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Construção e Evidência de Validade de uma Bateria de Instrumentos de Avaliação

Fase II Desenvolvimento e Execução da Intervenção em Saúde do Músico

Estudo 2. Construção e Evidência de Validade de uma Bateria de Instrumentos de Avaliação

Construção e Evidência de Validadede uma Bateria de Instrumentos de Avaliação da Autoconsciência Corporal e Aspectos Ergonômicos da Saúde dos Músicos

Construction and evidence of validity of an Evaluation Instrument Battery Self-awareness and Body aspects Ergonomic Health Musicians

Construcción y pruebas de validez de una conciencia de sí mismo y del cuerpo aspectos de la evaluación de instrumentos de batería Músicos ergonómico Salud

Resumo: O construto autoconsciência corporal compreende aspectos físicos, organizacionais e cognitivos relacionados à capacidade de estar atento e perceber o corpo em determinada ação no espaço e tempo. Esse fenômeno pode estar associado ao surgimento e à prevenção de lesões em músicos. Tais profissionais estão submetidos diariamente à elevados índices de adoecimento e afastamentos por desordens físicas e psicológicas, associadas às altas demandas corporais e ao estresse ocupacional. Dada a importância do referido construto e a falta de instrumentos psicométricos para sua mensuração em amostras brasileiras, o presente estudo teve por objetivo a construção e validação de uma bateria de escalas que avaliem a autoconsciência corporal relacionada aos aspectos ergonômicos da atividade musical. Procedeu-se a evidência de validação com a verificação fatorial, convergente e discriminante. No total, 415 estudantes universitários de música participaram da pesquisa. O instrumento final apresentou resultados consistentes quanto aos indicadores de validade e confiabilidade, bem como correlações significativas com aspectos de autoconsciência corporal e ergonomia em músicos. O novo instrumento denomina-se Aergo-AutoConMusi e apresenta três escalas: (1) Escala de Autoconsciência Corporal de Músicos; (2) Escala de Autopercepção de Dor e Performance; (3) Escala de Aspectos Preventivos.

Palavras chaves: ergonomia; autoconsciência; saúde do músico; dor; instrumentos de medida; psicometria; avaliação psicológica.

Abstract: Bodily self-awareness construct comprises physical, organizational and cognitive aspects related to the ability to be aware and understand the body in certain action in space and time. This phenomenon may be associated with the emergence and prevention of injuries in musicians. Such professionals are daily exposed to high levels of illness and absenteeism due to physical and psychological disorders associated with high physical demands and job stress. Given the importance of that construct and lack of psychometric instruments for its measurement in Brazilian samples, this study aimed to develop and validate a battery of scales to assess bodily self-awareness related to ergonomic aspects of musical activity. A validation with factorial verification, convergent and discriminant was performed. In total, 415 music university students participated. The final instrument showed consistent results in both, validity and reliability indices, and significant correlations of bodily self-awareness and ergonomics aspects in musicians. The new instrument, called Aergo-AutoConMusi, has three scales: (1) scale of bodily self-awareness of musicians; (2) scale of self-perception of pain and performance; and (3) preventive aspects scale.

Key words: ergonomics; self-awareness; health musician; pain; easurements; psychometrics; psychological assessment.

Resumen: El constructo de autoconsciencia corporal comprende aspectos físicos, organizacionales y cognitivos relacionados con la capacidad de ser conscientes y entender el cuerpo en cierta acción en el espacio y el tiempo. Este fenómeno puede estar asociado con la aparición y la prevención de lesiones en los músicos. Dichos profesionales están expuestos diariamente a niveles altos de enfermedades y ausentismo debido a trastornos físicos y psicológicos, asociados a altas exigencias corporales y al estrés laboral. Debido a la importancia del constructo mecionado anteriormente y a la falta de instrumentos psicométricos para su medición en muestras brasileñas, este estudio tiene como objetivo el desarrollo y validación de una batería de escalas que evalúen la autoconsciencia corporal relacionada con los aspectos ergonómicos de la actividad musical. La validación se realizó mediante verificación factorial, convergente y discriminante. En total, en este estudio participaron 415 estudiantes universitarios de música. El instrumento final mostró resultados consistentes tanto con los indicadores de validez y confiabilidad, como en las correlaciones significativas de los aspectos de autoconsciencia corporal y ergonomía en los músicos. El nuevo instrumento, denominado Aergo-AutoConMusi, tiene tres escalas: (1) Escala de autoconsciencia corporal de músicos; (2) Escala de autopercepción de dolor y desempeño; y (3) Escala de los aspectos preventivos.

