• Nenhum resultado encontrado

Contabilização das entradas e saídas elegíveis para efeitos do benefício

Parte II – Metodologia de Investigação

4.4. Análise Jurisprudencial

4.4.3. Contabilização das entradas e saídas elegíveis para efeitos do benefício

Tabela 29 - Acórdão do STA sobre a elegibilidade da conversão de contratos a termo em contratos sem termo, para efeitos de benefício fiscal à criação de emprego

Fonte Data Processo Tema Decisão

Supremo Tribunal Administrativo (STA) 2009/02/25 0916/08 IRC; Benefícios Fiscais; Criação de Emprego; Criação Líquida de Postos de Trabalho

Não são elegíveis os encargos com os trabalhadores cujos contratos a termo se converteram em contratos sem termo, para efeitos do benefício fiscal à criação de emprego

Fonte: Adaptado STA

Verificamos na tabela 28 que no acórdão processo n.º 0916/08 o STA decidiu que não são considerados elegíveis os encargos com os trabalhadores cujos contratos a termo se converteram em contratos sem termo, para efeitos do benefício fiscal à criação de emprego.

4.4.3. Contabilização das entradas e saídas elegíveis para efeitos do benefício fiscal à criação de emprego

A questão 3 versa sobre a contabilização das entradas e saídas elegíveis para efeitos do benefício fiscal à criação de emprego.

Decisão arbitral processo n.º 134/2012-T a) Descrição do caso

A decisão arbitral processo nº 134/2012-T data de 22-08-2013 com o tema “Benefício fiscal à criação líquida de emprego e dupla tributação internacional”.

Neste processo foi requerida a constituição de Tribunal Arbitral pela sociedade dominante do Grupo “A…”, solicitando a declaração de ilegalidade parcial da liquidação de IRC relativa ao exercício de 2009 do Grupo fiscal “A…”.

A AT corrigiu o lucro tributável apurado por “B…SA”, uma das sociedades do Grupo, porque no exercício de 2009 para efeitos de cálculo do benefício fiscal à criação de emprego a “B…SA” considerou um número de postos de trabalho criados superior ao calculado pela AT.

b) Alegações da Requerente

A requerente alega que não deve ser incluído para efeitos do apuramento da criação líquida de postos de trabalho, os postos de trabalho criados anteriormente ao início do regime introduzido pela Lei n.º 72/98, de 3 de novembro, uma vez que “não influencia positivamente (entradas ou admissões) a aplicação do benefício, não devendo também influenciar negativamente (saídas, máxime por reforma, ou por outra razão) a aplicação do mesmo”.

Concretamente está em causa o facto de no cômputo das entradas e saídas do ano de 2009 terem sido considerados pela Inspeção Tributária sete trabalhadores admitidos entre 1967 e 1979 que, entretanto, se reformaram e que, inclusive, à data da entrada em vigor do regime tinham já mais de 30 anos. A requerente não vê “como se possa fazer revelar na contagem das saídas trabalhadores entrados em data anterior ao início de aplicação deste benefício fiscal e cujas entradas, por isso mesmo, jamais beneficiariam da aplicação do regime de incentivos aqui em causa”.

A requerente alega ainda “que é a primeira vez que em muitos anos de aplicação do incentivo fiscal à criação de emprego para jovens” que a Inspeção Tributária aplica tal critério. Considerando, portanto, que esta mudança interpretativa ocorrida em 2011, aplicada retroativamente a 2009 lesa gravemente a segurança jurídica e consubstancia uma manifestação juridicamente condenável de retroatividade da lei fiscal salientando

que há “violação do princípio da justiça e da boa-fé na sua vertente da tutela da confiança”.

c) Alegações da Requerida

A AT, na qualidade de requerida, entendeu que a correção efetuada ao lucro tributável não viola o princípio da justiça e da boa fé, na vertente da tutela da confiança e, nem sequer há uma aplicação retroativa da lei fiscal tal como invocado pela requerente. A AT salientou que “não há aplicação retroativa da norma pelo facto de se considerar relevante a idade do trabalhador à data da constituição do vínculo laboral” explicando que a lei em vigor à data dos factos determina que seja considerada a idade do trabalhador à data da constituição do vínculo e não determina que se considere apenas a idade dos trabalhadores que tenham sido admitidos depois da entrada em vigor da lei. Sendo assim “o fator relevante é a idade do trabalhador à data da constituição do vínculo laboral, sem qualquer restrição quanto ao momento em que esse vínculo se constituiu”.

