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Construção e aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos

1.1 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

1.1.1 Construção e aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Lei tramitou durante 21 anos no Congresso antes de ser aprovada; o Projeto de Lei nº 203, do ano de 1991, tratava sobre o acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e destinação dos resíduos de serviços de saúde. Em junho de 1999 houve uma proposição do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), nº 259, composta por diretrizes técnicas para a Gestão de Resíduos Sólidos. A mesma foi aprovada pelo plenário do conselho, mas não chegou a ser publicada.

No ano de 2001 a Câmara dos Deputados criou e implementou a Comissão Especial da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tinha como objetivo avaliar as matérias contempladas nos projetos de lei anexados ao Projeto de Lei nº 203/91, e também formular uma proposta substitutiva global, mas, com o encerramento da legislatura, a Comissão foi extinta.

Em 2003 foi instituído um Grupo de Trabalho Interministerial de Saneamento Ambiental a fim de promover a integração das ações de saneamento ambiental, no âmbito do governo Federal. O Grupo de Trabalho reestruturou o setor de saneamento e resultou na criação do Programa Resíduos Sólidos Urbanos. Neste ano também foi realizada a I Conferência do Meio Ambiente2.

Além da Conferência do Meio Ambiente, neste mesmo ano também ocorreu a 1a Conferência Nacional das Cidades, que teve como tema “Cidade para todos: construindo uma política democrática e integrada para as cidades”. Dentro desta discussão a conferência abordou a questão do direito ao saneamento básico, que englobaria, entre outros assuntos, a gestão dos resíduos sólidos urbanos, o que

2 A I Conferência do Meio Ambiente foi realizada no ano de 2003, em Brasília-DF, e teve como tema

“Fortalecimento do Sisnama”. Esta conferência foi instituída por meio do Decreto Presidencial de 05 de junho de 2003, ocorre a cada dois anos e tem como finalidade construir um espaço de convergência

garantiria a coleta, tratamento e disposição final adequados. O Ministério das Cidades criou e coordena a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental que também cuida de assuntos relacionados aos resíduos sólidos.

A partir de 2004 o Ministério do Meio Ambiente promoveu discussões interministeriais e de secretarias do ministério para a elaboração de uma proposta para a regulamentação dos resíduos sólidos. Neste ano o Conama realizou um seminário intitulado “Contribuições à Política Nacional de Resíduos Sólidos”, que teve como objetivo ouvir a sociedade e formular uma nova proposta de projeto de lei, pois a proposição da Resolução Conama 259, além de nunca ter sido publicada, estava defasada (BRASIL, MMA, 2013).

No ano de 2005 foi criado um grupo interno na Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, do Ministério do Meio Ambiente, para contribuir com o Seminário Conama e com os anteprojetos de Lei existentes no Congresso Nacional, e colaborar com os diversos atores envolvidos na gestão dos resíduos sólidos. A partir das discussões dentro do Ministério das Cidades e Ministério da Saúde, mediante: a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA); Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; e Ministério da Fazenda, foi encaminhado um anteprojeto de Lei da “Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, MMA, 2013).

Ainda no ano de 2005 foi realizada a II Conferência de Meio Ambiente que tinha como objetivo consolidar a participação da sociedade na formulação de políticas ambientais. Foram realizados seminários regionais de resíduos sólidos, promovidos pelo CONAMA, Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Cidades, FUNASA, Caixa Econômica Federal e debates com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) e, também, com outras entidades e organizações afins. Foi instituída uma nova Comissão Especial na Câmara dos Deputados (BRASIL, MMA, 2013).

No ano de 2006 foi aprovado pela Câmara dos Deputados (deputado Ivo José) um relatório que tratava do Projeto de Lei nº 203/91, que acrescentou a liberação da importação de pneus usados no Brasil.

Em 2007 o texto do Projeto de Lei nº 203/91 é finalizado e enviado à Casa Civil. Foi constituído um Grupo de Trabalho intitulado GTRESID – Grupo de trabalho destinado a examinar o parecer proferido pela Comissão Especial ao Projeto de Lei nº 203, de 1991, que dispõe sobre o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação final dos resíduos de serviços de saúde, com vistas a viabilizar, junto à Casa, a deliberação sobre a matéria. Este grupo avaliou e discutiu emendas do projeto junto à Casa Civil (BRASIL, MMA, 2013).

Audiências públicas começaram a ser realizadas no ano de 2008 com a presença de setores interessados, do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis e de demais membros do Grupo.

No ano de 2009 ocorreu a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental, que colaborou com os avanços na discussão da política nacional, abordando o tema dos resíduos sólidos, através de discussões sobre as relações entre produção e consumo e seus impactos na saúde e no meio ambiente, reunindo para o debate o setor governamental, o privado e a sociedade civil. Como resultado final da Conferência, foram elaboradas diretrizes e ações estratégicas para cada um dos temas discutidos.

Os resíduos sólidos estão presentes em uma diretriz que diz respeito à elaboração, implantação e implementação de uma política pública de resíduos sólidos, local ou regional, que tenha como critério o gerenciamento integrado para: coleta seletiva, destinação adequada, implantação de usina de processamento de resíduos urbanos e rurais, política de combate a acidentes com produtos perigosos, reciclagem, estudo de viabilidade com recuperação dos antigos lixões de modo participativo e com controle social.

Em junho de 2009 uma minuta do Relatório Final da Lei foi apresentada para receber contribuições adicionais e no ano de 2010 o plenário da Câmara dos Deputados aprovou um substitutivo ao Projeto de Lei nº 203/91, do Senado, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e impôs obrigações aos empresários, governos e cidadãos no gerenciamento dos resíduos. O projeto foi encaminhado e

analisado por quatro comissões e aprovado em plenário em julho e, no mês seguinte, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo publicada no Diário Oficial em 03 de agosto; e em 23 de dezembro do mesmo ano é publicado o Decreto nº 7.404 que regulamentou a Lei nº 12.305, criou o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa. No mesmo dia também foi publicado o Decreto nº 7.405, que instituiu o Programa Pró-Catador e denominou o Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis, já criado por um decreto em 11 de setembro de 2003, e dispôs sobre sua organização e funcionamento (BRASIL, MMA, 2013).