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A Comissão de Iniciativa da Covilhã, com o propósito de levar a bom termo o seu objectivo, ou seja, o desenvolvimento da actividade turística da região, recorreu às mais variadas estratégias, como por exemplo estabelecendo contactos com os diversos organismos do país e, também, internacionais e contactos com particulares. Estes eram estabelecidos através de visitas pessoais (deslocações a Lisboa e outros locais) e, principalmente, por ofícios e cartas.

A C.I.C., consciente que uma boa cooperação era fundamental para a sua acção e recorrendo a várias personalidades que detinham alguma influência, sobretudo, política, não se remediou apenas nos contactos estabelecidos e explicados no presente capítulo mas, também, ao longo de todo o trabalho. Optou-se por referir neste capítulo os contactos que não foram ainda anteriormente mencionados e que se justifica serem- no neste espaço pela sua importância ou pela frequência com que surgem nas actas das sessões da Comissão de Iniciativa da Covilhã.

Dado tratar-se de um tema cujas fontes nos fornecem as mais variadas informações, decidiu-se agrupar e desenvolver os inúmeros contactos estabelecidos ao longo dos sete anos da Comissão de Iniciativa e Turismo da Covilhã nos seguintes assuntos: contactos com as Comissões de Iniciativa de Coimbra, de Manteigas, de Viseu e com outras referidas com menor frequência; contactos com o Conselho Nacional de Turismo (nomeadamente aquando da realização do I Congresso Nacional de Turismo); contactos com personalidades do meio político e, obviamente, de menor frequência, com António de Oliveira Salazar; convites endereçados a diferentes figuras do país; contactos relacionados com diversos congressos (Congresso de Hidrologia e Congresso das Beiras) e com algumas entidades espanholas; por fim, contactos com o Orfeão da Covilhã e com um turista a quem foi entregue uma indemnização. Obviamente que muitos outros contactos se estabeleceram com as mais diferentes entidades.

A correspondência trocada entre a C.I.C. e a Comissão de Coimbra é, de facto, a mais evidente, seguindo-se-lhe a Comissão de Iniciativa de Manteigas, a de Viseu e ainda bastantes outras espalhadas um pouco por todo o país. Assim, logo na acta da primeira sessão lemos que a Comissão de Iniciativa da Covilhã recebera anteriormente um ofício da

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sua congénere de Coimbra, aludindo-se ainda nesse texto à visita do Administrador- -Delegado da C.I.C. a esta cidade para que se realizasse uma reunião com vista à promoção

da “grande zona de Turismo Coimbra-Viseu-Covilhã, compreendendo a Serra da Estrela”, pedindo-se que fosse a C.I.C. a marcar a data desse encontro258. Como resposta, a entidade covilhanense mostra a sua satisfação; porém, solicita à Comissão de Coimbra que fosse esta a apontar o dia da reunião, o que, a ter acontecido, não se registou em acta. Pelo contrário, as referências acerca da zona Coimbra-Leiria-Covilhã e dos contactos com a Comissão de Iniciativa da primeira cidade do triângulo são em número superior, datando a primeira de 22 de Abril de 1931. Neste mês a entidade informa que a reunião entre os Delegados das três Comissões teria lugar no final de Abril ou início de Maio, enviando ainda um questionário sobre o intercâmbio excursionista. Sobre o assunto escreveram-se as seguintes linhas no Notícias da Covilhã: “A Comissão está aguardando instruções (...) para ali ir uma deputação a tomar parte na projectada reunião conjunta das três Comissões de

Iniciativa de Coimbra- Leiria-Covilhã, afim ?sic? de se estabelecer um acordo de

intercambio excursionista e se tomarem resoluções de grande interesse para as tres zonas de turismo.”259.

O encontro, porém, não se realizaria na data prevista, visto que a 14 de Maio um ofício de Coimbra o protelava para Outubro, o que desagradou à C.I.C., registando-se a resolução daí resultante : “Que se lhe oficie fazendo-lhe notar que sendo de pouca demora as questões a debater nos parecia um erro adiar para tão tarde esta reunião, propondo para

que de novo fosse ponderado o assunto.”260. Como até Novembro nada se resolvera, a

C.I.C. contacta de novo a congénere de Coimbra, pressionando o seu Presidente a marcar para breve o encontro entre os organismos. Sobre o desenrolar ou o desfecho do caso nada se sabe, já que nem as actas nem a imprensa sobre ele fizeram notícia.

