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FERREIRA, Angela

Estudante do curso de Antropologia e Diversidade Cultural, bolsista (IC-FA) - ILAACH – UNILA; E-mail:angela.ferreira@aluno.unila.edu.br;

RODRIGUES TAVARES DE FREITAS, Lorena

Docente/pesquisador do curso de Antropologia e Diversidade Cultural – ILAACH – UNILA. E-mail: lorena.freitas@unila.edu.br.

1 INTRODUÇÃO

Nosso projeto de pesquisa busca compreender a construção da identidade de gênero de Travestis e Transsexuais morador@s da cidade de Foz do Iguaçu-PR, cidade que forma uma das tríplices fronteiras brasileira juntamente com Paraguai e Argentina. O cerne de nosso trabalho está em entender como estes sujeitos codificam os valores que constroem suas identidades, e como a forte influência do discurso que constrói a identidade cisgênero (gênero biológico/binário, homem/pênis-mulher/vagina), vista como a única maneira legítima e “normal” de construção da identidade, afeta seus discursos na defesa do direito à livre expressão das identidades sexuais e de gênero e do respeito às diferenças, levando-se em conta aspectos como sexo, gênero, raça e classe.

Utilizando conceitos científicos e as percepções dos próprios sujeitos entrevistados, buscamos entender como se dá a construção de suas identidades de gênero, os dilemas e conflitos que estes enfrentam na construção de sua subjetividade, seus afetos e emoções. A relevância política dessa pesquisa se dá a partir do momento em que a voz dada aos sujeitos implicados no processo é ouvida, favorecendo a construção de um discurso que ressignifique positivamente os preconceitos contra pessoas travestis e transsexuais, o que em grande medida é fundado no desconhecimento e na não familiaridade das suas visões de mundo e forma de vida,

possibilitando a conquista do respeito atitudinal, do reconhecimento social e dos direitos à cidadania como categoria política.

2 METODOLOGIA

A técnica de coleta de dados que usamos na pesquisa é a entrevista semiestruturada, que permite ao pesquisador investigar aspectos valorativos e afetivos das entrevistadas, possibilitando maior elasticidade na duração da entrevista e maior abertura e espontaneidade na interação entre entrevistador/a, e entrevistada, além de que a combinação entre perguntas abertas e fechadas possibilita um maior direcionamento e um aprofundamento do tema da pesquisa. A entrevista semiestruturada é capaz de dar voz às entrevistadas, pois privilegia a subjetividade, ou seja, as representações e os significados que essas atribuem a si mesmas, ao mundo ao seu redor e aos acontecimentos que relatam como fazendo parte da sua história (FREITAS, 2013, p.14ss)

A escolha das entrevistadas foram articuladas a partir de indicação de pessoas conhecidas da orientadora do projeto e da bolsista. Embora fora do círculo de convívio íntimo destas, trabalhamos ao longo do período da pesquisa uma aproximação que gerasse empatia, devido a proximidade social e a familiaridade garantirem a redução da violência simbólica exercida pela pesquisadora no momento da entrevista.

A bolsista/pesquisadora se instrumentalizou na área de foto/filmagem matriculando- se ao longo dos semestres 2015.2, 2016.1-2 e 2017.1 em dez disciplinas junto ao curso de cinema da UNILA-Universidade federal Latino-americana, o que possibilitou que as entrevistas fossem realizadas de forma foto-documental com a permissão das entrevistadas. Para execução das entrevistas estamos utilizando uma câmera um gravador de som com os quais a bolsista/pesquisadora está registrando e documentando seus relatos.

Os primeiros passos de nossa pesquisa foram o de conhecer os argumentos históricos que qualificam e categorizam as transsexualidades e travestilidade, nas esferas sociais que os rodeiam. Até o final do século XVIII, três códigos explícitos regiam as práticas sexuais: o direito canônico, a pastoral cristã, e a lei civil, deste período até o nosso, o conteúdo desses códigos carregam estigmas que vão da “loucura moral” ao “desequilíbrio psíquico” (FOUCAULT, 1985, pp.38). A medicalização e a patologização ganham papel de centro e lugar onde as explicações sobre transsexualidade vão sendo construídas e aceitas como oficiais (BENTO, 2008, pp.18ss).

Até a década de 1960 havia uma preocupação em conceituar as transsexulidades. A partir dos anos de 1970 a “cultura homossexual”, onde a travesti e o transsexual estão inscritos, passam a ser pesquisadas pelas ciências sociais, e o interesse em saber como essas pessoas vivem passa a ser o foco das pesquisas (POLLAK, 1985, pp.58). Recentemente esse estudo se ampliou devido às novas formas de sexualidades. Nesse cenário a transsexual e a travesti, assim como qualquer outro ser humano numa luta política, busca o amor, o direito e a eticidade, travando uma luta por reconhecimento (HONNETH, 2003, pp.121) que se intersecciona no sexo, no gênero, na classe e na raça.