Palabras clave: ergonomía; autoconsciencia; salud del músico; dolor; instrumentos de medida; psicometría; evaluación psicológica.

Introdução

Devido às suas demandas físicas, organizacionais, afetivas e cognitivas, a aprendizagem e a execução da atividade musical talvez seja uma das mais complexas tarefas motoras humanas, o que certamente tem implicações para os componentes físicos e psíquicos do músico, cujos limites ainda não somos capazes de apontar com riqueza de detalhes. Desenvolver habilidade em um instrumento envolve uma experiência humana repleta de aspectos multifatoriais. A autoconsciência corporal vem sendo apontada como fator determinante no processo de adoecimento ou prevenção de lesões osteomioarticulares de diferentes ocupações, dentre elas as de estudantes de música e de músicos profissionais (Costa, 2008; Vezzá, 2015; Shusterman, 2012; Medici et al., 2015).

O termo autoconsciência corporal vem sendo utilizado nos mais diversos campos das ciências como sinônimo de somestética, percepção, autoimagem e autopercepção (Shusterman,

2012; Fonseca et al, 2012; Aragão, Torres & Cardoso, 2010). Embora seja consenso a polissemia de tal conceito, seu sentido refere-se exclusivamente ao reconhecimento de um objeto ‘corpo’ e a experiência de reconhecê-lo vivenciada pelo self (DaSilveira, 2011). Assim, pratica-se a autoconsciência corporal quando a corporeidade é o foco da nossa consciência, o que implica na tentativa de se clarificar o funcionamento dinâmico e em construção de nossa existência (corpórea), voltando a atenção ao corpo que estabelece relações motoras e mediadoras de resultados com o meio em que se desenvolve determinada tarefa corporal.

A consciência de um ‘eu” corporal apreendendo a sí mesmo nos remete a dimensões multifacetárias envolvendo reconhecimento, processamento e armazenamento de informações (memórias). Refere-se também ao senso que se tem em saber da própria permanência ao longo do tempo, diferenciando-se do outro (Morin, 2006; DaSilveira, 2011).

De uma perspectica psicológica, é especialmente relevante a relação entre consciência e corpo no processo de aprendizado e execução da música. Sabe-se que a relação que se estabelece entre movimento e ação permite ao sujeito reconhecer as dimensões do que representa no contexto de vida geral (DeCastro & Gomes, 2011a; DeCastro & Gomes, 2011b; DeCastro & Gomes, 2011c; Janzen, DeCastro & Gomes, 2013). De uma perspectiva fenomenológica (Merleau-Ponty, 1999), a relação entre o corpo e seus múltiplos movimentos é fundamental no processo pré-reflexivo da consciência. Seu foco é descrever de que maneira os humanos percebem e exercem os movimentos corporais e de que modo utilizam satisfatoriamente a cinesteria e a autoconsciência corporal como atributos da saúde (Shusterman, 2012; Sheets-Johnstone,2011; Leaver et al., 2011).

De acordo com DeCastro e Gomes (2013), a cinestesia pode ser considerada como um atributo do sistema nervoso central que se processa através da autoconsciência do indivíduo, à medida que o mesmo desempenha determinada tarefa. A cinestesia ainda pode ser definida como informante do real fluxo temporal que é a consciência (Sheets-Johnstone, 2011).

O aprofundamento do conhecimento cinestésico e somático de músicos direcionado à melhora das condições de autoconhecimento do próprio corpo como principal interface entre a prática do instrumento e as próprias experiências somato sensoriais e psicomotoras, permite em menor ou maior grau entender as reais causas do adoecimento ocupacional dessa classe profissional. A autoconsciência equivocada ou inadequada do corpo durante a performance do instrumento musical pode contribuir para a má postura. A má postura aumenta a tensão muscular podendo resultar, quando mantida por tempo prolongado, em comportamento doloroso, em processos inflamatórios agudos ou futuras lesões neuromusculares (Strauch, 2012; Suetholz, 2011).

Estudos epidemiológicos acerca dos aspectos de saúde ocupacional em músicos apontam altos índices de queixas dolorosas. Oliveira e Vezzá (2010) identificaram em músicos de várias orquestras que as queixas dolorosas atingem 65 dos 69 participantes, acometendo com maior severidade o tronco (regiões lombar e dorsal) e o punho: estas regiões, seguidas pelo pescoço, provocaram o maior número de afastamentos das atividades normais. Os resultados indicaram que a dor apresenta-se como um fenômeno corporal tido como normal entre os músicos. A dor dos músicos, como de outros trabalhadores, coloca na pauta a reflexão sobre como prevenir queixas dolorosas na perspectiva de uma atuação primária de promoção de saúde. Com relação à prevenção secundária, esta deveria ser feita em serviços de saúde preparados para lidar com as peculiaridades do trabalho do músico. O estudo de Subtil, Mangueira e Tristão (2007), revelou que mais de 60% dos músicos de uma orquestra filarmônica apresentavam queixas musculoesqueléticas, sendo indicativas de distúrbio osteomuscular relacionados ao trabalho (DORT).

