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Construindo princípios e diretrizes para prestação de serviços de apoio à visitação

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Classificação Prestadores

4.5. Construindo princípios e diretrizes para prestação de serviços de apoio à visitação

Este item apresenta uma proposta de princípios e diretrizes para subsidiar o planejamento e a gestão das parcerias para a prestação de serviços de apoio à visitação. A proposta reúne informações e temas considerados relevantes na dinâmica de prestação de serviços.

As entrevistas com os gestores dos parques estaduais geraram sete categorias temáticas de princípios que consideraram mais importantes na prestação de serviços de apoio à visitação, são eles:

1) Interação com a sociedade; 2) Transparência nos contratos; 3) Conservação ambiental;

4) Fortalecimento das unidades de conservação; 5) Qualidade e segurança ao visitante;

97 7) Qualificação dos prestadores.

A pesquisa empírica com os gestores mostrou um resultado interessante, que corrobora na prática o que a literatura havia indicado sobre os principais aspectos ambientais e socioeconômicos da prestação de serviços de apoio à visitação em áreas protegidas. Todas as respostas dos gestores puderam ser reunidas em sete grupos, que estão muito relacionados com o que foi indicado nos diversos estudos disponíveis sobre concessão em turismo em parques.

Na literatura acadêmica nacional e internacional foram verificados os principais aspectos que permeiam concessões “bem sucedidas” e considerados “melhores práticas” na prestação de serviços turísticos em parques.

Rodrigues e Godoy (2013) apontam os aspectos socioeconômicos que permeiam a discussão sobre a prestação de serviços de apoio à visitação em parques nacionais: a) a remuneração pela prestação de serviços deve assegurar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos firmados com particulares; b) a receita obtida com a prestação de serviços pode incrementar os recursos para a gestão dos parques nacionais; c) a gestão da visitação deve propiciar o acesso ao serviço adequado (qualidade, preços acessíveis, segurança, etc.); d) o efeito multiplicador da prestação de serviços de apoio à visitação nos parques nacionais pode dinamizar a economia e favorecer o desenvolvimento socioeconômico local. E o estudo de viabilidade econômica permeia esta questão.

Além disso, Rodrigues (2009) aponta que alguns aspectos devem ser considerados no planejamento e gestão das modalidades de prestação de serviços, a saber: envergadura econômica do serviço, número total de visitantes, arrecadação bruta estimada do serviço prestado, originalidade do tipo de serviço, numero total de usuários, oferta em escala regional e a participação das comunidades locais na prestação dos serviços, que devem ser a participação viabilizada na incorporação de critérios e na seleção de propostas.

Neste sentido, a delegação de serviços a particulares em parques aspira a incorporação de aspectos ambientais, econômicos e sociais, que visem a harmonia e equilíbrio entre o poder concedente e o privado, com o objetivo fim que é a satisfação do visitante, incremento de possibilidades de uso público e oferta de serviços ao visitante, em caráter opcional, a conservação ambiental e sustentabilidade financeira, para ambas as partes. Conforme observado no quadro 05.

98 Quadro 05. Principais aspectos ambientais e socioeconômicos da prestação de serviços de apoio à visitação nos parques nacionais. Fonte: Rodrigues (2009).

Principais aspectos ambientais e socioeconômicos da prestação de serviços de apoio à visitação nos parques nacionais

Aspectos ambientais Aspectos socioeconômicos

 Monitoramento dos impactos dos serviços e das atividades realizadas nas UCs;

 Adoção de tecnologias de mínimo impactos na cadeia produtiva do turismo.

 Respeito à capacidade de suporte;

 Tratamento e disposição adequada dos resíduos provenientes da visitação;

 Adoção de padrões de

sustentabilidade ambiental

 Incentivo a adoção de condutas responsáveis por parte dos prestadores de serviços e dos visitantes

 Política de preços para os visitantes acessíveis e transparentes;

 Viabilidade econômica do empreendimento/serviço prestado;

 Incremento de recursos financeiros para a gestão da visitação;

 Manutenção da qualidade dos serviços;

 Envolvimento da população local na prestação de serviços de apoio à visitação;

 Geração de alternativas de trabalho e renda

Para Braga (2013), o princípio da participação também deve nortear a instalação de concessões em parques, desde a concepção do projeto, com a realização de estudos de capacidade de carga, estudos de viabilidade econômica que contemplem aspectos sociais da comunidade do entorno ou da população residente e das expectativas dos potenciais visitantes até sua fase de execução. Na fase de execução, a participação social é fundamental para o monitoramento e deve ser conferido espaço à junto aos atores sociais envolvidos para reuniões explicativas, consultas públicas, disponibilização de ouvidoria, dentre outras formas de transparência e participação.

Para Justen Filho (2006) apud Rodrigues e Godoy (2013),

“As modalidades de delegação para a prestação de serviços são instrumentos de implementação de políticas públicas. Não são meramente mecanismos para formalizar a parceria com a iniciativa privada ou como uma manifestação da atividade administrativa contratual do Estado. São oportunidades para a realização de valores constitucionais fundamentais, como cidadania, participação, equidade (JUSTEN FILHO (2006) APUD RODRIGUES; GODOY (2013), p.4).”

Na literatura internacional, o Banco Mundial listou “14 Características Principais de Programas de Concessão de Sucesso”56

, sendo eles:

1) Colocar a conservação em primeiro lugar e aceitar que algumas áreas não possuem vocação turística;

2) Reconhecer o valor do turismo;

99 3) Lutar para que o turismo seja sustentável;

4) Valorizar a participação da comunidade local;

5) Estabelecer a viabilidade de mercado desde o início do projeto; 6) Desenvolver a consciência de stakeholders e um sólido engajamento;

7) Assegurar que a concessão seja apoiada por um quadro de concessões fortalecido;

8) Confiar em bons planos de manejo;

9) Selecionar o modelo de concessão apropriado; 10) Empregar procedimentos claros e transparentes; 11) Ter contratos equilibrados;

12) Gerenciar efetivamente além do negócio; 13) Gerenciar riscos;

14) Avaliar continuamente o progresso e adaptar.

Wyman et al (2011) realizaram um estudo sobre concessões em parques em 22 países e identificaram 05 componentes essenciais à adoção de concessões e definidos 25 indicadores de monitoramento:

1) Qualificação de concessionários; 2) Responsabilidade jurídica; 3) Responsabilidade financeira; 4) Responsabilidade ambiental;

5) Responsabilidade de envolvimento de comunidades locais.

A partir da compilação de aspectos sociais, ambientais e econômicos que devem permear a prestação de serviços de apoio à visitação em parques observados nos estudos acima citados, associada os princípios listados pelos gestores de forma aberta, observa-se o cruzamento direto e semelhanças entre a fala dos gestores e a literatura observada. Ou seja, os princípios observados na literatura foram observados na pesquisa de campo com os gestores dos parques estaduais.

Dessa forma, considerando os fatores acima e as análises realizadas, foi desenhada uma proposta de princípios e diretrizes considerados essenciais para o planejamento e o estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada para a oferta de serviços de apoio à visitação nos parques estaduais do Rio de Janeiro.

4.6. Proposta de Diretrizes para o planejamento e a gestão de serviços de apoio à

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