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Capítulo II – Farmácia Comunitária

11. Contabilidade e Gestão

11.1 Processamento do receituário e faturação

Tanto a contabilidade como faturação são mecanismos essenciais à subsistência de uma farmácia, permitindo uma melhoria dos cuidados da saúde disponibilizados à comunidade mas também à manutenção da sua infraestrutura e dos postos de trabalho. Como já fora referido anteriormente, a maioria dos medicamentos dispensados numa farmácia comunitária é comparticipada e para que se verifique o reembolso das respetivas comparticipações é necessário que se efetue corretamente o tratamento mensal do receituário, seguindo uma série de passos.

Na Farmácia Normal cada profissional de saúde que preste atendimento é responsável pelas suas receitas, conferindo-as com toda a atenção que lhe é requerida. Se o operador confirmar que a receita se encontra em conformidade então coloca a data, carimba e rubrica. Se for detetado algum erro poderá contactar-se o doente de modo a regularizar a situação. Posteriormente, as receitas são colocadas em gavetas destinadas aos diferentes organismos de maneira a que, quando possível, qualquer um dos elementos da restante equipa possa pegar nelas e voltar a conferir, evitando o máximo de erros possível.

No final, todo o volume de receituário é dividido por organismo e por lotes (cada lote contendo 30 receitas) e organizado por ordem numérica do número de receita. Esta divisão encontra-se facilitada na medida em que no verso da receita é impresso não só o organismo como também um número de receita e um lote, atribuído pelo próprio Sifarma 2000.

Finalmente, cabe à diretora técnica proceder à emissão do verbete de identificação do lote (Anexo XIII). No verbete encontram-se as seguintes informações:

 Nome da farmácia;

 Código da farmácia (atribuído pelo INFARMED);  Mês e ano da respetiva faturação;

 Código e nome do organismo que comparticipa;

 Tipo e número sequencial de lote, no total de lotes entregues no mês;  Quantidade de receitas e etiquetas;

O verbete é carimbado e anexado às respetivas receitas. No final de cada mês, quando estão completos todos os lotes, efetua-se o Resumo de Lotes (onde constam informações como o valor de cada lote, o valor total pago pelo utente nas várias dispensas e o valor a receber em comparticipações) e emite-se a Fatura Mensal (que corresponde ao valor total a receber por cada organismo).

As receitas do SNS vão para a Administração Central do Sistema de Saúde- Centro de Conferência de Faturas (ACSS-CCF), até ao dia 5 do mês seguinte, e as restantes para a ANF, até ao dia 10 do mês seguinte, que é intermediária entre a farmácia e os restantes organismos. Posteriormente, uma das cópias que foi enviada ao CCF é devolvida, carimbada e assinada, como prova da receção do receituário. Na ACSS processa-se a conferência e a determinação dos valores em dívida à farmácia pelo SNS.

No que respeita às receitas rejeitadas, são devolvidas à farmácia acompanhadas de um documento onde está esclarecido o motivo da devolução. A farmácia analisa minuciosamente cada receita devolvida, e caso alguma possa ser corrigida é incluída no receituário do mês seguinte. Quanto às receitas que não podem ser retificadas, a comparticipação não é devolvida passando a constituir prejuízo à farmácia.

No meu estágio tive a oportunidade de acompanhar todo este processo, ajudando-me não só a ter uma noção de todos os aspetos a ter em atenção para a validação de uma receita, como também me permitiu tomar consciência dos principais erros que sucedem com os mais experientes, tentando sempre aprender com eles.

11.2 Documentos contabilísticos

Durante o meu estágio entrei em contacto com alguns documentos contabilísticos, nomeadamente a fatura, recibo, guia de remessa, nota de devolução, nota de crédito, quebras, talão recapitulativo e inventário.

12. Conclusões

Após o tempo de estágio em farmácia comunitária posso afirmar que a formação teórica e teórico-prática adquirida ao longo de quase cinco anos é fundamental e bastante enriquecedora para a formação enquanto farmacêuticos, mas só a vivência do dia-a-dia na farmácia é que nos proporciona um contacto directo com a realidade.

Permitiu-me também aperceber-me mais da realidade que nos rodeia, de utentes que necessitam de profissionais de saúde com competência, ética e profissionalismo e do trabalho que é necessário desenvolver para implementar no mundo prático o conceito de equipa multidisciplinar, pois só levando isto a cabo e evitando desavenças entre classes de saúde é que podemos contribuir para um SNS melhorado.

Tenho, por isso, noção da responsabilidade e da importância que um farmacêutico tem na vida de muitos doentes fazendo com que uma farmácia não seja apenas um local de dispensa de medicamentos, mas também um local onde a preocupação máxima é a de promover a saúde de quem a frequenta.

Considero que os objectivos definidos para o estágio foram cumpridos, podendo afirmar que, para além de uma experiência única e bastante enriquecedora, o estágio foi definitivamente um importante elo de ligação entre a formação académica e a realidade profissional. É também muito gratificante ver a mudança de atitude dos utentes, sendo que inicialmente preferiam ser atendidos por alguém mais experiente, mas que gradualmente foram confiando nos meus conhecimentos.

Nem tudo foi fácil e muitas foram as dificuldades, as dúvidas, os medos que senti ao longo deste estágio mas que acabou por ser uma experiência única pela qual estou verdadeiramente agradecida à equipa que me recebeu e me fez sentir acolhida, transmitindo-me os valores e a postura que um verdadeiro farmacêutico deve ter no exercício da sua profissão.