Na dedicação à melhor performance musical, os músicos estão sujeitos a desenvolver problemas de saúde tanto físicos quanto psicológicos em sua profissão. A ansiedade no palco, ou o medo de errar diante de professores e de uma plateia, acarreta no estudante sinais e

sintomas específicos, tais como sudorese aumentada, taquicardia, dispneia, rubor de face e em vários casos redução da coordenação de movimentos finos nas mãos. Essa dificuldade de lidar com o erro e com a ansiedade reflete-se além do aspecto emocional, contribuindo para a contração muscular sistêmica e produzindo tensão generalizada no corpo desses indivíduos (Subtil, Mangueira & Tristão, 2007; Subtil & Bonomo, 2012). As desordens musculoesqueléticas relacionadas à prática do instrumento são dolorosas, na maioria das vezes crônicas, e criam condições que diminuem ou desabilitam a capacidade de trabalho desta população, podendo causar, inclusive, problemas financeiros.

A ergonomia nesse contexto geral, apresenta-se como a ciência que estuda as relações que ocorrem no trabalho com foco na atividade. Sua aplicabilidade perpassa seus três pilares: as ergonomias física, cognitiva e organizacional (Falzon, 2007; Kroemer & Granjean, 2005; Costa, 2008). Sua contribuição tem sido aplicada por meio da análise da atividade e na detecção de riscos ocupacionais, na construção de interfaces que contemplem de forma mais satisfatória as dos trabalhadores, tais como instrumentos psicométricos e fisiológicos de avaliação, por meio de mobiliários e ambientes de trabalho ergonomicamente adaptados, por programas de conscientização por capacitação corporal e orientações teóricas em saúde do músico (Costa, 2008; Jackson, 2015; Filho & Maeno, 2015; Pederiva, 2012; Manchester, 2006; Manchester, 2009).

Neste sentido, uma compreensão ampla dos aspectos envolvidos na autoconsciência corporal de estudantes de música implica uma correta avaliação da autopercepção da dor, bem como dos aspectos ergonômicos relacionados à atividade laboral. Pesquisas com profissionais músicos confirmam o alto índice de adoecimento dessa população. Fatores ergonômicos físicos, cognitivos e organizacionais fazem parte do grupo de causas associadas ao adoecimento ocupacional de músicos. Dentre os aspectos físicos, destacam-se componentes posturais e biomecânicos de performance, especificidades ergonômicas do ambiente de estudo, práticas

corporais preventivas e curativas focadas na saúde do músico; os componentes cognitivos tratam da atenção, linguagem, memória e aprendizado instrumental e musical; por sua vez os aspectos organizacionais descrevem as relações interpessoais estabelecidas entre os indivíduos envolvidos com o processo de aprender música e o fazer musical. Apesar das confirmações quanto ao adoecimento e suas causas, existem poucos instrumentos que avaliem aspectos envolvidos com a prática musical, relacionando-os às causas das lesões (Costa, 2008; Pederiva, 2012; Fragelli & Gunther, 2012; Leaver, Harris & Palmer, 2011; Hasson et al., 2009).

Nos últimos quatro anos, dois instrumentos psicométricos desenvolvidos, tangenciaram a avaliação de aspectos importantes relacionados à autoconsciência corporal em músicos. Em 2012, Fragelli e Gunther publicaram um inventário com três escalas relacionadas à prevenção, influências sociais e condições de trabalho dos músicos. Em 2014, o estudo de Berque, Gray e McFadyen criou e validou um instrumento de avaliação da dor musculoesquelética e suas influências psicossociais em instrumentistas de orquestra filarmônica, levando em consideração aspectos da ergonomia física, organizacional e cognitiva que resultam em comportamento doloroso na atuação de músicos profissionais.

