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Para Brooks (1988) a contabilidade gerencial é aquela determinada internamente por cada organização como forma de resposta a sua particular necessidade.

Segundo Gilio e Afonso (2013), “o foco interno e a menor rigidez no uso de critérios contábeis determinam o conceito de contabilidade gerencial”. A principal característica dessa parte da contabilidade é o foco no usuário interno para os processos de tomada de decisão, planejamento, coordenação de pessoas e avaliação de desempenho (GILIO; AFONSO, 2013).

Segundo Garrison, Noreen e Brewer (2013) o objetivo da contabilidade gerencial tem sido voltado para as responsabilidades de planejamento, orçamento, direção e motivação, envolvendo a mobilização de pessoas para a execução dos planos, o controle e análise de desempenho financeiro e não financeiro, e, ainda, a gestão da cadeia de valor.

Para Frezatti, Aguiar e Guerreiro (2007) “a contabilidade gerencial por não ser normativa pode ser entendida de diversas maneiras dependendo da visão do autor”. Para Frezatti, Aguiar e Guerreiro (2007) apresentaram diferentes conceitos de contabilidade gerencial na percepção de vários autores, como mostra o quadro 2 a seguir:

Fontes Conceito/Objetivo sobre contabilidade gerencial

Anderson, Needles e Cadwell (1989)

Processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação da informação financeira usada pelos gestores para planejar, avaliar e controlar dentro da organização para assegurar o apropriado uso e accountability dos seus recursos.

Louderback et al. (2000)

Prover informações para dar apoio às necessidades dos gestores internos da organização. Anthony e Welsch

(1981)

Fornecer informações úteis para os gestores, que são pessoas que estão dentro da organização.

Hansen e Mowen (1997)

Identificar, coletar, mensurar, classificar, e reportar informações que são úteis para os gestores no planejamento, controle e processo decisório.

Horngren, Foster e Datar (2000)

Medir e reportar as informações financeiras e não financeiras que ajudam os gestores a tomar decisões, para atingir os objetivos da organização.

Horngren, Sundem e Stratton (2004)

Processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais.

Quadro 2 – Comparação de conceituações disponíveis

FONTE: Adaptado de Frezatti, Aguiar e Guerreiro (2007, p. 12)

Para Garrison, Noreen e Brewer (2013), ao abordar sobre a contabilidade gerencial é necessário distingui-la da contabilidade financeira, uma vez que existem algumas diferenças entre elas, principalmente relacionados ao foco no usuário, em que a contabilidade gerencial é

mais focada no usuário interno enquanto que a financeira é mais focada no usuário externo como mostra o quadro 3 a seguir:

Contabilidade financeira Contabilidade gerencial

Usuários externos: Credores, Fisco, entre outros; Usuários Internos: Administradores, Diretores; Obrigatoriedade de Publicação; Não é obrigatória;

Precisão nas Informações; Informações Oportunas; Objetividade e possibilidade de verificação; Ênfase na relevância;

Ênfase em atividades passadas; Ênfase nas decisões voltadas para o futuro; Quadro 3 – Diferenças entre contabilidade financeira e gerencial

FONTE: Adaptado de Garrison, Noreen e Brewer (2013)

Para Para Frezatti, Aguiar e Guerreiro (2007) os principais aspectos que diferenciam contabilidade gerencial da financeira estão relacionados à aplicação de princípios, foco de análise, grau de confiabilidade, agentes envolvidos e frequência da emissão de relatórios.

Segundo Gilio e Afonso (2013) a contabilidade gerencial sofreu grandes mudanças com adoção das IFRS principalmente quando relacionada à contabilidade financeira que historicamente eram distintas e agora com a convergência das IFRS houve uma aproximação da prática das duas modalidades de contabilidade, já que apresentam conceitos e critérios similares.

