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2. Caracterização da Produção de Energia

2.2.2 Consumo energético primário e final no território nacional

No período de 1996 a 2007, o consumo de energia primária em Portugal aumentou cerca de 25%, como é visível no gráfico da figura 2.7. Esse aumento deveu-se sobretudo ao aumento do consumo de gás natural e de produtos petrolíferos, e à ligeira subida do consumo de energias renováveis. As recentes medidas de desenvolvimento das energias alternativas contribuíram para um ligeiro desagravamento da dependência energética externa do país, face ao valor de 1996 (87%), mas são ainda insuficientes para representar uma mudança significativa (3).

Fig. 2.7: Evolução do consumo nacional de energia primária, por fonte de energia.

Fonte:Direcção Geral de Energia e Geologia, 2008 [69].

A evolução da produção nacional de energia pode ser considerada pouco significativa, quando comparada com o consumo. Em 2007, a produção foi de 4,4 Mtep e o consumo foi de 25,5 Mtep, ocupando o petróleo o papel fundamental na estrutura de abastecimento, com 54% do consumo total de energia primária – ainda assim uma ligeira descida face aos 55% de 2006. A partir de 1997, com a introdução do gás natural, houve uma diversificação das fontes de energia e uma redução da dependência face ao petróleo. O gás natural contém cerca de menos 40% de carbono do que o carvão e menos cerca de 25% de carbono do que o petróleo, pelo que a sua utilização permite uma redução significativa da emissão de gases com efeito de estufa. Em 2007, o gás natural representou 15,0% do

total do consumo. No mesmo ano, o consumo de carvão representou cerca de 11,3% do total do con- sumo. Relativamente a este último combustível, é previsível a redução progressiva do seu peso na produção de electricidade, devido ao seu impacto nas emissões de CO2.

Em 2007 o contributo das energias renováveis no consumo total de energia primária foi de 17,1%, face aos 16,3% em 2006. Este aumento é consequência do investimento feito nos últimos anos em fontes de energias renováveis, para produção de electricidade. Neste âmbito, note-se que, em 2007, a potência instalada foi de 7645 MW (correspondentes a 16861 GWh de energia eléctrica). A distribuição desse valor pelas diversas formas de energia renovável é a seguinte: 4883 MW de energia hídrica, 507 MW de energia de biomassa, 2201 MW de energia eólica, 30 MW de energia geotérmica e 24 MW de energia fotovoltaica. A figura 2.8 mostra o gráfico dessa distribuição, em 2007.

Fig. 2.8: Produção de energia eléctrica, a partir de fontes de energia renováveis.

Fonte: Direcção Geral de Energia e Geologia, 2008 [69].

Relativamente ao consumo de energia final, em 2007, este atingiu o valor de 18,7 Mtep, tendo-se verificado uma redução de 2,1% face a 2006. Registou-se uma diminuição do consumo de 7,1% de petróleo e um aumento de 5,9% de gás natural e de 3,3% em electricidade. O peso dos sectores de actividade económica no consumo de energia final foi de: 29,2% na Indústria, 36,4% nos Transportes, 17,1% no Doméstico, 12,2% nos Serviços e 5,1% nos restantes sectores (incluindo Agricultura, Pescas, Construção e Obras Públicas). Constata-se assim que os sectores da indústria e dos transportes são os que têm maior peso, como se pode ver na figura 2.9.

Fig. 2.9: Consumo de energia eléctrica, nos vários sectores económicos

Observando a figura 2.10 [45], verifica-se que o consumo nacional de energia final cresceu fortemente ao longo do período 1985-2000, com um aumento próximo dos 60%. Apesar de ser comum a todos os sectores, o aumento do consurno de energia final não foi homogéneo. No sector dos transportes registou-se uma subida de cerca de 100%, enquanto que na agricultura o consumo cresceu no período entre 1985 e 1995, apenas 6.6%. Dentro do sector industrial, são as indústrias de minerais não metálicos, cimentos, pasta de papel, vidro, siderurgia, têxteis, vestuário, calçado e indústrias químicas as que mais contribuíram para o consumo final de electricidade. A partir de 2000, verificou- se um crescimento mais moderado, com o objectivo de cumprir os compromissos assumidos no Protocolo de Quioto.

O sector dos serviços e o doméstico aumentaram o consumo energético, reflectindo o

crescimento gradual do bem-estar social e desenvolvimento económico. Em particular, o consumo de energia nos serviços, em 2007, aumentou 0,8% face a 2006. No sector doméstico, assistiu-se a um aumento do consumo de energia eléctrica por unidade de alojamento: 2611 kWh/alojamento em 2007, face a 2544 kWh/alojamento em 2006. Em relação às formas de energia utilizadas, verifica-se a estabilização nos consumos dos produtos derivados do petróleo, a favor do gás natural. Ainda assim, o petróleo e a electricidade são as formas de energia final mais consumidas em Portugal no balanço de todas as actividades económicas [45].

Fig. 2.10: Evolução do consumo nacional de energia final, por sector

Fonte: Agência Portuguesa do Ambiente, 2007 [45].

Uma das consequências do crescimento do bem-estar social e da qualidade de vida é o aumento do número de veículos de passageiros em circulação. Este é considerado um factor determinante no crescimento do consumo do sector dos transportes, com impacto directo nas emissões de CO2. No entanto, e de acordo com os dados da figura 2.11, o consumo per capita de energia final

em Portugal é dos mais baixos da Europa, o que reflecte, em parte, a situação socio-económica e de desenvolvimento do país, face aos restantes membros da UE. Neste âmbito Portugal apresentou, em 2007, um consumo de energia final per capita de 1,76 tep/hab. Relativamente à electricidade, Portugal é também um dos países da UE com menor consumo per capita – cerca de 4799 kWh, em 2006,

correspondendo ao 21º lugar dos países europeus. Só a Bulgária, a Hungria, a Polónia, a Lituânia, a Letónia e a Roménia registaram consumos per capita mais baixos.

Fig. 2.11: Consumo de energia final per capita na UE, em 2005 (tep/hab).

Fonte: Agência Portuguesa do Ambiente, 2007 [45].

Em resumo, as fontes energéticas nacionais são, essencialmente, de origem térmica e hídrica. Relativamente à primeira, a geração de electricidade a partir da queima de combustíveis fósseis regista baixo rendimento médio, o que significa que, por cada unidade de electricidade produzida, o volume de emissões para a atmosfera – e consequente impacte ambiental – é relativamente elevado. Quanto à energia hídrica, está muito dependente dos recursos hídricos disponíveis anualmente no território nacional. Tendo em conta as oscilações sazonais de precipitação e os caudais existentes nas principais bacias hidrográficas, a energia hídrica apresenta algumas reservas, enquanto fonte estável de energia primária (não obstante ser muito importante). Assim, a opção por outras energias renováveis é um facto cada vez mais inadiável.