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3.5.2 Consumo de combustíveis fósseis plástico na indústria da moda

No documento Moda (in)consciente (páginas 95-97)

O plástico é uma das causas de morte de inúmeros animais que inocentemente sofrem pelas ações dos humanos. Milhões de animais marinhos morrem todos os anos devido ao plástico encontrado no oceano, acabando por adoecer, enfraquecer e morrer. A origem de todo esse plástico está nas toneladas de lixo que acabam nos mares, quer seja deixado em zonas costeiras, quer vá através dos rios ou arrastado pela força das chuvas. O resultado disto é a drástica redução das populações de muitas espécies. O oceano faz parte do sustento do ser humano, razão suficiente para repensarmos os nossos hábitos e procurarmos soluções sustentáveis. Cerca de 8 milhões de toneladas de plástico vão para os oceanos todos os anos133, e até 2050 poderemos ter mais plástico do que peixes no mar134. Para conscientizar as

pessoas sobre as consequências do uso de plástico, a 14 de Fevereiro deste ano, a ONU lançou um vídeo que incentiva as pessoas a terminarem o seu relacionamento com plásticos descartáveis (sacos e garrafas de plástico, embalagens descartáveis de alimentos, entre outros)135.

«A ONU sugere que uma mudança global para o veganismo é vital para salvar o mundo da

fome, da pobreza de combustíveis e dos piores impactos da mudança climática. Até 2050, precisaremos de 2 Planetas Terra para sobreviver. Algo que não temos!136». A declaração da

ONU dá-nos um abanão na consciência, fazendo-nos pensar no que podemos e devemos fazer para diminuir o nosso impacto na mudança climática, repensando os nossos hábitos de consumo e de estilo de vida. Existem variadas formas de contribuirmos para um mundo mais sustentável, para além do veganismo. Uma pessoa vegana abstém-se voluntariamente do uso

133 99 - <http://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/onu-relacionamento-plasticos/> 134 38 - <https://youtu.be/QB6Cpmi55ig>

135 39 - <https://youtu.be/-DEc16dEMns> 136 80 - <https://www.insectashoes.com/>

de todo e qualquer produto/serviço de origem ou exploração animal, mas nada impede um adepto do veganismo de comprar e consumir um dos maiores contaminadores do planeta – o plástico. A matéria-prima dos plásticos é, na sua maioria, o petróleo. E, o plástico serve de matéria-prima para a fabricação de diversos produtos.

«Em 1997, pesquisadores da Sea Education Society estimaram que o Oceano Atlântico estava

contaminado com 580 000 peças flutuantes de plástico por quilômetro quadrado. De acordo com o Greenpeace, o problema não é apenas o plástico que flutua: 70% do plástico afunda, contaminando o fundo dos oceanos, com cerca de 110 pedaços de lixo por quilómetro quadrado. A degradação do plástico é de até 450 anos. O descarte, na natureza, de material plástico à base de poliuretano, causa problemas ambientais.137».

Não é por deixar de consumir produtos de origem animal que se vai resolver todos os problemas ambientais. «Praticamente tudo o que é produzido causa impacto ambiental. Do

alimento à roupa que a gente compra, tudo requer recursos naturais para ser fabricado: água, solo, energia.138»; «Segundo informa a BBC, o poliéster, por exemplo, que é a fibra

sintética mais usada na indústria têxtil, gasta 70 milhões de barris de petróleo para ser produzido, além de demorar cerca de 200 anos para se decompor.139». Aqui relembro que 58%

das fibras têxteis produzidas mundialmente são derivados do petróleo140.

A pensar nesta problemática, a conhecida marca de produtos desportivos Adidas em parceria com a Parley for the Oceans criou produtos com plástico retirado dos oceanos. O plástico foi recolhido e recuperado pela Parley Global Clean-up Network das áreas costureiras das Maldivas. A iniciativa pretende sensibilizar as pessoas para a poluição plástica nos oceanos. Esta ação representa uma inovação ecológica da marca, com o objetivo de eliminar o uso de plástico virgem na sua cadeia de suprimentos. Além das camisolas de futebol, a iniciativa criou as sapatilhas de corrida UltraBoost Uncaged Parley – 7,000 pares lançados em Novembro de 2016 - com elementos que lembram as ondas do mar. Elas foram produzidas com uma malha feita com uma mistura de 95% plástico reciclado e 5% poliéster reciclado (cada par de sapatilhas usa cerca de onze garrafas de plásticos retiradas dos oceanos). O restante material das sapatilhas também foi produzido com materiais reciclados. «Agora não estamos pensando

só em gerar conhecimento para o problema. Queremos colocar em ação e implementar estratégias que possam acabar com o ciclo de poluição de plástico para sempre. Inovação ecológica é um campo novo de atuação e com o lançamento das camisas Ocean Plastic e o UltraBOOST Uncaged adidas X Parley, nós convidamos cada consumidor, jogador, equipa e torcedor para impactar junto com a Parley e definir seu papel no meio ambiente», comentou

137 103 - <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1stico#Polui.C3.A7.C3.A3o> 138 101 - <https://www.greenme.com.br/consumir/moda/5181-moda-ranking-poluicao> 139 101 - <https://www.greenme.com.br/consumir/moda/5181-moda-ranking-poluicao> 140 3 - Moda ética para um futuro sustentável, pp. 28 e 29.

Cyrill Gutsch, fundador da Parley for the Oceans141. Cerca de 70 milhões de sacos de plástico

estão a ser poupados por ano, desde quando a marca substituiu os sacos de plástico das suas lojas por sacos de papel, evitando que fossem descartados na natureza e nos oceanos inclusive. São passos importantes para a conservação da natureza e para que o consumidor (que deseja fazer uma positiva diferença ambiental através do que consome) se identifique com a marca através de moda mais sustentável.

Segundo a pesquisa de Ferreira (2011), apresentada na sua dissertação, existem plásticos biodegradáveis: à base de amido e celulose; à base de poliéster; solúveis em água. Apesar destes não serem a melhor solução para a produção de vestuário, podem ser utilizados para produzir etiquetas - que normalmente vão para o lixo, mal a pessoa chega a casa com a sua peça de roupa nova.

No documento Moda (in)consciente (páginas 95-97)