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1. Introdução

1.5. Consumo e comercialização de mel em Portugal

A manutenção da saúde, a função dos alimentos e o papel da nutrição na preservação da saúde é um tema extremamente atual e amplamente discutido pelos diversos especialistas e profissionais de saúde. Esta associação entre os alimentos e a saúde gera, por vezes, conflito nos consumidores. Estes, se por um lado querem comer aquilo que realmente gostam, por outro preferem alimentos que não prejudiquem o seu estado de saúde [65]. No entanto a verdade é que os consumidores estão cada vez mais informados e são cada vez mais exigentes na escolha dos seus produtos. Cabe então à indústria alimentar avaliar este binómio, conhecer as necessidades e os gostos do consumidor e ajustar os produtos às suas exigências [66]. Para isto é necessário fazer uma boa avaliação do mercado de acordo com alguns critérios, nomeadamente aqueles que o consumidor tem em mente quando escolhe o produto a comprar. A segurança, qualidade, confiança no produto, preço, embalagem final, marca e origem são alguns dos fatores mais importante para o consumidor. De uma forma geral pode-se dizer que os consumidores exigem qualidade e segurança, juntamente com atributos nutricionais e gastronómicos, e características específicas que demonstram a sua preocupação com a saúde [65].

O mel é um produto conhecido e consumido desde a pré-história. No entanto, nos últimos anos, tem-se verificado um aumento significativo na produção e consumo deste produto a nível mundial, o que se deve essencialmente ao facto do mel estar fortemente relacionado com uma alimentação saudável, com o naturalismo e com as tradições. De acordo com os dados fornecidos pelo Programa Apícola Nacional, no ano de 2010

existiam em Portugal cerca de 17 mil apicultores, 38 mil apiários e 562 mil colónias de abelhas [10].

Uma vez que as características do mel dependem da flora e da espécie da abelha que lhe dá origem, do solo, do estado fisiológico da colónia, o mercado oferece uma vasta gama de produtos com particularidades muito próprias e que podem satisfazer consumidores com gostos muito diversos [67].

Um dos problemas da comercialização de mel é que os produtores não concentram a sua produção visando a comercialização. A maioria dos apicultores presta apenas serviço aos associados, tendo pouca interferência em termos de negócio (falta de dimensão, baixo conhecimento do mercado).

Para melhor avaliar o consumo nacional de mel, a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) realizou um estudo, concluindo que o consumidor, na sua maioria, compra o mel a granel o que significa uma maior perda para o apicultor e para as associações [10]. Uma das formas mais frequentemente escolhidas pelo apicultor para a venda do seu produto é pela relação direta entre o consumidor, como muitas vezes se vê na berma da estrada ou em pequenas ‘feiras’ em que apresentam os seus produtos. No entanto, este modo de comercialização implica apenas 5% do total de vendas de mel. As restantes dividem-se pela venda ao retalhista (10%), indústria (25%) e 60% para embaladores [10].

De acordo com as respostas obtidas através do inquérito aos apicultores profissionais em 2009, realizado pela FNAP, prevê-se uma evolução das quantidades comercializadas em canais de distribuição como a indústria e embaladores, sendo nesse ano, cerca de 26% e 60% das vendas totais, respetivamente [10].

1.5.1. Produção e Consumo Humano

A produção de mel a nível nacional atingiu, em 2005 seis mil toneladas (5686 t), verificando-se um aumento de produção 2007 com 6907 toneladas, no entanto, a tendência de subida alterou-se em 2008 tendo baixado 3,7% (6654 t de mel) [10].

Tabela 14: Nº de apicultores, colmeias e cortiços, e produção de mel dos anos 2006 e 2007 (Fonte: [10]). Nº de apicultores Nº de colmeias e cortiços Produção (kg) 2006 2007 2006 2007 2006 2007 Total 274 357 20918 22095 145790 169085

Analisando a evolução dos dados relativos aos anos de 2006 e 2007, sobre o número de produtores, colmeias e quantidades certificadas, observa-se que a produção nacional de méis DOP tem vindo a aumentar, relativamente ao triénio anterior, embora de forma menos expressiva (registando um acréscimo de cerca de 12% entre 2006 e 2007).

O mel destina-se sobretudo ao consumo humano e é, de acordo com dados, cerca de 700 g/habitante/ano. A utilização de mel a nível industrial, na indústria alimentar e na indústria farmacêutica assume, em Portugal, um papel pouco importante e os valores de utilização são quase residuais.

O consumo de mel per capita (kg/hab.) não tem evoluído de forma constante ao longo dos anos, como se pode verificar na tabela 15. Em 2007/2008 ocorreu o maior consumo per capita (0,8) variando os consumos nos outros anos entre 0,6 e 0,7 kg/hab [10].

Tabela 15: Consumo humano de mel per capita (kg/hab) em Portugal (Fonte: [84])

Período de referência dos dados Consumo humano de mel per

capita (kg/ hab.); Portugal

2010 / 2011 0,6

2009 / 2010 0,7

2008 / 2009 0,7

2007 / 2008 0,8

1.5.2. Acondicionamento e rotulagem

O tipo de acondicionamento durante o armazenamento é muito importante para manter o mel com qualidade, livre de poeiras, insetos e para prevenir cristalizações. Assim, deve ser utilizado material de embalagem adequado, limpo, estanque, inerte e impermeável.

As menções do rótulo são também importantes, garantindo toda a informação relevante para o consumidor. Assim sendo, a informação deve estar em caracteres indeléveis, facilmente visíveis e legíveis [10].

No rótulo devem constar as seguintes informações:

 Denominação de venda, constituída pela palavra «mel» isolada ou acompanhada pela sua classificação;

 Nome da empresa ou denominação social e morada do produtor, importador, embalador ou vendedor;

 Quantidade líquida, expressa em gramas ou quilogramas;

 País de origem e no caso de o mel ser originário de um ou vários Estados membros ou países terceiros, deve ter indicação de: «mistura de méis CE», «mistura de méis não CE» ou «mistura de méis CE e não CE» [10].

Dada a grande importância do mel na alimentação e até em certos distúrbios de saúde, este trabalho pretende dar uma pequena contribuição para o conhecimento da qualidade de alguns produtos comercializados e produzidos no país. O trabalho pretendeu avaliar as alterações do mel ao longo dos anos e mostrar que um bom acondicionamento/conservação permite manter a qualidade do produto por longos períodos. Pretende igualmente desfazer alguns mitos dos consumidores acerca da cristalização do mel.

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