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4.2. Critérios de elaboração

4.2.3. Constituição dos verbetes

Segundo Haensch (1982, p. 462-463), a extensão e o conteúdo do verbete podem variar muito, de acordo com a finalidade e o público-alvo ou natureza do léxico que constitui objeto de descrição. Haja vista a já mencionada finalidade do glossário da edição crítica do

LAIS e o tempo de que se dispôs para a sua elaboração, nem todos os elementos que Haensch

indica como constituintes de um verbete foram abordados na composição desse glossário.

a) Estrutura geral dos verbetes

No glossário que aqui se apresenta, excluindo-se os verbetes remissivos, os demais verbetes encontram-se assim estruturados: título do verbete em negrito e versalete; indicação da categoria gramatical por meio de abreviatura em itálico; número total de ocorrências do vocábulo no texto entre parênteses; forma(s) do vocábulo que ocorre(m) no texto, seguidas da

111 indicação do(s) número(s) da(s) página(s) e da(s) linha(s) (separados por um ponto) em que ocorrem entre colchetes371 (o que dispensa a menção de exemplos e abonações); equivalente(s) em língua portuguesa entre aspas (precedido(s) pelo símbolo ♦).

b) Determinação do título dos verbetes

O título dos verbetes cujos vocábulos tiveram continuação histórica e se encontram dicionarizados corresponde à forma moderna desses vocábulos, preconizada pelo dicionário

Lo Zingarelli (versão eletrônica de 2011). Para as formas que não se encontram registradas no Lo Zingarelli, utilizou-se a forma preconizada pelo Tommaseo-Bellini. Nos casos em que

esses dicionários apresentaram formas alternativas no título do verbete, utilizou-se aquela que se mostrou mais próxima à variante adotada na EC como título do verbete no glossário. Quando a forma eleita não é a variante indicada como preferida ou mais usual, criou-se um verbete remissivo com esta (tal é o caso do verbete abominare e outros). Nos casos como os de conspetto e cospetto, em que ambas as formas compõem o título do verbete no Lo

Zingarelli e ambas aparecem na EC, as ocorrências foram reunidas sob a forma indicada

como preferida ou mais usual, nesse caso, cospetto. Os vocábulos presentes na EC que, embora tenham tido continuação histórica, não se encontram dicionarizados foram precedidos pelo símbolo ‡ e seguidos pela remissão à forma moderna dicionarizada correspondente (o vocábulo abracciare ilustra essa situação). Os homógrafos foram diferenciados com um número sobrescrito à direta do título do verbete.

Nos casos de vocábulos que não tiveram continuação histórica, mas encontram-se dicionarizados como arcaicos (como por exemplo disaminazione, empiezza, formidine e outros), utilizou-se a forma antiga como título do verbete, precedida pelo símbolo †. Já nos

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Quando uma mesma forma ocorre mais de uma vez em uma dada linha, o número da página e da linha é repetido.

112 casos de vocábulos que além não terem tido continuação histórica não se encontram dicionarizados (tratam-se dos vocábulos dispuosere, raguardo e rapagare), adotou-se a forma presente na EC como título do verbete, precedida por um asterisco (*).

Nas lexias que apresentam flexão, o título do verbete corresponde à forma no masculino singular (para substantivos e adjetivos) e ao infinitivo (para verbos). No caso dos vocábulos gramaticais, quando a oposição de gênero ou número é por morfema flexional (como quello e quella, por exemplo), as fomas flexionadas são inseridas no verbete com a forma masculina singular de referência; quando tal oposição não é por morfema flexional (como lui e loro, por exemplo), as formas flexionadas aparecem em verbetes autônomos. As formas flexionadas (nominais ou verbais) incomuns para o leitor moderno (não são incluídas nesta categoria as formas irregulares) apresentam entrada própria com remissão ao lexema a que pertencem (este é o caso da forma fie, 3ª pessoa singular do futuro do indicativo do verbo

essere). Quando a forma do título do verbete não ocorre na EC, esta aparece entre colchetes.

c) Indicação da categoria gramatical

A indicação da categoria gramatical dos vocábulos foi feita em consonância com as possibilidades estabelecidas nos dicionários de referência (Lo Zingarelli e Tommaseo-Bellini). Quando foi possível atribuir, no texto crítico, mais de uma categoria gramatical à mesma palavra, essas categorias foram indicadas após o título do verbete e separadas por vírgula; exceto nos casos de particípios passados, que foram sempre categorizados apenas como verbos.

As categorias gramaticais encontram-se marcadas pelas seguintes abreviaturas: adj. = adjetivo (dem. = demonstrativo, indef. = indefinido, interr. = interrogativo, inv. = invariável,

113 feminino, m. = masculino, sing. = singular, pl. = plural); conj. = conjunção; interj. = interjeição; num. = numeral (card. = cardinal, ord. = ordinal, inv. = invariável); prep. = preposição; pron. = pronome (dem. = demonstrativo, indef. = indefinido, interr. = interrogativo, inv. = invariável, pes. = pessoal, pos. = possessivo, rel. = relativo, f. = feminino,

m. = masculino, sing. = singular, pl. = plural); s. = substantivo (f. = feminino, m. = masculino)

e v. = verbo. Para antropônimos e topônimos, que aparecem em seção separada ao final do glossário, empregam-se as abreviaturas antr. e top., respectivamente.

d) Ordenação das ocorrências no verbete

Para as lexias sem flexão, as formas de um dado vocábulo são apresentadas dentro do verbete de acordo com os seguintes critérios: (i) ordem alfabética, (ii) formas oriundas de separação de elisão antes de formas plenas.