Essa disponibilidade de poucas medidas diretas em saúde do músico, reforça a necessidade de um instrumento que possa ser direcionado aos aspectos ergonômicos do fazer musical tendo como base o fenômeno da autoconsciência corporal dessa classe profissional. Levanta-se a hipótese, neste estudo, de que o fenômeno da autoconsciência corporal em músicos pode ser estruturado em três dimensões: autoconsciência corporal e performance; autoconsciência corporal e a dor; autoconsciência corporal e aspectos de prevenção. Em outros termos, compreende-se que os diversos aspectos que compõem o processo do fazer musical com foco na saúde, perpassam a avaliação da dimensão corporal dos músicos, suas percepções acerca da saúde e as possibilidades de desenvolvimento ou aprimoramento dos mecanismos de autoconsciência corporal. Espera-se que tal investigação permita o entendimento de como a

relação corpo, mente e música pode ser fator decisivo no processo de saúde-doença em estudantes de música e de que forma é possível avaliar com rigor o fenômeno da autoconsciência corporal. Tais considerações ensejaram, assim, a realização do presente estudo, que teve por objetivo apresentar a construção e as análises psicométricas de uma bateria de escalas de medidas psicológicas que auxiliem futuramente na avaliação de aspectos da autoconsciência corporal e dos aspectos ergonômicos da saúde dos músicos.

Método

Instrumentos e construção dos itens

Para a construção das escalas de ergonomia e autoconsciência corporal de músicos (Aergo-AutoConMusi), foi feita uma busca inicial por instrumentos psicométricos voltados à saúde do músico. Os instrumentos de Fragelli e Gunther (2012) e Berque, Gray e McFadyen (2014) inspiraram parte do desenvolvimento das escalas apresentadas neste estudo, assim como a experiência da pesquisadora em docência na disciplina de saúde do músico. Em seguida, os itens foram submetidos à análise semântica por seis juízes fisioterapeutas e músicos, tendo tido uma concordância de 85%. Os juízes verificaram o conteúdo e a formatação dos itens. Ainda na primeira etapa, o Aergo-AutoConMusi foi submetido a um estudo piloto, sendo distribuído a 20 estudantes universitários de música para confirmar a viabilidade de entendimento dos itens propostos. Dessa forma, as três escalas resultantes tem amplitude de cinco pontos, sendo: 1 – nunca; 2 – raramente, 3 – as vezes; 4 – frequentemente; 5 – sempre. A primeira escala, denominada, autoconsciência corporal foi composta por 16 itens. Apresenta o objetivo de avaliar aspectos da ergonomia do músico em sua prática musical, revelando uma dimensão focada no componente de autoconsciência do corpo no fazer musical, com foco na percepção da postura e da dor em performance. A segunda escala, denominada, autopercepção da dor e performance é composta por oito itens que destinam-se a avaliar a dor na prática musical. A terceira escala denominada, aspectos preventivos, tem como foco a reflexão dos componentes

preventivos relacionados à atividade musical e a prevenção de lesões e adoecimento em músicos e é composta por 22 itens.

Participantes

A amostra foi composta por 415 estudantes universitários de música, de instituições de ensino superior públicas, que concordaram voluntariamente em participar da pesquisa. Desse total, 63,6% (264) são do gênero masculino e apresentam idades variando de 16 a 71 anos (M=28,68 e DP= 9,72). A Tabela 14 demonstra a distribuição dos participantes por instituição de ensino.

Tabela 14. Quantidade de estudantes de música por instituição superior de ensino Frequência Porcentagem

UFES 130 31,3

FAMES 266 64,1

UFJF 19 4,6

Procedimentos de coleta e análise de dados

Após a submissão e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (número de registro 085018/2013), os instrumentos foram aplicados em sessão única, individualmente, em três universidades públicas, após a obtenção de autorização dos responsáveis institucionais e à concordância de seus membros em colaborar com a pesquisa, mediante o preenchimento do termo de consentimento informado. Aos que concordaram em participar, foi garantido o anonimato. Os dados foram analisados com o auxílio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. Para estudar a evidência de validade relativa à estrutura interna dos itens, foi realizada uma análise fatorial, utilizando-se a análise dos componentes principais, com rotação varimax. No que se refere aos índices de precisão, foram calculados pelo coeficiente Alfa de Cronbach. Por fim, os fatores obtidos na análise foram estudados por meio do coeficiente de correlação de Pearson.

Resultados e Discussão

Primeiramente foi realizada a análise dos componentes principais para verificar a adequação dos dados à análise fatorial e à quantidade de fatores a serem extraídos. Os valores de KMO e do teste de esfericidade de Barlett tiveram resultados considerados aptos para o procedimento fatorial (Pasquali, 2005).

