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5. Metodologia

5.5 A construção do Corpus

O corpus em latim tem na sua equivalência a palavra corpo, o que reforça uma ideia de conjuntos de elementos. Pode ser referenciado como: uma coleção de textos representativa, ou textos naturais selecionados por uma característica, coleção de materiais, coleção de amostras de textos na modalidade escrita, falada ou intermediária independente do tamanho, enfim muitas são as definições, mas o que se torna essencial é entender como, um princípio de coleta de dados referentes ao processo qualitativo de pesquisa. (SILVA, T.D.L, SILVA, E.M, 2013)

Bauer e Aarts (2002) definem corpus como uma coleção completa de escritos ou coisas parecidas; um conjunto completo de literatura sobre algum assunto ou vários trabalhos da mesma natureza, coletados e organizados, e até mesmo uma coleção finita de materiais, determinada de antemão pelo analista com inevitável arbitrariedade e com a qual ele irá trabalhar.

Em resumo, embora significados mais antigos de "corpo de um texto" impliquem a coleção completa de textos, de acordo com algum tema comum, mais recentemente o sentido acentua a natureza proposital da seleção, e não apenas de textos, mas também de qualquer material com funções simbólicas (Bauer e Aarts 2002, p 45).

Para Paiva Jr., Leão e Mello (2011) a construção do corpus é tanto um critério de confiabilidade quanto de validade, e tem o objetivo de maximizar a variedade de representações desconhecidas. Para tal levantamento o tamanho não se torna tão importante ao construir um corpus, mas quando verificada a saturação dos dados, onde os discursos não constituem contribuições significativas, é recomendado o critério de finalização dessa coleta para construção do corpus.

O corpus foi construído em dois momentos específicos onde, o primeiro buscou documentos produzidos que abordassem a temática escolhida e no segundo momento uma série de entrevistas semi-estruturadas. E em se tratando de entrevista, Gaskell (2002) relata que a entrevista qualitativa é uma metodologia de coleta de dados amplamente empregada como uma técnica ou método para descobrir perspectivas ou pontos de vista sobre os fatos. Já Gil (2008) define entrevista como uma forma de diálogo assimétrico em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. E como uma das técnicas de coleta de dados mais utilizadas no âmbito das ciências sociais, apresenta uma série de vantagens dentre elas:

a) A entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social;

b) A entrevista é uma técnica muito eficiente para obtenção de dados em profundidade acerca do comportamento humano;

c) Os dados obtidos são suscetíveis de classificação e de quantificação; d) Não exige que a pessoa entrevistada saiba ler e escrever;

e) Possibilita a obtenção de maior número de respostas, posto que é mais fácil deixar de responder a um questionário do que negar-se a ser entrevistado;

f) Oferece flexibilidade muito maior, posto que o entrevistador pode esclarecer o significado das perguntas e adaptar-se mais facilmente às pessoas e às circunstâncias em que se desenvolve a entrevista;

g) Possibilita captar a expressão corporal do entrevistado, bem como a tonalidade de voz e ênfase nas respostas.

E apesar das inúmeras vantagens a entrevista também apresenta desvantagens e limitações que intervêm em sua qualidade, mas que podem ser contornadas com um bom planejamento e atenção dos entrevistadores.

Para concretizar então a pesquisa foi levantado no primeiro momento um corpus com as informações referentes à tragédia: reportagens, vídeos, entrevistas, artigos e notícias, enfim as informações mais relevantes que retrataram o acontecimento, a reconstrução e os diferentes caminhos decorrentes dessa nova urbanidade, sempre buscando o maior número possível de representações. Em um segundo momento uma série de entrevistas semi-estruturadas com os principais atores envolvidos na reconstrução da cidade, ora estabelecidos pelo: Prefeito do Município dos Palmares, João Bezerra, Secretário de Desenvolvimento Econômico do

Município dos Palmares, Jazon Lins, Defesa Civil, Alisson Calixto, Associação Comercial dos Palmares-ACP, Agenor Gomes, Câmara de Dirigentes Lojistas-CDL, Wilson Monteiro, Presidente da Associação dos Sulanqueiros dos Palmares, Maria Cirilo, Presidente do Bairro São Sebastião, Adeílda Teixeira e SEBRAE, Paulo Magalhães. Além dos discursos do atual Governador Paulo Câmara, e do ex-governador Eduardo Campos, estes gravados e transcritos para o corpus.

A escolha destes atores para compor o corpus através das entrevistas foi baseada em suas funções ou atuações e envolvimento nos principais setores da reconstrução da cidade, o poder executivo, o setor econômico, as entidades comerciais, os representantes do setor informal e do bairro mais atingido pelas enchentes. As entidades não governamentais, como igrejas, ONGs, Rotary e Lions entre outras, que entrariam nesta modalidade inicialmente, foram descartadas por representar o envolvimento direto apenas na resposta, mas não ter responsabilidade ou atuação nenhuma na reconstrução da cidade o que impossibilitaria ou traria imperfeições ao processo de significação da resiliência buscado por esta pesquisa.

O que ao fim das escolhas acima resultou em um corpus de 168 elementos textuais para análise, com a seguinte configuração: 11 entrevistas, 127 textos, 30 vídeos, todos transcritos e agrupados dentro do corpus com a organização determinada pelas pastas e subpastas: Textos (Reconstrução, Outros e Tragédia), vídeos (conflitos, Descaso e Reconstrução) e Entrevistas. Estabelecendo assim a construção do corpus da pesquisa.

Para tal, a análise dos dados utilizou o Software NVivo para codificação das informações e apresentações dos resultados. O que não é novo, já que em 1980 o cenário acadêmico apresentava o apoio de softwares para análise de dados em pesquisas qualitativas, e desde então tem-se utilizado dessas ferramentas especialmente nas pesquisas sociais. O NVivo é um dos softwares mais utilizados no ambiente acadêmico brasileiro (LAGE, 2011) e portanto uma ferramenta fundamental para organizar e analisar as informações provenientes dos discursos.

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