4 RESULTADOS

A proposta de uma pesquisa que nos desse uma ideia mais clara sobre como a transexualidade e travestilidade se ressignificou ao longo da história principalmente à partir do século XVIII nos remeteu a um interesse maior sobre as realidades distintas da atualidade. A organização desse embasamento teórico nos ajudaram nas leituras posteriores quanto a continuidade de nossa pesquisa, permitindo um diálogo com a realidade atual por meio da análise das entrevistas que estão em andamento.

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, não nos atemos a testar hipóteses ou definir a amplitude ou quantidade dos fenômenos. O que nos orientou para a construção de nossa pesquisa foi o fornecimento de elementos que nos levasse a compreender melhor as questões em torno da construção da identidade de gênero das transsexuais e travestis da cidade de Foz do Iguaçu-PR.

5 CONCLUSÕES

Nossa proposta não é esgotar o assunto, mas reunir informações que contribuam na expansão do interesse pelo tema abrindo um leque de possibilidades para pesquisas mais amplas, superando limites que permitam-nos alcançar um entendimento mais aproximado das questões e conflitos, afetos e emoções que envolvem a travestilidade e a transexualidade nesta região de fronteira.

Apontar as mudanças sociais que ressignificam e deslocam os centros teóricos que discutem essas sexualidades nos torna, com certeza, mais esclarecidos acerca do tema. A riqueza e a diversidade da realidade encontrada no campo de pesquisa pela bolsista/pesquisadora vai além das margens que a pesquisa tem alcançado, mostrando- se um campo rico e atípico para realização de futuras pesquisas.

6 PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENTO, Berenice. A experiência transexual no hospital In: Encuentro Regional de

Salud, Sexualidad y diversidad, 2005, Lima. Encuentro Regional de Salud, Sexualidad y

diversidad, 2005.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. v. 1. A vontade de saber. In: História da

sexualidade. v. 1. A vontade de saber. 1985. p. 152-152.

FREITAS, Lorena Rodrigues Tavares de Freitas. Identidade Sexual de mulheres que se relacionam com mulheres em Ilhéus e Itabuna - BA. Campos dos Goytacazes, RJ, 2013. HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: A gramática moral dos conflitos sociais.

Trad. Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34, 2003.

POLLAK, Michel. A homossexualidade masculina, ou: a felicidade do gueto?. In:ARIÈS, Philippe; BÉJIN, André. Sexualidades Ocidentais: contribuições para a

ACTORES​ ​ESTRATÉGICOS​ ​Y​ ​DESARROLLO:​ ​EL​ ​CASO

BRASILEÑO.

Maello,​ ​Marcus​ ​Vinícius

Estudante​ ​do​ ​Curso​ ​de​ ​Ciência​ ​Política​ ​e​ ​Sociologia​ ​-​ ​Sociedade,​ ​Estado​ ​e​ ​Política na​ ​América​ ​Latina,​ ​bolsista​ ​IC-UNILA​ ​-​ ​ILAESP​ ​-​ ​UNILA; E-mail:​ ​​marcus.maello@aluno.unila.edu.br

Gaitán,​ ​Flavio​ ​Alfredo

Docente/pesquisador​ ​do​ ​curso​ ​de​ ​Ciência​ ​Política​ ​e​ ​Sociologia​ ​-​ ​Sociedade,​ ​Estado e​ ​Política​ ​na​ ​América​ ​Latina​ ​-​ ​ILAESP​ ​-​ ​UNILA. E-mail:​ ​​flavio.gaitan@unila.edu.br

1​ ​INTRODUÇÃO

Os estudos abordados nesta pesquisa resultam do objetivo de analisar atores estratégicos que possuem ligação com a implementação de um projeto de desenvolvimento socioeconômico, em específico, no Brasil. A investigação foi baseada em uma análise qualitativa, buscando verificar em que medida a formação de coalizões entre determinados atores é eficaz para aplicar políticas públicas sustentáveis, de médio e longo prazo, dando forma a uma agenda nacional de desenvolvimento.

Para isso, é importante entender algumas características, tais como: quais são os atores estratégicos brasileiros, como funciona a dinâmica de desenvolvimento no atual modo de produção capitalista e qual o papel destes atores estratégicos na consolidação de uma proposta de desenvolvimento. O estudo baseou-se na premissa de que a relação entre o nível de ideias e certas decisões políticas não seguem uma lógica predeterminada, mas processos independentes que podem ou não convergir entre si. Nesse sentido, é de total relevância esta pesquisa, pois estas condições necessitam de análises específicas para serem compreendidas.

