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Mapa 09 – Atlas do Patrimônio

3. METODOLOGIA: HISTÓRIA ORAL E ABORDAGEM TERRITORIALISTA

3.1. HISTÓRIA ORAL

3.1.1. Construção da rede de entrevistas

A partir do estudo da perspectiva da História Oral, a aplicação da metodologia inicia- se com o desenvolvimento dos critérios para a escolha dos entrevistados. Na presente dissertação são selecionados três parâmetros de escolha:

 Morar na comunidade rural do Tirol;

 Ser descendente de imigrantes tiroleses;

 Ter acima de 65 anos.

Para a formação da rede de entrevistas, é estabelecido o contato com o docente de Geografia, Geraldo Thomas. O professor nasce na comunidade em 1967, estuda Geografia na Universidade Federal do Espírito Santo e atualmente doutrina na rede pública de ensino do município de Santa Leopoldina. Até o ano de 2015, leciona alemão na comunidade e tem grande participação na região durante as décadas de 1990 e 2000. Geraldo é filho, do falecido, Camilo Thomas, importante articulador da comunidade na década de 1980 e principal vínculo local com o governo austríaco para a arrecadação de investimentos na região. O professor é denominado como ponto zero41 da rede de entrevistas.

A rede de entrevistas preliminar conta originalmente com oito pessoas que atendem a todos os pré-requisitos, infelizmente o entrevistado Bernadino veio a óbito antes da realização da entrevista. Delgado (2006) cita a importância de iniciar as entrevistas com os depoentes mais idosos ou doentes. Observa-se um acréscimo na rede (Diagrama 04), sua ampliação dá-se com a indicação de outros membros da comunidade pelos próprios entrevistados. Os depoentes Floriano Thomas, Olga Thomas e Luzia Schultz citam Oscar Endringer, Cassilda Flegler e a família Siller, como membros importantes do povoado.

Contudo, o contato aos membros supracitados não é possível, desse modo, pretende- se para trabalhos futuros a ampliação da rede de entrevistados. É necessário apontar que apesar da entrevistada Olga Thomas não morar mais na comunidade, desde do ano de 2015, sua participação é considerada por sua ativa atuação na vida da

41 Termo cunhado por Meihy apud Correr (2014, p.32). Definição do sujeito que conheça a história do grupo, ou quem se deseja fazer a primeira entrevista.

comunidade durante toda vida, sendo seus relatos importantes para alcançar os objetivos propostos.

Diagrama 04 - Rede de entrevistas

Fonte: Amorim, 2018

Após estabelecida a rede de entrevistados, o trabalho segue as etapas, acima mencionadas, e com auxílio da obra “História oral: possibilidade e procedimentos”, da Profª. Dr.ª em História Social Sônia Maria de Freitas, é elaborado um roteiro de perguntas a serem empreendido com os selecionados. Busca-se uma organização e planejamento nas entrevistas realizadas por meio do questionário que está divido em três partes: perfil do entrevistado, trajetória do imigrante e identidade (Anexo II). Todas as entrevistas são realizadas pela autora, com auxílio de um gravador, uma câmera digital e um caderno de campo. Os encontros são todos realizados na casa dos entrevistos, com exceção do entrevistado Floriano Thomas, cuja entrevista é realizada em uma mercearia nas proximidades de sua residência.

Nenhum dos entrevistados demonstrou resistência para a realização da entrevista. Alguns foram extremante gentis, agradeciam a visita e sempre oferecem café e biscoitos. Outros buscam fotos da família e certidões de nascimento para auxiliar no processo de resgate da memória. Os dados dos entrevistados são organizados em um quadro de maneira a simplificar e organizar o material. São sistematizados em tabelas simplificadas as principais informações dos entrevistados: nome, sobrenome, idade, escolaridade, profissão, religião nome do cônjuge, estado civil, número de filhos e local da atual residência.