Concluiu a sua alegação referindo que o legislador define “de forma clara os requisitos para que os trabalhadores admitidos possam ser elegíveis, bem como os trabalhadores cuja saída deve contribuir negativamente para o cálculo, indicando que, neste caso as condições são verificadas à data do início do vínculo.” Acrescenta ainda que “o legislador não faz depender a qualificação de saída elegível o facto de admissão ter ou não sido efetuada no âmbito deste benefício ou sequer da sua vigência”.

d) Decisão do Tribunal

O Tribunal não acolheu as alegações apresentadas pela requerente.

O Tribunal verificou que as saídas de trabalhadores da requerente no ano de 2009, que à data da respetiva admissão se encontravam nas condições da alínea a) do n.º 2 do artigo 19.º do EBF totalizam o valor de 14 colaboradores. E verificou que a criação líquida de postos de trabalho no exercício de 2009 foi de 2 postos de trabalho decorrente da contratação de 16 trabalhadores e da saída de 14 trabalhadores.

Os cálculos apresentados pelo Tribunal referentes à criação líquida de postos de trabalho foram ao encontro do valor calculado pela AT.

O Tribunal improcedeu o pedido da requerente concluindo que é “abusivo e não tem qualquer substrato legal ou jurídico” o facto de a requerente afirmar que a AT aplicou retroativamente a lei fiscal quando foram abrangidos de acordo com o artigo 19.º do EBF

trabalhadores com vínculos iniciados anteriormente à data de início da vigência do EBF. Justifica o Tribunal Arbitral que “a própria Lei (…) dissipa quaisquer dúvidas a esse respeito (Cfr artigo 12º-2, do C. Civil)”.

O Tribunal refere que o caso em questão “compreende-se à luz da razão ou causa do benefício fiscal: a criação líquida de emprego”. Relembrando que em 2007 o EBF sofreu alterações e que o legislador “de forma inovadora (…) veio consagrar o conceito legal de criação líquida de emprego”.

Deste modo à luz da redação do artigo 19.º EBF vigente em 2009, “constituem saídas elegíveis para efeitos da criação líquida de emprego todas as situações em que haja cessação de contratos de trabalho a termo incerto se os respetivos trabalhadores à data da sua admissão tinham idade superior a 16 e inferior a 35 anos, inclusive, com exceção dos jovens com menos de 23 anos que não tivessem concluído o ensino secundário”.

Em suma não fazia qualquer sentido a “aplicação restritiva ou desconsideração dos movimentos nos quadros das empresas anteriores a 1998” para efeitos do cálculo da criação líquida de postos de trabalho.

A tabela 30 apresenta uma síntese da decisão arbitral, processo n.º 134/2012-T analisada anteriormente sobre a contabilização das entradas e saídas elegíveis para efeitos do benefício fiscal à criação de emprego.

Tabela 30 - Decisão arbitral sobre a contabilização das entradas e saídas elegíveis para efeitos do benefício fiscal à criação de emprego

Fonte Data Processo Tema Decisão

Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD) 2013/08/22 134/2012-T IRC – Benefício fiscal à criação líquida de emprego e dupla tributação internacional

Para efeitos de cálculo da criação líquida de postos de trabalho não devem ser desconsiderados movimentos nos quadros das empresas anteriores ao início da vigência do benefício fiscal à criação de emprego (1998)

Fonte: Adaptado CAAD

Da leitura da tabela 30 constatamos que o Tribunal Arbitral entendeu que para efeitos de cálculo da criação líquida de postos de trabalho não devem ser desconsiderados as entradas elegíveis de trabalhadores, nos quadros da empresa anteriores ao início da vigência do benefício fiscal à criação de emprego (1998).

4.4.4. Ajustamento do valor da majoração, para efeitos do benefício fiscal à