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2. ENQUADRAMENTO CONCETUAL

2.3 Consulta de Enfermagem em Saúde Mental

Porto (2007) define a consulta de enfermagem como prestação de assistência realizada pelo profissional de enfermagem, tanto para a pessoa sadia quanto para aquele que se encontra hos- pitalizada. Em muitos casos é o primeiro contato com a pessoa para que sejam identificados os seus problemas de saúde (Porto G. , 2007).

A consulta de enfermagem tem como objetivo alcançar toda a informação da pessoa, numa perspetiva holística, permitindo um diagnóstico preciso e possibilitando a elaboração de um plano de cuidados baseado nas necessidades de cada pessoa, com vista a atingir um resultado satisfatório (Carvalho, 2008).

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O Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria no Acompanhamento com a Pessoa Portadora de Patologia Dual

A identificação dos problemas de saúde e geral e de enfermagem em particular, tem como finalidade a elaboração e realização de um plano de cuidados de acordo com o grau de depen- dência da pessoa, bem como a avaliação dos cuidados prestados e respetiva reformulação das intervenções de enfermagem, Ministério da Saúde, 1999.

A consulta de enfermagem em saúde mental, constitui-se numa alternativa terapêutica, pois supõe uma ajuda baseada em conhecimento científico, que tem como objetivo procurar a qualidade de vida e, consequentemente, proporcionar um ambiente de cuidados, estimulando a mudança de comportamentos da pessoa. Nessa opção terapêutica em saúde mental, o obje- tivo do enfermeiro é direcionado para um atendimento integral, digno e humanizado, que deve ser baseado num referencial teórico.

Segundo Barker, enfermagem é a Profissão que realiza trocas constantes com as outras pro- fissões e áreas do conhecimento. O enfermeiro é como um “Salva Vidas” que através do seu plano terapêutico ajuda a pessoa em sofrimento psíquico no seu processo de recuperação (Bar- ker & Buchanan Barker, 2010).

Para o mesmo autor o objetivo da enfermagem é promover o crescimento e desenvolvi- mento pessoal. O trabalho do profissional desta área visa moderar e reduzir a sintomatologia apresentada pela pessoa. Uma das intervenções do enfermeiro é ajudar a pessoa a desenvolver maneiras de crescer e desenvolver-se, indo além do que vive atualmente, conseguindo compre- ender e superar os seus atuais problemas psíquicos (Barker & Buchanan Barker, 2010).

A eficácia no cuidado de enfermagem depende da compreensão do comportamento e das atitudes da pessoa e das suas alterações, torna-se necessário que o enfermeiro encare o mesmo como seu semelhante, compreendendo-o como pessoa e como profissional. A capacidade de escutar com empatia é um outro fator relevante na saúde mental. Essa proximidade encoraja a pessoa a pensar sobre as suas dificuldades e a procurar encontrar uma decisão prática, aju- dando-o a aliviar a ansiedade e a tensão.

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Essa interação pode ser favorecida através do sentimento de humanidade pelo outro, quando o profissional se insere, sem temor, nas experiências concretas de dor e sofrimento re- feridos pelas pessoas mentalmente adoecidas. Segundo Boff (1999), trata-se de sair de seu pró- prio círculo e entrar no mundo do outro enquanto sujeito.

A relação de ajuda pode ser entendida quando utilizando os recursos próprios e internos da pessoa o profissional de saúde proporciona condições para que esta consiga superar os seus problemas, tais como, a sua identificação, uma maior consciência de si de modo a conseguir uma gestão positiva dos seus próprios recursos para que possa responder as necessidades (Cha- lifour,2008).

Segundo Barker, a pessoa caracteriza a experiência a partir das narrativas das suas histórias de vida. Elas são filosofias da sua vida, pois o viver produz significados e valores significativos acerca do mundo e de sua relação com ele. Os profissionais de enfermagem devem ser capazes de apreciar o mundo desde a sua perspetiva até à perspetiva do outro. As pessoas são a sua história. O sentido do eu e a sua relação com o mundo de experiências, estão interligadas nas histórias das suas vidas (Barker & Buchanan Barker, 2010).

O mesmo autor refere que a Saúde é o resultado da autonomia da pessoa, ocorrido por meio da sua capacidade de se adaptar a cada mudança, promovida pelo o ambiente de cura, mesmo como quando existe danos.

Resulta do autoconhecimento, da autodisciplina e dos recursos internos utilizados pela pes- soa que controla os seus ritmos, desde a alimentação até à dimensão da sexualidade. A perso- nalidade humana e as suas fragilidades resultam das experiências de dor, doenças e de mortes, como parte integral da vida. A saúde é um todo e resulta da vivência da pessoa, inclusive con- textos culturais, sociais, econômicos, sociais e espirituais ao longo da vida. Desde uma conceção holística, as pessoas atribuem significados individuais de saúde e doença. Cabe aos enfermeiros conhecer as pessoas e esses diferentes aspetos, para utilizá-los como recurso de tratamento.

Ainda o mesmo autor refere que o Ambiente é o meio social onde as pessoas viajam pelo seu oceano de experiências e o enfermeiro tem como função ajudar a pessoa a criar espaços para o crescimento e desenvolvimento pessoal. As relações Enfermeiro/pessoa devem ser vistas

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como um todo. O Enfermeiro através de uma relação dinâmica motiva a pessoa a ver que o ambiente é seguro.

Mesmo considerando todos esses aspetos, não se poderá deixar de considerar, durante o decorrer da consulta de enfermagem em saúde mental, a influência exercida pelas crenças e pelos sentimentos, tanto da pessoa como do profissional e o envolvimento dos mesmos sobre o comportamento da pessoa.

Devido à recente alteração do paradigma da saúde e tratamento da pessoa mentalmente adoecida, tornou-se indispensável uma avaliação das necessidades da população, bem como o desenvolvimento de programas de promoção de saúde / reabilitação das pessoas com patologia mental e respetivas famílias. Assim, consideramos fundamental elaborar um projeto da consulta de enfermagem ESMP, com a finalidade de desenvolver uma intervenção de enfermagem espe- cializada que ajude a pessoa/família/comunidade a alcançar um estado de saúde mental pró- ximo do que seria ideal. Por isso, é importante que os enfermeiros estejam motivados para esta problemática e que a considerem no planeamento e abordagem das suas intervenções.

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