Para nomes com flexão, a ordem das formas no verbete é: (i) masculino antes de feminino, (ii) e singular antes de plural (no caso dos adjetivos, formas sem flexão de grau antes de formas com flexão de grau).

Para verbos, adotou-se a seguinte ordem: infinitivo (inf.), gerúndio (ger.), particípio

passado (part. pas.), presente do indicativo (pres. ind.), imperfeito do indicativo (imper. ind.), passado remoto [it. “passato remoto”] (pas. rem.), futuro do indicativo (fut.), condicional [it.

“condizionale presente”] (cond.), presente do subjuntivo (pres. subj.), imperfeito do

subjuntivo (imper. subj.), imperativo (imp.); sendo as formas verbais de um mesmo tempo

114 e) Indicação de equivalente em língua portuguesa

A(s) acepçõe(s) indicada(s) como equivalente(s) em língua portuguesa foi(foram) estabelecida(s) segundo o(s) possível(is) valore(s) semântico(s) dos vocábulos italianos no

LAIS, tendo em conta as acepções apresentadas nos dicionários Lo Zingarelli e Tommaseo- Bellini, que oportunamente usou a edição do LAIS publicada em 1720 como fonte de

abonações. Quando o valor semântico empregado no LAIS é indicado como arcaico nos referidos dicionários, o equivalente em língua portuguesa foi precedido pelo símbolo †. Buscou-se indicar um vocábulo em língua portuguesa da mesma categoria gramatical do vocábulo italiano. Quando isso não foi possível, o valor semântico do vocábulo italiano foi expresso por meio de uma locução ou por explicações introduzidas por expressões como “ato de...”, “aquele que...” etc.

Locuções adverbiais, conjuntivas, prepositivas e verbais presentes na EC nas quais houve perda de composicionalidade semântica foram mencionadas no fim do verbete ao qual se relacionam (cf., por exemplo, os verbetes “palese”, “pure”, “dinanzi” e “andare”), grafadas em negrito e itálico, e seguidas pelo equivalente em língua portuguesa.

f) Verbetes remissivos

No caso dos verbetes remissivos, após o título do verbete, segue-se uma seta indicando o(s) título(s) do(s) verbete(s) para o(s) qual(is) o consulente deve se dirigir. Quando se trata de inter-relação entre variantes fônicas de um mesmo lexema, usa-se a seta < → >. Já nos casos de inter-relação entre formas flexionadas incomuns para o leitor moderno e o lexema a que pertencem, a remissão é feita por meio da seta < ⇒ >.

111 Sempre que houve diferença entre as quatro primeiras letras da forma de um vocábulo na EC em relação à forma moderna correspondente, inseriu-se um verbete remissivo com a forma do lexema mais próxima àquela presente na EC. Esse critério não foi aplicado, no entanto, nos seguintes casos:

i) quando se tratou de forma verbal moderna flexionada, ainda que irregular; ii) quando a distância resultante da seriação alfabética dos verbetes em inter-

referência foi de até três verbetes;

iii) quando a diferença entre as quatro primeiras letras se devia a situações de redobro de consoante inicial (raddopiamento fonossintatico) na EC (ex.: EC: ·ddifetto > glossário: verbete “difetto”);

iv) quando a diferença entre quatro primeiras letras se devia ao uso na EC de: -bg- por -gg- (ex.: EC: subgetta > glossário: verbete “†soggettare”); ç por z (ex.: EC: çelatore > glossário: verbete “zelatore”);

-ct- por -tt-, -t- ou -z- (ex.: EC: lecto > glossário: verbete “letto”; EC: sancto > glossário: verbete “santo”; EC: actione > glossário: verbete “azione”);

h- incial em vocábulos diferentes das formas flexionadas do presente do indicativo do verbo avere (ex.: EC: huomo > glossário: verbete “uomo”);

k por c ou ch (ex.: EC: kavallo > glossário: verbete “cavallo”; EC: anke > glossário: verbete “anche”);

-mn- por -nn- (ex.: EC: omnipotente > glossário: verbete “onnipotente”);

-nm- por -mm- (ex.: EC: inmonditia > glossário: verbete “immondizia”);

116 ph por f (ex.: EC: propheta > glossário: verbete “profeta”);

-pt- por -tt-, -t- ou -z- (ex.: EC: apto > glossário: verbete “atto2”; EC: temptatione > glossário: verbete “tentazione”; EC: sugeptione > glossário: verbete “sugezione”, com remissão a “soggezione”);

th por t (ex.: EC: thesauro > glossário: verbete “tesoro”); -ti- por -zi- (ex.: EC: gratia > glossário: verbete “grazia”);

-x- por -s- ou -ss- (ex.: EC: exemplo > glossário: verbete “esempio”; EC: laxatione > glossário: verbete “†lassazione”);

y por i (ex.: EC: ynni > glossário: verbete “inno”) 376.

g) Sistema de inter-referência

Nos casos de vocábulos que apresentam relação lexical relevante entre si (lexemas cognatos377, componentes de locuções), emprega-se um sistema de inter-referência por meio da abreviatura “CF.” (= confronte), seguida do(s) título(s) do(s) verbete(s) a eles

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