Geraldo Thomas

José

Schaeffer Luciano Le Paus Armindo Flegler SchultzHerny Família Siller Floriano Thomas Oscar Endringer Martin

Gröner ThomasOlga Cassilda

Flegler

Bernardino

Quadro 01 - Informações dos entrevistados

Nome/Apelido Sobrenome Idade Escolaridade Profissão Religião

01 Floriano Luís Thomas 70 incompleto 1º grau Lavrador Católico 02 José Schaeffer 64 5º série + supletivo Lavrador Católico 03 Armindo Flegler 78 incompleto 1º grau Lavrador Católico/ luterano 04 Martin Gröner 79 incompleto 1º grau Lavrador/ Ferreiro Luterano

05 Luciano Le Paus 68 Não estudou Lavrador Católico

06 Olga Thomas 70 incompleto 1º grau Lavradora Católica 07 Herny Schultz 63 incompleto 1º grau Lavrador Luterano 08 Geraldo Thomas 49 Completo Superior Professor Católico Fonte: Amorim, 2018

Quadro 02 - Informações complementares dos entrevistados

Nome/Apelido Nome do cônjuge Estado Civil filhos residência Local

01 Floriano Angela Maria Endringer Casado 03 Comunidade do Tirol 02 José Maria Lourdes Schaeffer Casado 04 Comunidade do Tirol 03 Armindo Adelia Lichtenheld Flegler Casado 03 Comunidade do Tirol 04 Martin Lichtenheld Gröner Harminda Casado 06 Comunidade do Tirol

05 Luciano Maria Santana Viúvo 09 Comunidade do Tirol

06 Olga Camilo Thomas Viúva 03 Leopoldina Santa

07 Herny Luzia Schultz Casado 04 Comunidade do Tirol

08 Geraldo Edinete Facco Casado 02 Leopoldina Santa

Fonte: Amorim, 2016

Todos os entrevistados apresentam entre si alguma relação de parentesco, o que demonstra que além de vizinhos de propriedade, os laços entre as pessoas da comunidade também são construídos por casamento nos dias atuais. Olga Thomas é cunhada de Floriano Thomas. O filho mais novo de Olga Thomas, Valério Thomas casou com a filha mais nova de Luciano Le Paus. A neta de Luciano Le Paus casou no ano de 2015 com o filho mais novo de Herny Schultz. A esposa do entrevistado Martin Gröner é irmã da esposa do também entrevistado Armindo Flegler.

O perfil dos entrevistados é semelhante na amostra pesquisada, dados como a escolaridade, o número de filhos e a profissão são próximos. Todos os depoentes são lavradores, e se mantém ativos até hoje, para eles o trabalho inicia na infância e permanece na velhice. A religião é predominantemente católica, os depoentes da religião luterana afirmam frequentar a igreja e as festividades católica. Armindo

Flegler, por exemplo, afirma ser luterano e frequentador da igreja católica, contribuindo com o dizimo católico. No que tange a escolaridade, predomina o primeiro grau incompleto, o único entrevistado que finalizou os estudo é José Schaeffer.

A não permanecia das gerações posteriores, filhos e netos, é semelhante em todos os casos, quando permanecem no Tirol é, somente, um filho com seu cônjuge e sua filiação e moram sempre nas proximidades dos genitores. Observa-se a saída da primeira geração de descendentes no início da década de 1980 e a fixação dessas novas gerações nas áreas urbanas. Os filhos dos depoentes exercem outras profissões como cabeleira, professor, enfermeiros, vendedores, entre outros e não sabem falar o dialeto alemão, pois segundo os depoentes, na infância os mesmo conversavam com os filhos somente em português.

Figura 09 - Floriano Luís Thomas Figura 10 - Casa de Floriano Luís Thomas

Fonte: Acervo da autora, 2016 Fonte: Acervo da autora, 2016 Figura 11 - José Schaeffer Figura 12 - Casa de José Schaeffer

Figura 13 - Armindo Flegler Figura 14 - Casa de Armindo Flegler

Fonte: Acervo da autora, 2016 Fonte: Acervo da autora, 2016 Figura 15 - Martin Gröner Figura 16 - Casa de Martin Gröner

Fonte: Acervo da autora, 2016 Fonte: Acervo da autora, 2016

Figura 17 - Luciano Le Paus Figura 18 - Casa de Luciano Le Paus

Figura 19 - Herny Schultz Figura 20 - Casa de Herny Schultz

Fonte: Acervo da autora, 2016 Fonte: Acervo da autora, 2016

3.1.2 Método e elaboração do roteiro de entrevistas e aproximação aos depoentes