Dois anos depois, a pedido da Comissão de Iniciativa de Coimbra, remetem-se algumas informações sobre a taxa de turismo a incidir sobre hotéis, pensões, casas de hóspedes e restaurantes, constituindo esta a penúltima referência a essa Comissão. A última menção directa em acta registar-se- ia em Julho de 1935, quando se refere ter sido já anteriormente chamada a atenção dessa entidade para os “abusos que se estão cometendo naquela cidade” a respeito da “falta de inclusão do vinho regulamentar às refeições,

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Acta de 14/11/1929

259 “Turismo”, Notícias da Covilhã, 07/06/1931 260

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mormente, no Hotel Avenida, onde esteve recentemente hospedado o Presidente da C.I.C. e foi vítima da mesma irregularidade.”. Não sabemos o teor da resposta, embora saibamos que ela não agradou à Comissão da Covilhã, que decide recorrer à Sociedade Propaganda de Portugal para que esta pusesse termo “a semelhante abuso”261.

Com a Comissão de Iniciativa de Manteigas iniciam-se contactos em Abril de 1931, mês em que esta saúda as suas congéneres da Serra e comunica a sua instalação, evidenciando a importância do mútuo entendimento em prol dos assuntos respeitantes à região. Como resposta agradecem-se as saudações e questiona-se o seu plano de melhoramentos, de forma a se poder trabalhar lado a lado.

Passadas somente duas semanas, a C.I.C. recebe novamente um ofício de Manteigas, no qual perguntava se, em virtude do § único do art.º 32º do Decreto n.º 15/465, de 4 de Maio de 1928, deixara ou não a entidade de cobrar a taxa de turismo nos diversos alojamentos turísticos e restaurantes. Em Outubro pedem-se outras informações, desta feita sobre a cobrança das percentagens adicionais para as contribuições gerais do Estado.

As boas relações estabelecidas entre as Comissões de Iniciativa da Covilhã e de Manteigas estendiam-se a outros organismos, como às respectivas Câmaras Municipais e até ao Ski Club de Portugal. É disso exemplo a reunião realizada em Dezembro de 1934, em que se prepara um plano conjunto para a propaganda da Serra da Estrela e dos Desportos de Inverno, participando todos no arranjo do campo de ténis para patinagem sobre o gelo, na limpeza da estrada que conduzia às Penhas da Saúde e na oferta de

prémios nas provas desportivas realizadas nesse local262. Para que essa acção comum em

prol do desenvolvimento turístico da Serra desse mais e melhores resultados, decide-se convidar no mês seguinte os Governadores Civis da Guarda e de Castelo Branco, as Juntas Gerais destes distritos e outras individualidades oficiais, não sendo estas especificadas em acta, para se trocarem impressões a esse respeito.

Esta atitude cooperante ao nível do planeamento do turismo com algumas das entidades dessa zona interior do país e, como se viu, até da península, fez-se sentir de forma mais notória a partir dos últimos anos de actuação da C.I.C. e, principalmente, desde

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Acta de 31/07/1935

262 Apesar da convivência amistosa das duas Comissões, convém não esquecer que entre elas subsistia ainda o problema da delimitação das respectivas áreas de jurisdição, que viria a ser resolvido somente em 1936 com o novo Código Administrativo, situação já descrita no presente trabalho. Não obstante esses conflitos territoriais, pela troca de pedidos e de informações podemos perceber que havia boa vontade em se estabelecer um bom relacionamento entre a Covilhã e Manteigas.

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a reunião de Dezembro de 1934, já que nem sempre o abraço conjunto dessa causa se mostrara tão forte. Em Abril desse ano, por exemplo (mês em que António de Oliveira Salazar esteve nas Penhas da Saúde), foram- lhe oferecidas — note-se, apenas pela Comissão de Iniciativa da Covilhã — diversas fotografias e postais da Covilhã e da Serra, bem como umas ampliações com a sua efígie, “lembrança que o cativou”. Além disso, entregaram-se também algumas publicações de propaganda editadas pela C.I.C. e umas placas de barro com motivos regionais, ofertas estas que deveriam “produzir os melhores resultados, visto que conseguiram despertar no Presidente do Governo o interesse pela

nossa causa — pela justa causa do engrandecimento da Covilhã.”263.

Aquando desta sua passagem pela região, muitos foram os artigos que se redigiram na imprensa local e nacional, como podemos ler, por exemplo, nos jornais Notícias da

Covilhã, Vanguarda, O Comércio do Porto, Novidades, O Século ou Diário de Coimbra264. Note-se, no texto abaixo transcrito, como se relatou a ânsia da C.I.C. em falar com o Presidente do Conselho e a brevidade da visita:

A visita do sr. dr. Oliveira Salazar à Covilhã e à Serra da Estrêla

COVILHÃ, 4 — Como noticiámos telegràficamente, ontem, cerca das 14 horas, atravessou esta cidade em direcção às Penhas da Saúde — Serra da Estrela.

Foi reconhecido casualmente quando o automóvel parou na Praça do Município, para alguém que nele viajava se informar de qual o caminho a seguir para as Penhas da Saúde.

