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Após elaborado o guião de entrevista, orientado de modo a atingir os objetivos do estudo, foi selecionada a amostra, tendo em conta esses mesmos objetivos.

Para que a abordagem seja organizada e metódica em estudos qualitativos, é necessário que a investigação seja clara e as técnicas de recolha de dados junto da amostra sejam viáveis (Flick et al., 2004). Na base da análise deste estudo está uma amostra composta por representantes de oito startups portuguesas, cada uma com diferentes objetivos. A amostra não foi construída aleatoriamente, ou seja, foi selecionada previamente antes da recolha efetiva dos dados (Fulcher & Scott, 2007).

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As entrevistas foram aplicadas a um conjunto de dez indivíduos, que aceitaram fazer parte do estudo tanto presencialmente como por chamada telefónica, tendo sido gravadas e posteriormente transcritas e analisadas oito das dez entrevistas. Apesar de terem sido realizadas dez entrevistas, consideramos que apenas oito dessas entrevistas seriam válidas para este estudo, na medida em que um dos entrevistados é representante de um projeto que ainda não é oficialmente uma startup e ou outro entrevistado é representante de uma empresa com apenas dois trabalhadores, o que não é relevante para o nosso estudo.

Foi nosso propósito assegurar a heterogeneidade da amostra, de forma a podermos encontrar contrastes ou semelhanças entre os motivos que levam estas empresas a adotar, ou não, as políticas de RSE nas suas estratégias de gestão. Por este propósito, contactamos empresas que atuassem em setores de atividade variados, que tivessem também objetivos, práticas de negócio e core business diferenciados. Além disso, procuramos ainda que os próprios representantes das empresas tivessem idade, áreas de formação e cargo diferentes entre si, bem como em termos de género, embora neste caso, a amostra seja constituída apenas por indivíduos do sexo masculino, o que poderá ser indício de uma certa masculinização das startups no Norte do país, ou apenas o reflexo do ainda escasso número de mulheres que, no nosso país, ocupam cargos de gestão de topo.

Oc contacto com os entrevistados foi estabelecido, maioritariamente, por e- mail, através da solicitação de ajuda aos serviços de comunicação da UPTEC - Parque de Tecnologia e Ciência da Universidade do Porto, onde se encontra a maior concentração nacional de startups, que após um primeiro contacto, comunicou o nosso interesse em realizar a entrevista aos representantes das empresas que poderiam colaborar no estudo.. Após terem aceite o convite para participarem neste estudo, o seu contacto foi-nos enviado para procedermos à realização da entrevista. Para além disso, outros contactos foram sugeridos por

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amigos e conhecidos. Assim sendo, a amostra deste estudo caracteriza-se por ser uma amostra não probabilística e foi selecionada por conveniência (Fulcher & Scott, 2007), o que nos permite obter resultados de uma forma mais rápida e com poucos custos, mas, uma vez que os indivíduos não foram selecionados aleatoriamente, nem toda a população tem a mesma hipótese de ser escolhida, não é possível generalizar as conclusões do estudo.

3.1 Análise de Conteúdo

Após a recolha de dados através da realização das entrevistas e respetiva transcrição, de forma a compreender e interpretar melhor as intenções e contexto das afirmações dos entrevistados, procedeu-se a uma análise dos dados recolhidos. A análise de dados deve começar pela organização da informação, seguida de uma divisão dos dados e análise de caraterísticas que se repetem. Desta forma, pretende-se encontrar pontos importantes que ajudem a decidir o que será transmitido aos outros. Assim, foi realizada uma análise do conteúdo do discurso dos entrevistados, com o intuito de observar os resultados e cruzar a sua informação e caraterísticas. Uma vez concluída a entrevista e a sua transcrição, recorreu-se à análise de conteúdo, como forma de codificar, agregar e categorizar (Bardin, 2009) o conteúdo mais relevante para o nosso estudo.

Segundo Amado (2013) a análise de conteúdo é uma técnica flexível, metódica e exigente, que pode ser usada em conjunto com outras técnicas de recolha de dados, que permite diversas orientações analíticas e interpretativas. O objetivo principal desta análise é descrever objetivamente e de forma sistemática os conteúdos de uma mensagem, focando-se no sentido denotativo do discurso

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(Amado, 2013; Bardin, 2009). Este instrumento de análise permite acompanhar o crescimento quantitativo e a variação qualitativa de estudos experimentais que têm como suporte técnicas classificadas sob a descrição genérica da análise de conteúdo (Bardin, 2009). Deste modo, através da análise de conteúdo pretendemos conseguir não só descrever a mensagem, como também interpretá- la.

Uma vez que a análise de conteúdo é também composta por uma dimensão interpretativa, permite a observação e exploração criativas dos factos, especialmente quando em estudo se encontram perspetivas abstratas do mesmo, o que permite ao investigador expor o seu papel como ator e ver a realidade do seu ponto de vista (Amado, 2013). Ou seja, embora a análise de conteúdo tenha por fito a análise objetiva do conteúdo das entrevistas, permite-nos, ao mesmo tempo, fazer uma análise subjetiva dos dados, uma vez que faculta uma avaliação do contexto dos factos proferidos pelos entrevistados.

Assim sendo, realizamos a análise do conteúdo das oito entrevistas. Começamos por analisar o discurso dos entrevistados, no que concerne ao seu conhecimento relativamente ao conceito de RSE, comparando-o com a nossa definição, procurando perceber em que medida é que a representação dos entrevistados sobre o conceito de RSE se afasta ou se aproxima da sua definição académica. Quanto às categorias, de análise, definimos cinco categorias principais para classificar e tratar a informação recolhida: conhecimento sobre o conceito de RSE, motivações para práticas de RSE: (Económicas, Sociais, Ambientais e Éticas, pois para além de serem as dimensões mais abordadas pelos teóricos, como abordamos anteriormente no capítulo 1, são também as categorias que em que o discurso dos entrevistados se enquadra.

A análise de conteúdo exigiu uma leitura aprofundada das respostas dos entrevistados às perguntas feitas através das entrevistas. Através das respostas, as mensagens foram categorizadas de acordo com o conteúdo do discurso dos

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indivíduos, tendo sempre em conta uma base teórica na realização desta análise. Podem consultar-se, no Apêndice III as tabelas de análise de conteúdo das entrevistas realizadas no âmbito deste estudo.

No capítulo seguinte, daremos a conhecer os resultados deste estudo, assim como a análise e discussão dos mesmos.

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Capítulo 3

Análise e Discussão de Resultados

No capítulo anterior fizemos uma caracterização dos métodos utilizados para a realização deste estudo, ou seja, explicámos em que consiste a entrevista e a análise de conteúdo, assim como detalhámos todo o processo metodológico da sua aplicação. Além disso, explicámos ainda como construímos a amostra. Neste capítulo analisamos, discutimos e refletimos criticamente sobre os resultados obtidos através da realização das entrevistas. Os depoimentos reunidos permitiram-nos obter dados para caracterizar a amostra e conhecer as motivações dos entrevistados para a utilização, ou não utilização, das práticas de RSE nas empresas em análise.

Em primeiro lugar, fazemos uma análise do contexto e das motivações apresentadas pelos representantes de cada empresa, de forma a entender se a RSE é uma preocupação nestas empresas e verificar se estas se encontram, ou não, a utilizar práticas de RSE e, em caso afirmativo, de que forma o fazem.

Deste modo, ao longo deste capítulo, fazemos a caracterização da amostra, bem como a análise e a discussão crítica dos resultados que foram obtidos através das oito entrevistas realizadas.

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