• Nenhum resultado encontrado

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

2.3 Consultoria Organizacional

2.3.4 Consultoria nas Micros, Pequenas e Médias Empresas

Com o objetivo de facilitar a introdução ao estudo de consultoria nas empresas de pequeno porte, Lara (1993), propõe algumas questões cujas respostas considera relevantes, e que podem ser assim resumidas:

52

- Qual a necessidade que leva as pequenas empresas a utilizarem a consultoria organizacional?

Primeiramente, as pequenas empresas, em geral convivem com grande quantidade de problemas, alguns muito graves, outros nem tanto. As situações graves requerem soluções imediatas, já as outras podem esperar, ou seja, o empresário passa a maior parte de seu tempo resolvendo problemas. Na literatura internacional encontra-se que, geralmente os problemas das pequenas empresas residem nas questões: financiamento e juros, fornecimento e controle de estoques, vendas insuficientes, faltas de pessoal qualificado, legislação e burocracia, competência gerencial, imposto, inflação e má localização.

No Brasil o quadro apresenta semelhanças, portanto, acredita-se que tais fatores sejam responsáveis, em grande parte, pelos casos de fracasso nas pequenas empresas brasileiras. Buscando um novo foco de análise, a consultoria representa uma forma de ajuda externa, o que possibilita aos consultores a concentração de esforços na resolução dos problemas de cada empresa.

- Quem é o consultor de pequenas empresas?

De acordo com uma pesquisa realizada por Kiesner (apud LARA, 1993) nos EUA, contadores e advogados são os profissionais que mais contribuem com as pequenas empresas na solução de problemas de gestão. Em seguida, os dirigentes dessas empresas tendem a ouvir as opiniões de clientes, de outros empresários, gerentes de bancos, revistas especializadas e fornecedores. Os consultores profissionais ocupam o oitavo lugar na lista apontada pelas pequenas empresas para fazer recomendações gerenciais. Na seqüência aparecem: professores universitários, câmaras de comércio, executivos de grandes empresas e a Small Business Administration são também utilizados.

Atualmente, não se duvida que os consultores organizacionais sejam mais utilizados pelas pequenas empresas, em função do aparecimento de novos tipos de serviços

53

desenvolvidos por empresas de consultoria, como por exemplo, nas áreas de definição de estratégias de negócios, controle de custos, melhoria de qualidade, métodos de obtenção de eficiência e eficácia, além de outras técnicas sofisticadas de planejamento, execução ou controle.

- Qual o tipo de atividade que o consultor executa nas pequenas empresas?

É comum que a consultoria organizacional levada a cabo nas pequenas empresas muitas vezes de destine a resolver problemas e a elaborar planejamentos estratégicos, ou a promover mudanças de cunho generalista. Para faze-lo, o consultor trabalha com todo tipo de problemas peculiares a essas empresas. Isso exige do consultor um profundo conhecimento de características típicas do processo de evolução das pequenas empresas. Exige que saiba dos aspectos específicos de diferentes tipos de empresa, tais como estrutura: fase de evolução, estratégias que adotam, bem como as tendências e potencialidades.

Faz-se necessário também o conhecimento de empresa-cliente por inteiro, seu proprietário e o nível de desenvolvimento em que se encontram os dirigentes, em todas as suas características e situações. O consultor precisa conhecer a cultura organizacional, bem como o processo de geração e transmissão das informações. Ao buscar identificar as estratégias utilizadas pela empresa, o consultor estará se resguardando, uma vez que todas as recomendações dirigidas às pequenas empresas, via processo de consultoria, geram conseqüências que afetam a empresa como um todo e chegam a atingir a sua cadeia de valores, concorrentes, clientes e fornecedores.

Embora a consultoria organizacional às pequenas empresas possa ser apontada como generalista, para que as recomendações em finanças, vendas, produção, compras, pessoal, dentre outras, possam ser implementadas com sucesso, devem ser práticas e acessíveis. Completamente, a atividade de consultoria inclui a potencialização da capacidade do pessoal dirigente. Portanto, as funções de consultoria nessas empresas são muito mais amplas e

54

integradoras do que nas grandes empresas, também porque o consultor faz um trabalho individual.

- Quais os resultados da realização de atividades em pequenas empresas, com participação de consultoria organizacional, em termos de produtividade, de eficiência e de eficácia?

Lara (1993) chama a atenção para os estudos empíricos realizados sobre consultoria organizacional em pequenas empresas, chega-se à conclusão de que existem restrições significativas para que as atividades de consultoria se realizem integralmente nessas empresas. Para ele, isso acontece porque os empresários tendem a ouvir as recomendações do consultor e agir conforme sua própria concepção, ou porque a ausência do consultor resulta em descontinuidade das atividades planejadas. Aspectos como: concepção equivocada de consultoria, medo dos custos, não implementação das soluções, a idéia de que ela deve trazer resultados em curto prazo, afetam a efetividade do processo de consultoria.

Estudo realizado por Hankinson, (apud LARA, 1993), apontou que muitos empresários acreditavam que os consultores não eram necessários às pequenas empresas. Esse mesmo estudo constata que, embora a maioria das empresas não tivesse experiência em consultoria, os empresários a consideravam cara, causadora de transtornos e representativa interferência externa. Também declararam que suas empresas eram muito pequenas para contratar consultores, e que não pretendiam utilizá-los, pelo menos enquanto a empresa não se estabilizasse.

No entanto, parece que algo está claro neste contexto, pois as conclusões mais freqüentes das pesquisas indicam que resultados concretos em termos de eficiência econômica, organizacional e social serão possíveis com o desenvolvimento do trabalho em prazos suficientemente longos e com a predisposição dos executivos e empresários em aproveitar ao máximo a colaboração de consultoria.

55

Nesse mesmo sentido, para Hankinson, (apud LARA, 1993), o que mais se encontra na literatura sobre o assunto é a crescente presença da consultoria organizacional nas pequenas empresas, contribuindo com o crescimento planejado e ou com a redução do índice de mortalidade. As referências indicam o crescimento das pequenas empresas com potencial, e a necessidade de consultores organizacionais para ajudar na resolução de seus problemas, especialmente para orientar o desenvolvimento de seus planos operacionais e estratégicos.

Documentos relacionados