Imediatamente avisada a Comissão de Turismo, partiram sem demora, os srs. João Alves da Silva e Joaquim Gonçalves de Carvalho (...).

Avistaram-se com o ilustre estadista nas Penhas da Saúde, com o qual trocaram impressões sôbre as suas obras a realizar inadiàvelmente: a estrada e o hotel. (...)

Foi inteirado do crescente movimento que se regista na Serra da Estrêla, pela atracção das suas belezas naturais e pela sua especial particularidade de, no inverno, permitir a prática dos desportos próprios, sôbre a neve e o gêlo. (...)

O sr. dr. Salazar quis também experimentar a sensação da neve, comprimindo um bloco nas suas mãos. (...)

Já nenhum automó vel, porém, ali chegou a tempo de encontrar Sua Ex.ª. (...)

Foi pena que não se demorasse mais tempo para poder admirar detidamente o movimento desportivo e os vários pontos da montanha.

A maneira inesperada e rápida como fêz a visita não deu sequer ensejo a ser cumprimentado

263 Acta de 11/04/1934 264

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pelas autoridades em nome da cidade. (...)

Novidades, 06/04/1934

Também no que respeita a António de Oliveira Salazar, lê-se em Maio de 1934 um cartão enviado pelo Presidente do Conselho a agradecer o telegrama de felicitações da C.I.C., referindo este último a sua nomeação como cidadão honorário da Covilhã:

No momento que Comissão Municipal Administrativa acaba nomear Vossa Excelencia cidadão honorário Covilhã esta Comissão Iniciativa saúda efusivamente Vossa Excelencia associando- -se do coração tão honrosa e merecida homenagem.

Ainda a propósito da visita de figuras da vida política portuguesa, cabe ainda referir que, ao tomar conhecimento da visita dos Ministros da Marinha, da Guerra e da Justiça à Serra em finais de 1931, começa a C.I.C. a preparar um “Memorial”, o qual chegaria de facto a ser entregue, que sublinhava “as necessidades mais urgentes da Serra e pedindo os seus bons ofícios junto do Governo e particularmente junto do Ministro do Comércio e Comunicações, no sentido de ser concedido à C.I.C. um subsídio de 250.000$00 para a sua realização.”265.

Como facilmente se constata, a Comissão de Iniciativa da Covilhã não deixava de aproveitar a visita de membros do Governo central para lhes chamar a atenção para a necessidade de olharem também para o interior do país, tantas vezes esquecido e de futuro sempre adiado. As estratégias adoptadas iam, assim, desde o diálogo e da entrega deste género de documentos até ao elogio e à oferta de recordações relacionadas com a Covilhã e a Serra da Estrela.

Também a Comissão de Iniciativa de Viseu contactou a C.I.C., tendo-o feito pela primeira vez em Agosto de 1931, momento em que solicitou ser informada sobre várias questões (não especificando quais) relacionadas com o turismo na zona da Serra, de modo a satisfazer um pedido da Chester, Merril, Ramos & C.ª, que tencionava enviar grupos de turistas a Portugal. Sabemos pelas actas que esta firma já se dirigira ela própria à C.I.C., fazendo também esse pedido. Em Janeiro de 1933 a entidade viseense felicita a publicidade levada a cabo a favor da Serra e comunica pretender visitar a C.I.C. a fim de trocar impressões sobre o turismo nas Beiras. O último contacto tem data de Novembro desse

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ano, quando a Comissão de Viseu pede à da Covilhã que a elucide sobre a escrituração das cobranças das taxas de turismo nos hotéis.

A correspondência trocada entre a C.I.C. e outras Comissões de Iniciativa teve os mais diferentes objectivos, sendo de realçar os seguintes: divulgação e envio de materiais de publicidade turística, nomeadamente álbuns, cartazes e fotografias das Comissões de Alcobaça, Setúbal, Évora, Vila do Conde, Sintra, Póvoa de Varzim, Tomar, Lagos, Cascais, Vizela e Leiria, ou justificações para o não envio dos mesmos, feitas pelas

Comissões de Óbidos, Viana do Castelo e S. Martinho do Porto266; pedidos de cartazes

publicitários da C.I.C., feitos por inúmeras Comissões; anúncio das datas de

acontecimentos diversos, como a do início do concerto dos carrilhões de Mafra267; pedidos

variados, de que é exemplo o dirigido à C.I.C. em Janeiro de 1933 pelas Comissões de Santarém e de Moura, as quais solicitavam o envio de uma cópia do seu Regulamento Interno, a que se referia o art.º 10º da Lei n.º 1152 de 23 de Abril de 1924, ou ainda o que foi feito pela Comissão das Caldas da Rainha em Junho de 1934, que pedia algumas informações acerca do seu orçamento para o ano económico seguinte, de forma a se efectuar um estudo relacionado com o turismo; convites à Comissão de Iniciativa da Covilhã por outras Comissões como, por exemplo, o convite da Comissão de Santarém para visitar a Exposição-Feira de 31 de Maio de 1936, respondendo-se afirmativamente e

envidando-se “esforços no sentido de ?se? realizar, para este fim, um comboio especial

àquela cidade, para o que se efectuarão as necessárias diligências junto da C.P.”268.