Para Gilio e Afonso (2013) com a convergência das normas IFRS no Brasil algumas normas tiveram maior impacto quando relacionadas à contabilidade gerencial e financeira, o que determinou uma aproximação das duas contabilidades. Para os autores, tiveram impactos significativos as seguintes normas, conforme o quadro 4 a seguir:

Normas Principais Mudanças

CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro

O princípio econômico e a aproximação da informação para a tomada de decisão, tratados na limitação entre confiabilidade e relevância.

CPC 01 / IAS 36 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos

A alteração de valor tende a ser reconhecida no ato da identificação, independentemente de o evento já ter ocorrido.

CPC 04 / IAS 38 – Ativo Intangível Estabelece a conta para ativos intangíveis. CPC 06 / IAS 17 – Operações de Arrendamento

Mercantil

O arrendamento operacional deve ser contabilizado como um contrato de locação e por seus atributos econômicos. CPC 15 / IFRS 3 – Combinação de Negócios Definição de entidade Adquirente e Adquirida; Registro

de Ativos e Passivos a valor justo; Valor do ágio como valor residual.

CPC 22 / IFRS 8 – Informações por Segmento Exige divulgação de informações sobre receita, lucro e ativos de cada segmento operacional da entidade, informações sobre o grau de dependência dos principais clientes e, também, informações geográficas.

CPC 25 / IAS 37 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

Provisionar o valor se o caso for considerado provável. Quando o caso for considerado como possível, os valores não devem ser provisionados, pois são apenas contingentes.

CPC 27 / IAS 16 – Ativo Imobilizado A depreciação dos ativos e a respectiva despesa de depreciação são regulamentadas de forma que sejam contabilizadas pelo atributo econômico do consumo do ativo.

CPC 28 / IAS 40 – Propriedade para Investimentos

A contabilização dos ativos da entidade pelo valor justo. CPC 30 / IAS 18 – Receitas Adoção da essência econômica de forma clara para

evidenciar divergências entre as contabilidades gerencial e financeira; Exclusão de tributos sobre a receita como conta da demonstração de resultados.

CPC 38 / IAS 39 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração

A contabilização a valor justo de instrumentos financeiros.

Quadro 4 – Principais mudanças da convergência das normas IFRS no Brasil FONTE: Gilio e Afonso (2013)

Para Gilio e Afonso (2013), de todas as normas CPC, as onze citadas no quadro 4 acima (CPC 00, 01, 04, 06,15, 22, 25, 27, 28, 30, 38) foram as que promoveram maiores impactos quando relacionadas à contabilidade gerencial e financeira e tiveram maior relevância para as entidades. Os autores ainda, afirmam que o CPC 28 – Propriedades para Investimento e o CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração foram às normas que tiveram as mudanças mais impactantes às entidades, já que ambas tratam da mudança da contabilização a valor justo.

De acordo com CPC (2015), o valor justo é definido pelo pronunciamento técnico CPC 46/IFRS 13- Mensuração do Valor Justo “como o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração”.

Araújo et al. (2014), em pesquisa, concluiu que a principal mudança com a convergência das normas contábeis no Brasil na opinião dos docentes entrevistados está relacionado a ênfase no valor justo e a mudança no paradigma da “essência sobre a forma”. Além disso, a pesquisa concluiu que os entrevistados acreditam que há um processo de integração da contabilidade gerencial com a contabilidade financeira pós-convergência das normas IFRS. Entretanto, essa integração é gradativa, de longo prazo.

Conforme as pesquisas de Araújo et al. (2014) e de Gilio e Afonso (2013), os grandes impactos provocados pela convergência das normas internacionais contábeis na contabilidade

gerencial se referem principalmente a mensuração pelo valor justo, representado pala norma CPC 46 /IFRS 13 – Mensuração do Valor Justo.

Segundo Gilio e Afonso (2013) a pesquisa evidenciou que grande parte dos respondentes afirma que o conceito de valor justo não só aproximou a contabilidade gerencial da financeira como também tem grande influência na tomada de decisão das empresas, o que mostra que a aplicabilidade da mensuração a valor justo tem um elevado grau de importância para as empresas.

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