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Construção do mapa cognitivo

No documento Aplicação do método (páginas 100-107)

CAPÍTULO 4 – DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES DOS MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

3. A TIVIDADES DO C ICLO DE E STRUTURAÇÃO E R ESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DE DECISÃO 72

3.2 Estruturação dos problemas

3.2.1 Construção do mapa cognitivo

A construção do mapa cognitivo foi precedida de uma formação sobre o tema “mapas cognitivos” que ministrei, na qualidade de facilitadora do processo, a todos os decisores envolvidos no problema de decisão selecionado. O conteúdo desta formação foi resumido e adaptado de Wisintainer (1999) e encontra-se disponível no Apêndice IV.

Construí, juntamente com os decisores envolvidos no problema de decisão selecionado, o mapa cognitivo dos respectivos problemas das Organizações que representavam. Na construção do MC utilizamos como ferramenta de apoio o sistema

Decision Explorer (Banxia, 2008). Neste estudo, os mapas descreveram as relações causais ou de influência, segundo sugerido por Eden (1988).

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Ressalta-se que neste estudo foram desenvolvidos:

- Na primeira intervenção, um mapa cognitivo individual;

- Na segunda intervenção: um único mapa cognitivo de grupo, em cuja construção foi utilizada a técnica de Brainstorming1, desenvolvida por Osborn (1965) para a definição dos conceitos do mapa;

- Na terceira intervenção: mapas cognitivos de cada decisor, posteriormente agregados e congregados segundo técnica apresentada por Ensslin et al. (2001), detalhada adiante no relato desta investigação (Capítulo 7).

A utilização de diferentes técnicas de construção de mapas cognitivos de grupo, especificamente na segunda e terceira intervenção, tiveram como objetivo averiguar na prática as diferenças entre as mesmas, suas vantagens e desvantagens e levar a investigadora a uma conclusão acerca de qual a técnica indicaria para utilização no Modelo de Implementação do apoio à decisão em grupo com o uso do sistema VIP Analysis. Tais conclusões são apresentadas no Capítulo 9.

A partir da segunda intervenção, retificando o plano de atividades em relação à primeira, apliquei dinâmicas para despertar o pensamento lateral2 entre os decisores,

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Técnica de Brainstorming ou "tempestade de ideias": Método para desenvolver soluções criativas para um problema. Esta atividade consiste na concentração sobre um problema e no deixar surgir tantas soluções e ideias quantas forem possíveis.

2 À mudança de perspectiva e de procura de enfoques não usuais, De Bono (1995) chama de pensamento lateral (Lateral Thinking). O pensamento lateral pode ser definido como uma heurística para solução de

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facilitando assim o processo criativo de definição dos conceitos do MC. Exemplos destas dinâmicas são apresentados adiante, no relato da segunda intervenção (Capítulo 6).

Para o processo de elaboração do MC em grupo, desenvolvi também um formulário para avaliar a presença de sintomas de pensamento de grupo3 que poderiam prejudicar a efetividade e a qualidade do processo de elaboração desta ferramenta. Este documento está disponível no Apêndice X.

De modo geral, a construção do mapa cognitivo do problema de decisão selecionado seguiu os seguintes passos (Montibeller Neto, 1996; Bana e Costa, 1992):

Passo 1 – Definição de um rótulo para o problema.

Identificação do problema de escolha/seleção a ser estudado. Exemplo: Selecionar microcomputadores para aquisição;

Passo 2 – Definição dos Elementos Primários de Avaliação (EPAs)

EPAs são ideias iniciais que os decisores têm sobre possíveis critérios de seleção de alternativas. Exemplo: menor preço, garantia, assistência técnica, etc. O processo de

problemas, em que se tenta olhar o problema de vários ângulos, ao invés de atacá-lo de frente. É o uso de um processo não linear de raciocínio, para testar suposições, mudar perspectivas e gerar novas ideias.

3 Segundo a teoria de pensamento de grupo, os membros de um grupo tomam decisões apressadas em virtude de forte desejo de concordância, no intuito de preservar a coesão grupal (Janis, 1972; 1982).

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definição dos EPAs neste trabalho foi, a partir da segunda intervenção, precedido de dinâmicas para despertar a criatividade, tais como as apresentadas no Capítulo 6;

Passo 3 – Construção de conceitos a partir dos EPAs.

