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2. O CONSUMIDOR DE VIDEO ON DEMAND

2.3. O CONSUMIDOR DA CONVERGÊNCIA

Quando a internet se tornou um lugar e esse lugar construiu muitos outros espaços de debate e construção de ideias, divulgação de informações, documentos, vídeos e fotos informativos ou pessoais, as notícias ganharam fontes novas e independentes. Qualquer indivíduo pode ser um produtor de conteúdos de informação e entretenimento. Por volta de 2009 até hoje (no Brasil) as pessoas têm constituído, através da internet, novos informantes, novas celebridades, novos atores e atrizes, novos apresentadores e por aí vai, cada um rei de si próprio em seu próprio reino: seu canal no YouTube, seu perfil do Instagram, sua página no Facebook, etc.

As personalidades criadas através das redes sociais são cada vez mais requisitadas, pois o que acontece é uma interação e comunicação entre o produtor de conteúdo e o consumidor desse conteúdo de forma muito estreita, e o produtor desse conteúdo sempre quer saber o que os seus seguidores querem ouvir, saber e ver. Essa interação entre youtubers, bloggers e internautas se vale tanto a informações mais sérias como debates políticos e religiosos como a coisas menos complexas como “Como arrumar sua mochila para um mochilão” ou “Aprenda a usar a famosa técnica de maquiagem coreana” e o tipo de informações que provavelmente nos faria comprar uma revista de viagem ou de moda feminina para ter acesso a esse tipo de informação antes da convergência midiática para a internet. Como explica Jenkins:

Nenhum de nós pode saber tudo; cada um de nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades. A inteligência coletiva pode ser vista como uma fonte alternativa de poder midiático. Estamos aprendendo a usar esse poder em nossas interações diárias dentro da cultura da convergência. Neste momento estamos usando esse poder coletivo principalmente para fins recreativos [...] (JENKINS 2009 p.28)

Tanto informações quanto puro entretenimento são encontradas em muitas fontes na internet, uma das mais acessadas dela é o Youtube, o exemplo perfeito de um site com vídeos on Demand. E o que é o vídeo on demand?

2.3.1 O consumidor da convergência e o video on demand

Video on demand (VoD) é um sistema multimídia interativo que permite aos usuários escolherem um vídeo a partir de um banco de dados e assisti-lo sem que ele precise carregar completamente e sem precisar fazer download, podendo ter sobre ele um controle parecido com o vídeo cassete, em que se pode parar, avançar ou retroceder. E o Youtube é um bom exemplo disso, assim como a Netflix, Amazon Prime Video e Hulu.

Exemplo de arquitetura de streaming centralizado ou cliente/servidor13

A relação do consumidor com o Youtube, muitas vezes, pode ser também uma relação de parceria, já que os consumidores/produtores contribuem com os arquivos no banco de dados do site, o que já faz uma diferenciação imediata do Youtube em relação aos sites que são caracterizados e vistos muitas vezes como TVs online, tendo sua própria programação, em que seus usuários não são seus parceiros ou distribuidores de conteúdo, apenas clientes consumidores.

Esse consumidor de vídeo on demand, mesmo que não seja um produtor de conteúdo direto para essas fontes, ainda é um membro ativo, sobretudo na Netflix, que se empenha em estudos para entender como chamar a atenção do consumidor, buscando prever que tipo de trama o consumidor – sobretudo de séries – está buscando, realizando pesquisas de mercado baseadas em sites de download – uma de suas principais fontes de concorrência. O vídeo on demand também pode ser traduzido como vídeo a pedido, e quem pede, é o consumidor.

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Disponível em: <https://www.gta.ufrj.br/grad/07_2/lucas_paes/VideoonDemand.html 03/05/17>. Acesso em: 04 jul. 2017.

Esse tipo de demanda, a do consumidor de vídeo on demand empreende a ideia de que o consumidor de vídeo on demand não aceita qualquer coisa, ele quer escolher. O consumidor está por dentro de tudo, sempre bem informado, sempre em busca de novidades, a insaciável busca do lazer que move seu prazer. Por isso mesmo os meios de marketing tiveram de se remodelar, juntamente com o consumidor, um se movendo com o outro constantemente, em harmonia, sem mais essa ideia da passividade do consumidor, de sua previsibilidade, como era antes da convergência midiática, onde não existia o vídeo e o consumidor ficava em frente à TV e em frente ao relógio, buscando o horário certo para encontrar uma boa programação na TV.

Como sublinhou Henry Jenkins:

A convergência exige que as empresas de mídia repensem antigas suposições sobre o que significa consumir mídias, suposições que moldam tanto decisões de programação quanto de marketing. (...) Se os antigos consumidores eram tidos como passivos, os novos consumidores são ativos. Se os antigos consumidores eram previsíveis e ficavam onde mandavam que ficassem, os novos consumidores são migratórios, demonstrando uma declinante lealdade a redes ou a meios de comunicação. (JENKINS, 2009 p.46)

Por esses motivos que, muitas vezes, os espectadores se deslocam dos meios mais tradicionais de comunicações para outros menos convencionais, como no caso do deslocamento do consumidor de telenovelas da televisão aberta para seriados em alguma plataforma na internet, como tem acontecido com a explosão de popularidade da Netflix. A manipulação da mídia, sobretudo no Brasil, onde a televisão gerou e ainda gera controle político também é um fator que gera conflitos entre espectadores e os produtores de conteúdo, já que muitos enxergam a manipulação e migram para meios que consideram mais independentes ou menos tendenciosos.

Essa perspectiva demonstra que o problema não está na plataforma e sua não conectividade, - o que já não é mais verdade diante da TV digital e interativa – mas na forma como a programação é apresentada, muitas vezes de uma forma que não acompanha os processos de mudança que o consumidor vem passando.

Essa espécie de conceito que trago, a do consumidor on demand, é a do consumidor de vídeos e outros serviços on demand. Mais distintamente, neste trabalho, me refiro ao consumidor on demand de séries, principalmente séries americanas e britânicas. Refiro-me ao

consumidor de programas de TV seriadas, fictícias ou não, mas principalmente fictícias, tentando não aprofundar-me em programas de reality mas focando no seguimento de ficções. Faço essa distinção porque os programas têm, na maioria das vezes, públicos diferentes e objetivos diferentes de entretenimento, já que os reality shows lidam com pessoas reais em uma situação real – é pelo menos o que esperamos – mas em um cenário montado, temático, construído pelo programa de televisão; enquanto que as séries são produções com construção de roteiros, cenografias, sonoplastia, figuração etc. puramente fictícios.

Toda essa questão sobre a nova forma de consumo e nova identidade de consumidores, a do COVD, me fez pensar muito sobre os indivíduos como não só consumidores de conteúdo na internet, mas também como produtores de conteúdos de informação. Afinal, também podemos ver isso no Banco de Séries, que é um espaço criado por consumidores de séries que agora são “produtores” de informações. Eles compartilham com os usuários do site as datas de exibição das séries e passam novas informações sobre novas séries, inclusive com sinopses, horários de exibição, pôster, datas e detalhes sobre os personagens. Além disso, os próprios usuários do site estão livres para editarem as sinopses dos episódios, podendo até ganhar um badge por isso. Também fora do espaço do Banco de Séries, em toda a internet, milhares de fãs produzem cada vez mais conteúdo sobre os seriados. Sendo críticas, opiniões, fandom, comentários como também produções que já foram feitas por fãs no YouTube, quando eles recriam narrativas e produzem um episódio especial feito por fãs.

2.4. ENTREVISTA APLICADA AO CONSUMIDOR DE VIDEO ON

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