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CONSISTÊNCIA NA AVALIAÇÃO ALTERNATIVA DIGITAL

1.CONTEXTO

A Unidade Curricular (UC) que constituiu objeto de estudo é de um curso do 2º Ciclo

de Ciências da Educação, correspondente a 7,5 ECTS, e tem a duração aproximada

de 7 semanas, equivalentes a 5 horas semanais. A unidade é lecionada em regime de b- learning, segundo o entrevistado 50% presencial e 50% online, correspondendo a uma sequência de sessões presenciais e atividades online, iniciando-se por duas aulas presenciais e terminando também com uma aula presencial.

Em média, a ocupação online traduz-se em 3 horas semanais, flexíveis com a utilização de fóruns, e estão previstas para cada estudante mais 2 horas em chat ou videoconferência; está é subscrita por grupos de 5 estudantes. As sessões presenciais são utilizadas para definir tarefas, discutir o andamento das mesmas, sendo a última aula presencial de discussão formal sobre os trabalhos, embora estes sejam realizados online. A avaliação é digital, por traduzir, no dizer do professor, o regime que se adequa à própria realização online das atividades.

A análise do enunciado no site identificou os seguintes objetivos:

 Conhecer a evolução e as bases epistemológicas da Tecnologia Educativa.  Caracterizar os diversos contextos de comunicação educacional.

 Analisar implicações educacionais, a partir das teorias e modelos da comunicação.

 Debater o impacto das tecnologias de informação e comunicação na sociedade e na educação.

 Implementar estratégias de comunicação, tendo em conta os distintos meios, os perfis do público-alvo e a natureza dos objetivos da aprendizagem

Concordante com estes objetivos, o professor da unidade curricular, no decorrer da entrevista, enfatiza a expetativa que os estudantes possam se aperceber do papel das

tecnologias no campo da comunicação e da educação: interessa-me que eles [os alunos] reconheçam os impactos que as tecnologias têm tido ao longo dos tempos para formar ecologias, portanto ambientes comunicacionais e ambientes educacionais.

Foi possível constatar que a UC não tem uma estrutura rígida, desenvolvendo-se de acordo com um conjunto de tarefas faseadas, realizadas pelos estudantes, que incluem tarefas individuais e tarefas em grupo, concorrendo aquelas para estas. Essas tarefas são de pesquisa e análise de obras significativas na área, sendo necessário selecionar, em pequenas equipas, um determinado número delas para construírem coletivamente em texto, simulando um paper.

A análise efetuada sobre as práticas de avaliação alternativa digital nesta UC teve como fontes informativas uma entrevista realizada ao professor e as respostas de 17 estudantes que responderam a um questionário sobre as mesmas1.

Saliente-se que os estudantes respondentes foram maioritariamente do sexo masculino, com uma média etária de 40 anos, com idades compreendidas entre 31 e 51 anos. Todos indicam que frequentarem a UC em regime de b-learning, o que concorda com o referido pelo professor entrevistado.

2. AS PRÁTICAS AVALIATIVAS DIGITAIS

Tendo em conta as dimensões da avaliação alternativa digital – autenticidade, consistência, transparência, praticabilidade – e respetivos critérios, a análise das práticas de avaliação alternativa nesta UC, proveniente da conjugação da entrevista realizada ao docente responsável pela UC e dos dados recolhidos junto dos estudantes, está organizada segundo estas dimensões.

2.1.AUTENTICIDADE

A similitude, relativa à semelhança entre o que é avaliado e as competências necessárias na vida quotidiana, traduz-se nas propostas feitas aos estudantes para a leitura e análise crítica de obras de relevo na área e na simulação de um artigo, mimando o trabalho de um investigador. Conforme o entrevistado sublinha, pretende aproximar os estudantes do trabalho de escrita científica, o que, do seu ponto de vista, os prepara para a elaboração da dissertação no ano seguinte. Refere, ainda, a preocupação de

1Foram rececionados 23 questionários por parte dos estudantes; eliminaram-se da análise 6 desses questionários, por conterem várias respostas incompletas.

colocar aos alunos a análise de situações reais, no que se refere aos desenvolvimentos da tecnologia educativa, a exemplo de programas de aplicação das mesmas no campo educativo. Concordante com a perspetiva do professor, a quase totalidade dos estudantes indica que a avaliação incidiu sobre competências de escrita académica, de reflexão e de comunicação (Figura 1).

Acrescente-se, ainda, que a totalidade dos estudantes perceciona que foram avaliadas competências específicas da área científica da unidade curricular e, em proporções significativas, associadas ao uso das TIC, de planeamento e gestão de um projeto, de resolução de problemas, de pesquisa e análise de informação na web, associadas à criatividade e originalidade. Estes dados corroboram o descrito pelo docente no que se refere aos objetivos das tarefas usadas para avaliação.

Figura 1. Respostas dos estudantes sobre as competências em avaliação

Note-se, contudo, que embora o docente não identifique como objetivo explícito o desenvolvimento de competências de trabalho em equipa, a totalidade de estudantes perceciona que foram avaliadas competências associadas à realização de trabalho de grupo, o que por sua vez é concordante com o facto de algumas tarefas a realizar pelos estudantes exigirem organização, confronto e colaboração entre pares.

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18 Competências selecionadas pelos estudantes

Nunca /raro

Em contrapartida, não é completamente claro, por parte dos estudantes, a perceção sobre a eventual similitude das tarefas propostas, pois é menos consensual que as tarefas realizadas tenham sido próximas das tarefas que irão encontrar na vida profissional ou que foram realizadas num contexto real ou de simulação do mesmo. Com efeito, um número razoável de respondentes não assinala esta concordância (Figura 2). Tendo em conta a preocupação do professor de preparar para o ano de investigação para a dissertação, este facto pode indiciar que nem todos os estudantes se revêm como futuros investigadores, ou mesmo que alguns deles podem estar menos interessados em prosseguir para a dissertação de mestrado. Note-se, todavia a existência de uma quase unanimidade na apreciação de que essas tarefas foram úteis para o desempenho profissional e foram relevantes no quotidiano. Tal como significar que estando as tarefas de avaliação ligadas à problemática das TIC, elas constituíram formas de aproximação ao real dos estudantes, dada a sua condição de professores.

Figura 2. Opinião dos estudantes sobre as tarefas de avaliação digital

No que se refere à significância, constatou-se a preocupação que o docente tem sobre a importância do trabalho pedido aos estudantes, tendo em conta a sua relevância no ano subsequente, aquando da elaboração da dissertação: tenho bastante [essa preocupação], esta é uma tarefa que vai ter aplicação no trabalho que eles depois no segundo ano vão ter que fazer com muita assiduidade.

Os estudantes, por seu turno, reconhecem a importância das tarefas realizadas, pois das suas respostas pode constatar-se uma tendência marcante no sentido de percecionaram os momentos de avaliação como momentos de aprendizagem e considerarem que as

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… eram próximas das tarefas que vou encontrar na vida profissional. … eram realizadas num contexto real.

… eram realizadas num contexto de simulação do real. … são relevantes para o meu dia-a-dia.

… são úteis para o meu desempenho profissional.