O gráfico de sedimentação sugeriu uma solução com 2 a 3 dimensões para a primeira escala, de 1 a 2 dimensões para a segunda e de 4 a 5 para a terceira escala, como a mais adequada. Para decisão final do número de fatores a serem extraídos adotou-se a análise paralela (Enzmann, 1997; Pasquali, 2005), optando-se por uma solução com 2, 1 e 5 fatores respectivamente. Definido o número de fatores, procederam-se à realização da extração dos fatores pelo método de fatoração dos eixos principais (principal axis factoring), com método de rotação do tipo varimax e cálculos de confiabilidade. A rotação ortogonal do tipo varimax foi escolhida pelo fato desta permitir maior simplicidade à matriz de dados e reaplicação dos resultados encontrados em estudos futuros, aspecto importante a ser considerado nos estudos de desenvolvimento de medidas psicométricas (Costello & Osborne, 2005). Foram excluídos da solução fatorial final os índices com cargas fatoriais inferiores a 0,40 (Hair & cols., 1999; Dancey & Reidy, 2006). A bateria de escalas do Aergo-AutoConMusi apresentou como índices de consistência interna, calculados por meio do coeficiente Alfa de Cronbach, respectivamente iguais a 0,82; 0,70; 0,79; 0,84; 0,72; 0,72; 0,71 e 0,78.

Indicadores de validade da escala de autoconsciência corporal de músicos

A análise dos componentes principais para identificar a fatorabilidade da matriz de dados, indicaram KMO=0,85 e o teste de Barlett 1345,767, significativo para p<0,001. Para decisão do número de fatores recorreu-se ao software R (função n factors), o qual a partir da análise paralela sugeriu a extração de dois fatores (Figura 5).

Figura 5. Gráfico para decisão do número de componentes a serem extraídos

Na sequência extraiu-se um fator da matriz de dados com base no método de fatoração dos eixos principais. A solução bifatorial explicou 42,78% e 33,50 % da variância dos dados num conjunto final de 16 itens. A Tabela 15 apresenta os itens, suas respectivas cargas fatoriais e indicador de precisão. O fator 1 explicou 42,78% da variância total dos dados avaliando a percepção de dor relacionada aos aspectos emocionais e cognitivos da prática musical, obtendo uma precisão alfa de Cronbach de 0,82. O segundo fator explicou 33,56% da variância total dos componentes de performance e autoconsciência postural na prática musical.

Tabela 15. Escala bidimensional de autoconsciência corporal de músicos

Item Carga Fatorial

Fator 1 Fator 2 18 Quando mais tenso estou, pior é a minha sensação de dor 0,71

17 Quando me exijo mais para atingir a perfeição, sinto que minha dor piora 0,70 16 Quando me sinto pressionado no ambiente de estudo sinto mais dor 0,68 14 Quanto mais eu toco percebo que a dor aumenta 0,62 21 Quanto mais eu me dedico ao estudo do instrumento, mais sinto dor 0,59 9 Percebo que quanto mais difícil é a peça que eu toco, mais a minha

postura piora ao longo da performance 0,51

8 Quando estou com medo ao me apresentar em público, percebo que fico

com meus músculos mais tensos 0,48

11 Meu corpo fica mais tenso quando me apresento em público 0,45 7 Quando estou ansioso, percebo que minha postura piora ao tocar 0,44

20 Minha dor desaparece quando melhoro minha postura ao tocar 0,55 5 Consigo perceber quando alguma parte do meu corpo está desalinhada

ao tocar, mesmo que eu não me veja no espelho 0,54

19 Minhas dores são menores à medida que presto mais atenção na maneira

como me sento para tocar 0,50

2 Sinto menos dores quando me preocupo mais com minha postura

enquanto toco 0,46

1 Quando estou com o meu corpo alinhado ao tocar, percebo que estou

6 Quando me sinto seguro ao tocar determinada peça, percebo que meus

músculos estão mais relaxados e minha postura melhora 0,43 4 Percebo o momento em que devo trocar de postura durante a prática do

meu instrumento 0,42

Variância explicada pelo fator 42,78% 33,56%

Coeficiente de confiabilidade Alfa de Cronbach 0,82 0,70

Número total de itens 9 7

A escala de autoconsciência corporal de músicos foi elaborada para mensurar os aspectos interdependentes da autoconsciência corporal na prática musical, envolvendo fatores físicos, cognitivos e emocionais associados aos aspectos posturais, fisiológicos, perceptuais e psíquicos da profissão de músico.

Indicadores de validade da escala de percepção de dor e performance

A análise dos componentes principais para identificar a fatorabilidade da matriz de dados indicaram KMO de 0,78 e o teste de Barlett 1195,916, significativo para p<0,001. Para decisão do número de fatores recorreu-se ao software R (função n factors), o qual a partir da análise paralela sugeriu a extração de um único fator (Figura 6).

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