Os conceitos são frases que denotam critérios no melhor desempenho desejado e iniciam-se com um verbo no infinitivo, de forma que o mapa cognitivo resultante seja orientado para a ação. Exemplo: ter preços baixos, ter garantia permanente, ter assistência técnica imediata. Segundo Ackerman et al. (1995) os conceitos devem ser resumidos (máximo 12 palavras) e utilizarem a linguagem própria do decisor, porém adaptadas para indicar ação ou orientação para a resolução do problema.

Passo 4 – Identificação dos opostos psicológicos de cada conceito.

Baseado na Teoria dos Constructos Pessoais de Kelly (1955), Colin Eden desenvolveu uma metodologia de representação das situações de decisão através de mapas cognitivos, que utiliza o modelo bipolar, em que cada conceito, para ter sentido, deve vir acompanhado de seu contraste psicológico (Eden, Jones, e Sims, 1983).

Neste estudo, foi utilizado o modelo bipolar. Ressalta-se que o pólo contrastante, ou oposto psicológico difere do oposto lógico, pois nem sempre é o contrário lógico do conceito, mas apenas a alternativa que o decisor considera aceitável quando não há a possibilidade de obter de imediato a ação mencionada no primeiro pólo.

Exemplo de opostos psicológicos: Aumentar o volume de vendas… Manter o volume de vendas atual.

Nesta metodologia, os três pontos existentes entre o conceito e seu oposto psicológico significam “ao invés de”.

Observe que, neste caso, o oposto lógico de “aumentar o volume de vendas” seria “diminuir o volume de vendas”.

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Passo 5 – Determinar a Hierarquia entre os conceitos (ou pontos-de-vista: PVs) e construir o mapa cognitivo

Os conceitos do mapa cognitivo podem ser classificados em conceitos-meio e conceitos-fim, que se relacionam através de ligações de influência, simbolizadas por setas indicativas de causalidade.

Os conceitos-fim são os objetivos finais dos decisores. Os conceitos-meio, por sua vez, são os passos necessários para se alcançar os conceitos-fim. No mapa cognitivo, os conceitos-fim são as respostas dos decisores acerca do porquê um determinado conceito é importante, enquanto os conceitos-meio são as respostas dos decisores sobre como se alcançar o conceito-fim.

No exemplo de um problema de seleção de microcomputadores para aquisição, resumido e adaptado de Wisintainer (1999), um conceito-meio seria “Ter padrões globais … Ter padrões parciais”.

No caso, o investigador perguntaria ao decisor: “Por que é importante ter padrões globais?” E a resposta seria: “Para ter qualidade”. Ou seja, “Ter qualidade…Não ter qualidade” seria um conceito-fim.

O decisor pode também ser indagado: “Como se obtém padrões globais?”. Uma das respostas dos decisores poderia ser “Através de homologações Microsoft”. Ou seja, “Ser homologado pela Microsoft…Não ser homologado pela Microsoft” seria um conceito-meio.

Ao fazer as perguntas sobre cada conceito e obter as respectivas respostas, o facilitador efetuará a ligação entre os pontos de vista através das setas de causalidade. Estas setas serão acompanhadas por um dos seguintes sinais:

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Sinal positivo (+) ou inexistência de sinal: Significa que o ponto de vista do qual parte a seta (conceito-meio) influencia diretamente o ponto de vista de chegada (conceito-fim). No exemplo já mencionado “Ter alta velocidade de processamento (conceito-meio)” implica “Ter bom desempenho (conceito-fim)”. Neste caso a seta entre estes dois conceitos teria o sinal positivo (ver Figura 2);

Sinal negativo (-): Significa que o ponto de vista do qual parte a seta (conceito-meio) influencia inversamente o ponto de vista de chegada (conceito-fim), ou seja, influencia o seu oposto psicológico. No exemplo mencionado “Ter alta velocidade de processamento (conceito-meio)” implica o oposto psicológico de “Ter baixo preço de aquisição”, ou seja, “Ter alto preço de aquisição”. Neste caso a seta entre estes dois conceitos seria teria o sinal negativo (ver Figura 2 do Capítulo 4);

Sinal de Interrogação (?): Significa que o decisor desconhece a influência de um conceito sobre outro.

Após feita a ligação de influência entre todos os conceitos, o mapa cognitivo do problema de decisão exemplificado, “Selecionar microcomputadores para aquisição”, seria como apresentado na Figura 2, feita com base em Wisintainer (1999).

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Figura 3 – Mapa cognitivo do problema “Selecionar microcomputadores para aquisição”

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