• Nenhum resultado encontrado

7. METODOLOGIAS

7.2. CONSTRUÇÃO DOS INSTRUMENTOS

7.2.1. QUESTIONÁRIO

O inquérito por questionário consiste em:

«colocar a um conjunto de inquiridos […] uma série de perguntas relativas […] às suas opiniões, à sua atitude em relação a opções […], às suas expectativas, ao seu nível de conhecimentos, ou de consciência de um acontecimento ou de um problema.» (Quivy & Campenhoudt, 2008, p. 188)

De acordo com estes autores, o método é especialmente adequado para «o conhecimento de uma população enquanto tal: as suas condições e modos de vida, os seus comportamentos, os seus valores e as suas opiniões». (Idem, p. 189)

Uma das principais vantagens do inquérito por questionário, evidenciada pelos mesmos autores, e que nos motivaram a usá-lo, é a «possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados e de proceder, por conseguinte, a numerosas análises de correlação». (Ibidem) No entanto, o método apresenta algumas limitações:

«A superficialidade das respostas […] não permite a análise de certos processos […] por conseguinte, os resultados apresentam-se muitas vezes como simples descrições, desprovidas de elementos de compreensão penetrantes.» (Idem, pp. 189, 190)

A construção destes instrumentos de recolha de dados obedeceu à estrutura enunciada por Ketele e Rogiers:

«as informações podem incidir em três tipos de objectos: - a identificação (idade, sexo, profissão…);

- os comportamentos declarados (o que faz habitualmente…);

- as opiniões declaradas (o que ele pensa de…).» (Ketele & Roegiers, 1993, p. 171)

Na elaboração das perguntas tomámos como modelo os questionários aos docentes QD1 (domínio A- Apoio ao desenvolvimento curricular) e QD2 (domínio B – Leitura e literacia) disponibilizados pelo Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar

(Rede de Bibliotecas Escolares, 2010). Procedemos a algumas adaptações dos referidos questionários para melhor servir os objetivos do nosso estudo.

Foram aplicados três inquéritos por questionário, em alturas diferentes da investigação, com objetivos complementares. O primeiro foi aplicado no início da nossa investigação, aos professores titulares de turma da Escola Básica de 1.º Ciclo onde pretendíamos desenvolver o projeto de investigação-ação. Após termos concluído a nossa intervenção, voltámos a aplicar um inquérito por questionário aos mesmos professores, alterando algumas questões e acrescentando outras. Nessa etapa da investigação, aplicámos um terceiro inquérito por questionário, muito semelhante ao primeiro que fora aplicado, aos professores de 1.º Ciclo colocados em escolas básicas de 1.º Ciclo do nosso agrupamento sem Biblioteca Escolar integrada na RBE. Os resultados deste terceiro inquérito por questionário serviram-nos para validar os resultados obtidos com os inquéritos por questionário aplicados aos professores da Escola Básica de 1.º Ciclo onde desenvolvemos o estudo, desempenhando, deste modo, uma função de controlo.

No primeiro inquérito por questionário aplicado aos professores da escola onde efectuámos o estudo e no questionário dirigido aos professores do 1.º Ciclo colocados em escolas sem Biblioteca Escolar integrada na RBE, organizámos as questões em três grandes grupos: com o primeiro pretendíamos identificar os respondentes (idade, sexo…), com o segundo conhecer as suas perceções em relação à Biblioteca Escolar (opiniões declaradas) e os seus hábitos de frequência da BE (comportamentos declarados) e com o último averiguar da sua disponibilidade para planificar, implementar e avaliar atividades em colaboração com a BE (opiniões declaradas).

No segundo questionário dirigido aos professores da escola onde efetuámos o estudo, modificámos um pouco a estrutura: com o primeiro grupo de perguntas pretendíamos identificar os respondentes (idade, sexo…), com o segundo verificar se houve mudança nas perceções dos professores em relação à Biblioteca Escolar (opiniões declaradas) e hábitos de frequência da BE (comportamentos declarados) e no terceiro identificar as principais dificuldades sentidas pelos professores na concretização do projeto de articulação com a BE (opiniões declaradas). Por último,

colocámos uma questão para conhecer a perceção dos professores sobre os benefícios da articulação curricular com a BE (opiniões declaradas). Com este questionário pretendíamos averiguar do sucesso, ou não, das estratégias implementadas e verificar se estas efetuaram uma mudança nas atitudes e práticas dos professores perante a biblioteca e o trabalho colaborativo com esta.

No final de cada uma das atividades executada de modo colaborativo com o professor titular de turma, foram aplicados aos alunos pequenos questionários de avaliação da atividade (vide Anexos 14, 18, 22 e 26). Cada questionário continha quatro perguntas: a primeira sobre se tinham gostado ou não do projeto; na segunda enumerámos as atividades desenvolvidas, e pretendíamos saber se tinham ou não gostado daquela atividade em particular e o grau de dificuldade sentida; com a terceira pergunta o que tinham gostado mais de fazer e com a quarta e última o que tinham gostado menos de fazer.

7.2.2. ENTREVISTA

As entrevistas podem ser estruturadas, semiestruturadas ou livres. Esta classificação está ligada ao grau de diretividade das questões: a entrevista estruturada é fechada e diretiva, o entrevistador coloca as questões previamente preparadas numa ordem precisa; no extremo oposto encontra-se a entrevista livre «na qual o entrevistador se abstém de fazer perguntas» (Ketele & Roegiers, 1993, p. 193) . A opção por um determinado tipo de entrevista está relacionada com os objetivos do estudo, com as informações que pretendemos recolher, mas também com os recursos humanos e de tempo que dispomos.

No nosso estudo, optámos por realizar entrevistas semiestruturadas. Quivy & Campenhoudt (2008) consideram que a entrevista semiestruturada é especialmente indicada para conhecer o «sentido que os actores dão às suas práticas e aos acontecimentos com os quais se vêem confrontados» (Quivy & Campenhoudt, 2008, p. 193). Estes autores identificam duas vantagens neste tipo de entrevistas:

«O grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos. A flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos

interlocutores, respeitando os próprios quadros de referência – a sua linguagem e as suas categorias mentais.» (Idem, p. 194)

Ketele & Rogiers (1993) identificam outras duas grandes vantagens nas entrevistas semiestruturadas:

«As informações que se pretende recolher reflectem melhor as representações do que numa entrevista dirigida, dado que a pessoa entrevistada tem mais liberdade na maneira de se exprimir;

As informações que se deseja recolher são-no num tempo muito mais curto do que numa entrevista livre, que nunca oferece a garantia de que vão ser fornecidas informações pertinentes.» (Ketele & Roegiers, 1993, p. 193)

Antes da realização das entrevistas, solicitámos autorização aos entrevistados para proceder à gravação áudio das mesmas. Disponibilizamo-nos a ceder-lhes essas gravações mas apenas um dos entrevistados aceitou a nossa oferta.