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Consulta Multidisciplinar da Mama

No documento Relatório de Estágio (páginas 38-41)

3. TRABALHO DE CAMPO

3.2 Consulta Multidisciplinar da Mama

O estágio realizado na Consulta Multidisciplinar da Mama realizou-se entre os dias 1 e 22 de outubro de 2012, na totalidade de seis turnos. Esta tem como objetivo proporcionar o melhor tratamento e a melhor qualidade de vida aos doentes, sendo os mesmos referenciados pelos Cuidados Primários, entre outros. A primeira consulta é realizada pelo médico com especialidade em cirurgia, existindo, tal como referido anteriormente, uma consulta prévia de enfermagem, onde o enfermeiro realiza a colheita de dados relativamente ao doente, demonstra a disponibilidade da equipa de enfermagem para o apoiar e promove a partilha de sentimentos. Se houver indicação médica, os doentes são encaminhados, nesse mesmo dia, para o Serviço de Imagiologia/Anatomia Patológica para esclarecimento do diagnóstico, tendo conhecimento da sua situação clínica cinco dias depois. Em caso de patologia

oncológica, a comunicação do diagnóstico é efetuada na presença de psicóloga e, se possível, do enfermeiro, sendo efetuada também referenciação à assistente social, caso seja necessário. A proposta terapêutica é apresentada ao doente após a reunião multidisciplinar de decisão terapêutica. O papel do enfermeiro consiste no esclarecimento dos tratamentos propostos, bem como na gestão das alterações emocionais decorrentes. De referir que esta consulta é efetuada em sala própria, existindo uma secretária, onde se encontra, atrás da mesma, uma cadeira onde se senta o médico, duas cadeiras à frente (para doente e familiar), uma ao lado do médico e outra perto de onde se encontra o doente (para psicóloga e enfermeira). É providenciada, assim, a privacidade, bem como a não interrupção da consulta, uma vez que a mesma ocorre em horas marcadas. É, portanto, providenciado um ambiente seguro e protetor, tal como Watson (2002) defende. As consultas de enfermagem são realizadas também em consultórios, nos mesmos moldes, o que permite a expressão de sentimentos por parte do doente, mantendo a privacidade, o que vai ao encontro do primeiro passo do protocolo de Buckman, no que diz respeito ao planeamento da entrevista.

Neste serviço, delineei como objetivo geral desenvolver competências de enfermeiro especialista na área da comunicação de más notícias ao doente oncológico, tendo como objetivos específicos aprofundar conhecimentos relativamente à comunicação e gestão de más notícias ao doente oncológico e descrever/refletir nas estratégias utilizadas pelo enfermeiro.

Recorri, deste modo, à pesquisa bibliográfica na Internet, na base de dados da EBSCO e na base de dados do centro de documentação da ESEL, tendo selecionado livros relacionados com a temática, teses de mestrado que abordam aspetos inerentes a este âmbito e artigos científicos (Apêndice II), o que me permitiu um maior conhecimento no que respeita à comunicação de más notícias. Através da conversa informal com a equipa e da observação da sua intervenção, pude constatar as estratégias utilizadas na comunicação e gestão de más notícias direcionadas ao doente oncológico, identificando as etapas do protocolo de Buckman e, posteriormente, refletindo relativamente a estas experiências de comunicação. Na realidade, tal como é constatado na reflexão que elaborei (Apêndice III), o facto de

ter assistido à comunicação de uma má notícia por um profissional especializado e seguindo as linhas orientadoras, de acordo com o Protocolo de Buckman, permitiu um maior conhecimento face ao modo como o mesmo deve ser aplicado. A reflexão escrita permitiu a conceptualização da experiência vivenciada, de modo a ser, posteriormente, experimentada numa situação semelhante, nos próximos locais de estágio.

Considero importante salientar que também tive oportunidade de assistir a alguns momentos de gestão de ansiedade, observando o impacto da cirurgia na vida dos doentes. Na realidade, o facto de a equipa de enfermagem efetuar o acompanhamento dos doentes após a alta, em que estes se dirigem ao enfermeiro para efetuar o tratamento da ferida cirúrgica, permite o estabelecimento de uma relação de maior proximidade e um maior acompanhamento dos doentes no pós- operatório, ajudando os mesmos a lidar com as alterações decorrentes da cirurgia. Estes momentos decorrem em espaos “individualizados”, onde apenas estão presentes o enfermeiro e o próprio doente.

Considero pertinente também referenciar que, perante a má notícia transmitida pelo médico, o enfermeiro assume, posteriormente, um papel primordial na sua gestão, o que constitui uma intervenção fundamental para o doente. Na verdade, a realização deste estágio permitiu-me aperceber da perplexidade/choque manifestada(o) pelos doentes após a comunicação da má notícia, das dúvidas que surgem após a comunicação do diagnóstico, da ansiedade face à situação em si e da necessidade de partilhar/exprimir emoções. Estas observações constituíram um importante contributo para o meu conhecimento e compreensão do impacto da comunicação do diagnóstico na vida do doente e, consequentemente, da importância do enfermeiro. Tal é apoiado por Warnock, Tod, Foster e Soreny (2010), que referem que os enfermeiros se encontram envolvidos em diversos aspetos da comunicação de más notícias (incluindo a gestão das mesmas). Já Khalili (2007) salienta o papel do enfermeiro no envolvimento da família como um todo, dando atenção aos indivíduos que compõem essa unidade. O confronto com estas situações também me fez pensar na minha prática e refletir sobre as minhas dificuldades na gestão de más notícias, pelo que constituiu um aspeto importante na minha aprendizagem.

Com a experiência descrita atingi os objetivos a que me propus, tendo aprofundado conhecimento relativamente à comunicação e gestão de más notícias, bem como observado estratégias para a comunicação e gestão das mesmas.

Concluindo, posso afirmar que a realização deste estágio constituiu um passo importante para o desenvolvimento das competências “estabelece relaão terapêutica com pessoas com doença crónica incapacitante e terminal, com os seus cuidadores e familiares, de modo a facilitar o processo de adaptação às perdas sucessivas e  morte” (OE, 2011, p.2), “possibilita a expressão de preocupações e inquietações, responde adequadamente e reconhece a ansiedade, stress e depressão” (EONS, 2005, p.19) e “usa uma variedade de tcnicas de comunicaão para promover o bem-estar de uma pessoa com cancro” (EONS, 2005, p.18). Permitiu igualmente desenvolver outra competência fundamental preconizada pela EONS (2005), que  “refletir e avaliar criticamente a própria prtica” (p.20).

No documento Relatório de Estágio (páginas 38-41)

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