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O consumo de FDN (CFDN), segundo Waldo (1986), é o melhor e mais simples fator para predizer o consumo voluntário de MS pelos ruminantes. Mertens (1994) comentou que a FDN expressa melhor a propriedade dos alimentos em ocupar espaços do que os componentes fibra bruta e FDA. De acordo com Weiss (1993), a fibra pode ser definida como o componente estrutural das plantas (parede celular), a fração menos digestível dos alimentos, a fração do alimento que não é digerida por enzimas de mamíferos ou a fração do alimento que promove a ruminação e a saúde do rúmen.

Na Tabela 7, encontra-se a comparação de médias de CFDN, em g/dia, %PV e g/UTM. Não houve interação (P>0,05) entre níveis de inclusão de coproduto de caju versus tratamento químico ou não com uréia do coproduto para o consumo de fibra em detergente neutro expresso em g/dia e %PV. Porém, quando expresso em g/UTM, o nível de inclusão interagiu (P<0,05) com o tipo de tratamento químico (tratado ou não com uréia) do coproduto de caju. Embora esta interação na análise de variância tenha sido significativa, o estudo do ajuste de equações de regressão entre essas variáveis não foi significativo para efeitos lineares, quadráticos ou cúbicos, pelo procedimento Stepwise utilizado e, por esta razão, não estão apresentadas neste trabalho.

As médias de consumo de FDN não diferiram (P>0,05) entre os níveis de inclusão do coproduto de caju, bem como não houve diferença (P>0,05) entre as médias de CFDN das dietas que continham coproduto de caju tratado ou não quimicamente com uréia considerando-se as unidades de medida g/dia e %PV. O CFDN quando expresso em g/UTM apresentou diferença (P<0,05) comparando-se os níveis de 6 e 21% de inclusão de CCNT, provavelmente devido ao maior teor de FDN apresentado no nível 21% de inclusão (Tabela 3) que também apresentou o maior valor de CFDN (Tabela 7). Os valores de CFDN dos níveis 6 e 21% foram semelhantes aos demais níveis. Já para o CCTQ, percebeu-se maior CFDN (g/UTM) no nível 16% de inclusão em relação ao nível 21%, sendo ambos semelhantes aos demais.

Concordando com a análise estatística feita para o CMO (Tabela 5), também nos níveis 16% e 21% houve diferenças (P>0,05) entre CFDN (g/UTM) para CCTQ e CCNT. No nível 16% o maior valor foi para CCTQ e para 21%, o maior valor foi para CCNT. Neste último nível, provavelmente os elevados teores de ligninas observados no CCTQ podem ter reduzido o CFDN como discutido anteriormente.

Van Soest (1994) sugeriu como níveis ideais de CFDN para a manutenção do processo fermentativo ruminal entre 0,8 e 1,2% PV, enfatizando que esse limite pode ser ultrapassado, quando a densidade energética da dieta é baixa. O consumo médio de FDN dos ovinos correspondeu a 2,27% PV, estando de acordo com relatos de Mertens (1994), que considerou a FDN um dos principais controladores do consumo de MS pelos ruminantes. Segundo Mertens (1985), a capacidade ótima para ingestão da FDN é de 1% do peso vivo para animais em crescimento. Mertens (1987) relatou ser importante que o teor da FDN não limite a ingestão, para que os animais sejam capazes de consumir quantidades suficientes de MS que atendam às suas necessidades energéticas, não influenciando a produção. O consumo

de FDN em níveis acima de 1,2% do peso vivo do animal (Mertens, 1992) seria um dos principais mecanismos físicos reguladores do consumo de MS.

Tabela 7. Médias de consumo diário da fibra em detergente neutro (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia

Consumo de Fibra em Detergente Neutro (g/dia) (CV = 15,49%)

Tratamento Químico Níveis de inclusão do coproduto de caju Médias

6% 11% 16% 21%

Não tratado com uréia 605,60 661,13 690,50 720,26 669,37

Tratado com uréia 699,94 702,50 756,64 623,05 695,53

Médias 652,77 681,82 723,57 671,66

Consumo de Fibra em Detergente Neutro (%PV) (CV = 10,64%)

Tratamento Químico Níveis de inclusão do coproduto de caju Médias

6% 11% 16% 21%

Não tratado com uréia 2,07 2,24 2,12 2,52 2,24

Tratado com uréia 2,28 2,19 2,53 2,16 2,29

Médias 2,17 2,22 2,33 2,34

Consumo de Fibra em Detergente Neutro (g/UTM) (CV = 8,65%)

Tratamento Químico Níveis de inclusão do coproduto de caju Médias

6% 11% 16% 21%

Não tratado com uréia 48,13Ab 52,16Aab 50,50Bab 58,16Aa 52,24A

Tratado com uréia 53,70Aab 51,99Aab 58,90Aa 49,85Bb 53,31A

Médias 50,91a 52,08a 54,70a 54,01a

*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05). **Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).

Dantas Filho et al. (2007) obtiveram consumo médio de FDN (2,24 %PV e 53,61 g/UTM) semelhante ao encontrado neste trabalho (2,27 %PV e 52,78g/UTM). Borges et al. (2004), também encontraram CFDN semelhante (2,28 %PV e 49,36 g/UTM). Os resultados médios de CFDN obtidos por Ribeiro (2008) também se mostraram semelhantes (584,33g/dia; 2,1 %PV e 48,09g/UTM) aos observados neste estudo, encontrando diferença significativa entre os tipos de tratamentos químicos, bem como entre os níveis de inclusão, quando os consumos foram expressos em %PV e g/UTM. Entretanto, Rogério (2005) estudando a

inclusão de resíduo agroindustrial de caju (19 a 52%) em dietas para ovinos encontrou médias de CFDN superiores (3,24 %PV e 71,53 g/UTM).

O National Research Council (2007) não especifica valores de consumo mínimo de fibra para ovinos. Entretanto, uma quantidade máxima de carboidratos rapidamente fermentáveis (CNF) e uma quantidade mínima de carboidratos lentamente digestíveis (maior proporção da FDN) devem ser providas, e a relação entre estas frações de carboidratos é importante (National Research Council, 2001). Considerando a recomendação feita por Macedo Júnior (2004) de que ovelhas da raça Santa Inês com peso vivo médio de 45 Kg necessitam de no mínimo 28,05% de FDN para que a função ruminal não seja prejudicada, é possível calcular o teor de gramas de FDN/UTM exigidos pelos animais. Como referido anteriormente, o consumo médio diário de matéria seca foi de 78,55 g/UTM, inferior ao recomendado pelo National Research Council (2007), ou seja, 93,61g/UTM. Se considerarmos os percentuais mínimos de inclusão de fibra dietética citados anteriormente, deve haver um consumo médio superior a 26,26 g de FDN/UTM. Desse modo todos os valores ultrapassaram essa recomendação de mínimo consumo de FDN para a adequada funcionalidade ruminal. Se considerarmos ainda a composição química das dietas fornecidas (Tabela 3) verifica-se também que o nível de FDN presente nas dietas experimentais (58,12% em média dos tratamentos) foi superior ao recomendado por Macedo Júnior (2004). Ressalta- se que teores elevados de FDN na dieta limitam o consumo de MS, mas induzem a maior consumo de FDN.

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