2​ ​METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesta pesquisa baseou-se na coleta de informações a partir dos grandes meios de informação brasileiros (Folha de São Paulo, Valor e Estado de São Paulo) que veiculavam notícias sobre os atores estratégicos: Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Confederacao da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Também foi analisado as notícias que eram veiculadas pelos sites dos próprios​ ​atores​ ​estratégicos​ ​anteriormente​ ​mencionado.

Com esses materiais, analisou-se qualitativamente o conteúdo dessas notícias, caracterizando-se como uma análise de discurso, com o auxílio da literatura específica para compreender a dinâmica desses atores estratégicos. Para isso, foi necessário entender quais eram os atores estratégicos que estavam prol do governo atual, no caso do presidente Michel Temer, e quais os que eram contra as suas políticas públicas. Ao final, ao entender como se configurava essas coalizões, foi feita mais algumas análises qualitativas para compreender o porquê dessas caracteristicas​ ​estarem​ ​conformadas​ ​da​ ​maneira​ ​observada.

3​ ​FUNDAMENTAÇÃO​ ​TEÓRICA

A partir da construção do pensamento estruturalista e o estabelecimento de experiências nacionais que defendiam o viés da industrialização e da preservação do mercado interno, o Estado acabou ocupando um papel de ator estratégico, no qual geraria as condições institucionais para o desenvolvimento, com a finalidade de exceder tendências que tinham características próprias de um contexto periférico. “Significava que o Estado devia ocupar um papel-chave, não apenas regulando o mercado, mas atuando também na órbita da produção de bens e oferta de serviços” (Boschi;​ ​Gaitán,​ ​2015).

É a partir deste viés teórico que esta pesquisa se guiou. Foram utilizados os artigos de André Singer e Armando Boito Jr. para compreender as classes de análise, resultado do levantamento da postura das associações do empresariado e o artigo de Flavio Gaitán e Renato Boschi com o intuito de conceber o papel das

coalizões de governo na elaboração de um projeto de desenvolvimento socioeconômico.

4​ ​RESULTADOS

Ao analisar os atores estratégicos, foi-se possível obter algumas considerações. ​A CNI demonstrou estar contente com as políticas econômicas, reformistas e conservadoras do governo de Michel Temer. Em um artigo da própria confederação é perceptível este contentamento. ​Da mesma maneira que a CNI, as declarações do Presidente da FIESP, Paulo Skaf, mostram um contentamento com as​ ​reformas​ ​do​ ​governo​ ​de​ ​Temer.​ ​​

Diferente da CNI e da FIESP, a CNA se manteve mais contida nas suas declarações. A FEBRABAN também demonstrou contentamento com as medidas do governo, principalmente com as do Banco Central. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) , ​de todos os atores analisados, é o único que se opõe às medidas do governos, convocando atos pela defesa dos direitos dos trabalhadores. Vale ressaltar que a coleta de informações foram feitas entre dezembro de 2016 a março​ ​de​ ​2017.

5​ ​CONCLUSÕES

Ao analisar as posturas estabelecidas pelos atores estratégicos desta pesquisa, foi-se possível perceber que alguns destes atores estavam satisfeitos com as reformas do governo Temer, pois favoreceria aos grupos dos empresários brasileiros, ao passo que estas reformas estariam prejudicando a classe trabalhadora e, consequentemente, os grupos ligados aos sindicatos, por exemplo, se​ ​colocaram​ ​totalmente​ ​contra​ ​essas​ ​medidas.

Isso nos faz concluir que a dinâmica de coalizões estabelecida pelo governo Temer estava em consonância com a classe empresarial brasileira, visando à um desenvolvimento aos moldes neoliberais. Essa dinâmica fez os atores estratégicos ligados à classe trabalhadora entrar em embates com o governo, tornando o Estado um espaço instável, com projetos de desenvolvimento específicos: favorecer a elite brasileira.

6​ ​PRINCIPAIS​ ​REFERÊNCIAS​ ​BIBLIOGRÁFICAS

BOSCHI, Renato; GAITÁN, Flavio. ​Estado, Atores Predominantes e Coalizões para o Desenvolvimento: Brasil e Argentina em Perspectiva Comparada. ​2098

Texto para Discussão. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA. Brasília, 2015.

SINGER, André. ​Cutucando onças com varas curtas: ​O ensaio

desenvolvimentista no primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014). Novos Estudos.​ ​CEBRAP,​ ​2015.

BOITO Jr, Armando. ​As bases políticas neodesenvolvimentismo. ​Fórum Econômico​ ​da​ ​FGV.​ ​São​ ​Paulo,​ ​2015.

O SETOR DE RESSEGUROS E OS CÍRCULOS DE COOPERAÇÃO

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