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2.9 MAPAS COGNITIVOS

2.9.3 Construção do Mapa Cognitivo

Para a construção do mapa cognitivo é necessário que se sigam algumas etapas, segundo Ensslin et al. (2001); Montibeller (1996; 2000) e Ensslin e Montibeller (1998):

86 2.9.3.1 Definição do Rótulo para o Problema

O primeiro passo para a construção do mapa cognitivo é dado quando o facilitador pede ao decisor que defina um rótulo para o problema em questão. O rótulo tem a função de delimitar o contexto decisório, de tal forma que mantenha o foco nos aspectos mais relevantes, envolvidos para a resolução do problema. O facilitador busca escutar um relato dos decisores sobre o problema, sem interferir no que eles dizem, pois isso poderia direcionar o rótulo (EDEN e SIMS, 1979 apud ENSSLIN et al., 2001).

2.9.3.2 Definição dos Elementos Primários de Avaliação – EPAs

Os EPAs, segundo Bana e Costa (1992), são constituídos de objetivos, metas, valores, ações, opções e alternativas, oriundos da percepção dos decisores do processo, servindo como base para a construção dos mapas cognitivos.

Segundo Eden et al. (1983), a maneira ideal para que o facilitador comece a trabalhar com um problema é ter uma postura empática com o objetivo de entender o problema como os decisores o veem. No entanto, muitas vezes podem ocorrer dificuldades neste processo de aprendizagem. Em determinadas situações, os decisores podem achar difícil articular seus pensamentos de modo ordenado, de forma que outra pessoa possa aprender sobre o assunto somente ouvindo-os.

No entanto, Eden et al. (1983) apresentam algumas técnicas para auxiliar os atores a se expressarem sobre um determinado assunto de

87 interesse, tais como: o processo de "divagação", uma técnica que pode parecer bastante óbvia, mas que é bastante útil na obtenção das informações relevantes, é deixar que os decisores falem livremente sobre o problema. Dando tempo e liberdade para uma pessoa divagar sobre determinado assunto é possível obter uma quantidade muito grande de informações sobre a questão, e aspectos que podem parecer completamente não relacionados com o foco inicial poderão se tornar essenciais mais adiante no processo.

As entrevistas também são técnicas clássicas de se obterem informações. Não se recomendam, no entanto, entrevistas rígidas com uma sequência pré-definida de perguntas às quais o decisor deve responder. Outra maneira de obter informações a respeito de uma situação problemática é levantar os objetivos e valores dos decisores. Já que o problema está gerando um sentimento de desconforto do decisor, conhecer seus valores é útil, uma vez que é possível relacionar a situação atual com aquilo que o decisor considera importante para si ou para a organização. O Brainstorming é um método de ação participativa que incentiva o fluxo de ideias espontâneas e naturais, já mencionado anteriormente neste capítulo. Este é o método do pensamento criativo mais investigado e aplicado (OSBORN, 1993).

O quadro 3 apresenta uma série de estratégias que servem para estimular a criatividade e, portanto, identificar um maior número de EPAs (KEENEY, 1992 apud ENSSLIN et al., 2001).

88 Quadro 3:Estratégia para identificar EPAs.

Estratégia Perguntas que devem ser feitas

Aspectos Desejáveis Quais são os aspectos que gostaria de levar me conta em seu problema? Ações Quais características distinguem uma ação (potencial ou fictícia) boa de uma

ruim?

Dificuldades Quais são as maiores dificuldades em relação ao estado atual? Conseqüências Quais conseqüências das ações são boas/ruins/inaceitáveis? Metas/Restrições/ Linhas

gerais

Quais são as metas/restrições/e linhas gerais adotadas por você? Objetivos Estratégicos Quais são os objetivos estratégicos neste contexto?

Perspectivas Diferentes Quais são para você, segundo a perspectiva de um decisor, os aspectos desejáveis/ações/dificuldades/etc?

Fonte: Adaptado de Ensslin et al. (2001).

2.9.3.3 Construção de Conceitos

O conceito deve ser construído a partir de cada EPA. Para tanto, o elemento primário é orientado à ação, fornecendo o primeiro pólo do conceito, ou seja, o objetivo ou direção de preferência associada ao EPA para o contexto. Tal dinamismo pode ser obtido colocando o verbo no infinitivo. Em seguida, pergunta-se sobre o pólo oposto, ou seja, a razão de ser ou motivação para desejar o objetivo associado ao EPA. O pólo oposto e as idéias que estão relacionadas a ele é o que vai explicitar o significado do conceito no mapa cognitivo, afirma Eden apud Rosenhead (1989), e não o simples significado etimológico das palavras. Busca-se manter nos conceitos as palavras e frases utilizadas pelos decisores e recomenda-se também que o texto de cada conceito não seja muito longo. Eden et al. (1983) afirmam que através dos polos presentes, o mapa pode fornecer uma indicação da personalidade, atitudes e proposições gerais do decisor, bem como de aspectos culturais da organização.

89 2.9.3.4 Hierarquia de Conceitos

Segundo Ensslin et al. ( 2001), a estrutura do mapa é formada por conceitos-meios e conceitos-fins ligados por uma relação de influência. Um mapa pode ser construído com conceitos direcionados aos fins, ou seja, partindo dos meios para os fins, ou partindo dos fins para os meios.

Na construção dos conceitos em direção aos fins, o facilitador questiona o decisor a partir de um dado conceito, porque tal conceito é importante (porque é importante para você?). O decisor então irá responder que aquele conceito é importante, pois possibilita atingir/obter um determinado fim. O facilitador segue o questionamento perguntando sobre o pólo oposto do conceito fim.

Na construção dos conceitos em direção aos meios, o facilitador questiona o decisor sobre “Como poderia obter tal conceito?”. O decisor então irá responder que aquele conceito poderia ser atingido através de um determinado meio. Ele, então, seria questionado sobre o pólo oposto do conceito-meio.

Geralmente o mapa é construído seguindo-se a ordem de conceitos- meios na parte inferior da folha e conceitos-fins na parte superior (como mostra a figura 5 e 6 acima). Sugere-se construir o mapa inicialmente a mão, em uma folha de cartolina para depois passar a limpo em uma nova folha de cartolina ou no programa Power Point (Windows-Microsoft). De acordo com Ensslin et al. (2001), sempre se deve apresentar o mapa aos decisores passado a limpo e separado em partes (clusters, abordado no próximo item).

Cabe salientar que é importante o facilitador perceber a hora de parar com a construção do mapa. Isto ocorre quando o decisor começa a repetir

90 conceitos, expressando a mesma ideia com outras palavras. Para a construção do mapa não se deve despender mais de duas horas, pois após este período os decisores, em geral, mostram-se cansados, devido ao esforço cognitivo demasiado (ENSSSLIN et al., 2001).

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