está lá acabado e que tem sentido em si mesmo, quando na verdade o passado deve ser produzido para produzir sentidos no presente, para estabelecer uma relação com o presente. (VALERY, 1992).

Assim, consideramos que nossa escolha teórico-metodológica foii relevante para noss

justificaram a institu specialmente,

rocuramos problematizar o ensino de história no CERES na sua historicidade, destacando a

nciatura Curta em Estudos Sociais e Licenciatura Plena em História passaram a ser oferecidos pela UFRN na cidade de Caicó.

o trabalho, posto que buscávamos analisar os discursos que ição de um Núcleo avançado da UFRN e, e

p

s estratégias utilizadas para o disciplinamento do corpo e da mente dos alunos e professores de História nas décadas de setenta e oitenta do século vinte. Nesse sentido, foi possível perceber através dos discursos que emergiram aspectos relacionados à forma como o ensino universitário foi estruturado no Brasil, à repercussão da reforma universitária de 1968 na organização das universidades brasileiras e como o sistema educacional brasileiro estava organizado no período em que os cursos de Lice

O saber que emerge do conhecimento produzido no CERES possui uma relação direta com o contexto histórico, marcado por tensões, perseguições e crises relacionadas ao governo estabelecido pelos militares nos anos setenta e oitenta do século vinte. Novos códigos jurídicos se configuravam no Brasil nesse momento, a história deveria auxiliar na elaboração de novos discursos que definiriam o lugar do homem na sociedade. Os acontecimentos históricos e as metodologias priorizadas foram pensados para dar sustentáculo a uma proposta política para o país.

No decorrer da pesquisa percebemos que os militares construíram discursos para formação do sujeito moderno ao definir um padrão de ensino que deveria prevalecer na sociedade brasileira ao longo dos anos de 1970 e 1980, o qual promoveu um processo de disciplinarização do saber produzido nas Universidades

brasileiras através da implantação de um modelo único de universidade. A partir dos anos de 1990, esse modelo passou a ser reavaliado e outras alternativas sinalizaram um novo caminho para o ensino superior no Brasil.

o desafio da pressão social e da demanda do ensino superior. O que explica a crise vivenciada pela mesma nos anos subseqüentes, principalmente nos anos oitenta do século vinte.

No último capitulo procuraremos nos deter em alguns episódios vivenciados por docentes e discentes ao estudar a História no CERES. Assim, observamos que o conhecimento histórico contemplado nas aulas de História estava direcionado para a construção de uma saber histórico apresentado como uma verdade inquestionável, um passado que ao ser conhecido promove a disciplinarização dos sujeitos, dificultando a possibilidade da construção de outras subjetividades sobre o que somos e sobre a história que podemos construir.

Assim, destacamos algumas proposições a que chegamos ao final desta etapa. No primeiro capítulo, ao estudarmos as estratégias utilizadas para implementação do ensino universitário no Brasil e, especialmente, ao analisarmos a repercussão da reforma universitária de 1968 na UFRN, percebemos, a partir da produção discursiva que emergiu durante a pesquisa, que a universidade não foi capaz de responder a

Em seguida procuramos historicizar os caminhos que viabilizaram a implantação e manutenção de um Núcleo Avançado da UFRN na cidade da Caicó e percebemos que o CERES institui novas formas de fazer a educação no Seridó, oferecendo ao sistema educacional profissionais graduados, de acordo com a proposta educacional vigente no país, atendendo aos interesses políticos, religiosos e educacionais da região.