• Nenhum resultado encontrado

A Consulta de Enfermagem significa um momento peculiar para o encontro de pessoas.

 Cenário do Estudo

AS UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO

IV) A Consulta de Enfermagem significa um momento peculiar para o encontro de pessoas.

“... é um pouco complicado até de se explicar, vai mais, muito mais da tua intuição, um pouco da tua intuição, um pouco ... da tua percepção e sua atenção voltada em executar essa tarefa, ... lidar com o ser humano, ... saber ouvir, ... é um elo, é uma química que você não consegue definir muito bem. Você tem que estar aberto, ... à medida que o paciente também que estar aberto, ... existe a troca, ... uma maneira mais simples, como um bom dia bem contente, bem sorridente ou a pessoa chama você pelo o nome e pedir uma outra orientação.”

(1ªEnf.)

“... eu estou dando todo o apoio que tenho para ajudá-la nesse momento que ela esta precisando também e me coloco a disposição do que ela precisar e estiver dentro do meu alcance, então p’ra mim, eu me sinto muito feliz “

(2ªEnf)

“... o nosso trabalho, ... lida mais com a intimidade da pessoa, a gente acaba se tornando mais íntimo, a linguagem se torna mais íntima também. ... o paciente parece ficar um pouco mais à vontade para esclarecer determinadas dúvidas que ou não foram bem esclarecidas na consulta médica ou ela não lembrou de perguntar p’ro médico mas lembra de falar isso com a enfermeira, ...”

“... O paciente vem com toda ... a emoção, ... Você já ampara ... vai além do que você faz ser só técnica, .... nós ficamos sempre com esse encargo, com o emocional...”

(4ªEnf.)

“... A gente começa a consulta de uma forma formal... e a partir daí ... você percebe nela uma fisionomia diferente, então é nisso que a gente trabalha, é nisso que a gente tem a oportunidade de humanizar, individualizar a consulta,a cada pessoa ela vai ter uma situação diferente, um momento diferente, ... então a gente vai vendo que a cada consulta ela deixa de ser uma coisa formal, a ter um protocolo rígido, que nenhuma consulta, mesmo que seja feita pela mesma pessoa, é igual, ... pacientes são diferentes ... ocasionalmente uma ou outra vem perguntar, ... aí ... dá o enfoque porque para ela foi importante”.

(5ªEnf).

“... a relação dela é mais próxima do paciente, ela não bota muita barreira, ... elas ficavam mais à vontade de colocar as coisas delas p’ra mim ... elas conseguem se abrir mais ... com relação à enfermagem elas sentem mais confiança ... então elas conseguem abrir- se mais e a gente consegue explorar mais esse lado delas ... eu acho que é uma troca de identidade. ... eu não acredito que seja ... a questão do tempo, mas você se entregue mais a ela.”

(6ªEnf.)

“... Eles acham que enfermeira pode resolver tudo, né? ... A gente tenta resolver mesmo ... tudo. Como se fosse uma mãe,né?”

“... Eu acho que existem as profissões, nós somos uma equipe multidisciplinar, o enfermeiro que lida mais tempo com o paciente, ele começa a ver essas falhas e o paciente tende a se abrir mais conosco. ... Acho que a partir da nossa consulta, que a gente está ali mais perto.”

(9ªEnf.)

“... você não vai só olhar p’ra ela, olhar ela como uma paciente mastectomizada ou uma paciente que tem uma deiscência ou uma paciente que tem um tumor de mama avançado, que tem uma ulceração; você vai olhar p’ra ela como pessoa ... é ela que está dizendo para você que a forma dela poder fazer ... e aí você vai reformular e junto com a paciente você vai ver a melhor maneira. ... Você tem que está aberto as sugestões, você tem que trocar de lugar... com o paciente.”

(10ªEnf.)

Nas falas das enfermeiras a consulta aparece um espaço relacional, onde o profissional se lança em direção ao outro, mostrando uma disposição de estar junto à sua paciente, relacionando-se com ela. Nos falam de proximidade, intimidade, trocas, intuição, confiança e segurança, relatando um estar à vontade que abre neste momento uma possibilidade de cuidado efetivo, abre uma possibilidade de caminhar partindo da conversação: alguém fala e outro ouve, ambas no mesmo plano e importância.

A ajuda chega pela aproximação das pessoas envolvidas neste momento de cuidado, onde a paciente traz suas necessidades e a enfermeira ouve atentamente sem qualquer pressuposto. Todos os assuntos são importantes e cada dúvida é relevante. Mostram que essa proximidade desvela uma intimidade facilitadora para o cuidado e colocando-se à vontade, a paciente abre-

A enfermeira participa da intimidade da paciente. Atenta, observa sinais que indiquem o caminho a trilhar: “um bom dia bem contente”, “uma fisionomia diferente” ou um “ouvir” a forma possível de cumprir uma prescrição proposta. Deste modo a enfermeira “sintoniza” com a mulher, liberta-se de comportamentos formais e lança-se na possibilidade de cuidar.

A paciente, despoja-se de pudores pessoais e conversa claramente sobre o quê a aflige. Assim fica à vontade, quer conversar e sugerir adaptações às propostas prescritas no tratamento. Parece “liberta” de uma submissão à alguém que sabe tudo e se comportam menos formais.

Mostra-se um agir profissional que parece arte, pois a criatividade e a espontaneidade se fazem presentes. O uso da intuição e o conhecimento científico articulados, promovem a adaptação de condutas que favoreçam a terapêutica em desenvolvimento, partindo do momento de cada pessoa no seu cotidiano.

No entanto também para a enfermeira desvela-se uma abertura, dentro de uma disponibilidade (despojada); lança-se num fazer onde o interesse pelo outro guia seu modo de agir e traz a possibilidade de valorização e felicidade. Não temem a intimidade com a pessoa doente envolve-se e troca de identidade, buscando a resolutividade de um cuidado indeterminado nas estratégias de mensuração de um contexto assistencial na área da saúde.

A consulta de enfermagem parece um espaço favorável a relação interpessoal, pois é buscado; mostra-se como um meio favorável para o cuidado efetivo que ela e paciente desejam em um ambulatório de tratamento de câncer de mama.

CAPÍTULO VI

A ANALÍTICA COMPREENSIVA DO CUIDAR DAS ENFERMEIRAS