O Conselho Nacional de Turismo, órgão investido então de valiosos poderes no âmbito do turismo em Portugal, é referido frequentemente nas actas da Comissão. Em Fevereiro de 1932 convidam-se, além do C.N.T., a Sociedade de Propaganda de Portugal,

o Automóvel Club de Portugal269 e a Comissão de Iniciativa de Coimbra, a fazerem-se

representar numa visita à Serra “nesta época em que a Serra oferece aos visitantes um espectáculo surpreendente”, com o intuito de se expor a situação económica da C.I.C. e de

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Acta de 30/12/1931 266

Acta de 05/11/1930. A Comissão de Iniciativa de Leiria, em Abril de 1931, envia cartazes da sua região à C.I.C., pedindo a esta para os afixar nos locais mais concorridos e a comunicação da despesa que tal acarretara. A C.I.C. responde da seguinte forma: “que corra de nossa conta qualquer despesa a fazer, visto brevemente termos necessidade de os incomodar para o mesmo fim.”. (Acta da 29/04/1931)

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Acta de 04/06/1930 268 Acta de 27/05/1936

269 O A.C.P. foi contactado logo na 1ª sessão, em 14/11/1929, sendo uma das inúmeras medidas tomadas a seguinte: “Oficiar à Direcção do Automóvel Club de Portugal, oferecendo-lhe com os cumprimentos desta Comissão todo o apoio em tudo o que seja necessário para o desenvolvimento do Turismo em Portugal, fazendo-a ainda ciente de que um dos objectivos desta Comissão é o desenvolvimento do Turismo na Serra da Estrela (...) esperando esta Comissão todo o

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se pedir ajuda financeira a todos os participantes, principalmente ao C.N.T.270.

Um mês mais tarde, oficia-se o Presidente do Conselho de Turismo para lhe transmitir o contentamento da C.I.C. ao saber que os seus esforços para a valorização turística da Serra tinham sido elogiados. Porém, esse ofício refere ainda o seu descontentamento por saber que a Covilhã não fora a cidade indicada para futuras reuniões das Comissões de Iniciativa da região, por ter sido preterida a favor da Guarda, que, segundo alegava, não ficava tão próxima dos campos dos desportos de Inverno nem de meios de transporte como a primeira. Além disso, distava dos “principais pontos dignos de

serem visitados”271. Na imprensa encontrou-se um artigo do Diário de Lisboa que

confirma os louvores feitos à C.I.C. pelo órgão máximo do turismo português:

Sob a presidencia do sr. brigadeiro Silveira e Castro, reuniu-se hoje o Conselho Nacional de Turismo, que apreciou os esforços realizados pela Comissão de Iniciativa e Turismo da Covilhã, para o aproveitamento da serra da Estrela para a pratica dos desportes da neve, no inverno, e como estancia de altitude no verão.

O Conselho louvou, além daquela comissão, a C.P. e o Ski Club de Portugal, na colaboração dada a esse plano turistico e resolveu dar-lhe o seu patrocinio, promovendo varios melhoramentos, como sejam a edificação de um hotel de turismo, beneficiar as condições das estradas (...) e construir fontes nos locais onde a agua deve ser aproveit ada.

Diário de Lisboa, 22/02/1933

Como forma de reconhecimento de tais vontades, convidam-se todos os membros do Conselho, especialmente o Brigadeiro Silveira e Castro, a visitar a Serra ainda durante o período estival de 1933, apontando-se o período de 20 a 22 de Agosto para tal fim. Decide- -se também sugerir essa visita ao General Teófilo da Trindade, não se registando o motivo do convite; no entanto, sabemos pelo jornal citado que o General estava incumbido pelo Conselho de “relatar, o projecto das obras turisticas a executar em Faro”.272 Curiosamente, a resposta ao convite por parte do C.N.T. chegaria apenas em Setembro, onde se afirma não ter sido possível realizar a visita na data indicada, concluindo que a mesma será feita num momento mais oportuno. Não querendo perder essa oportunidade, apressa-se a C.I.C. a solicitar ao organismo que marcasse, então, uma outra data. Em Novembro e Dezembro

auxílio, junto dos poderes públicos, para qualquer pedido ou representação que esta Comissão lhes faça.”. 270

Acta de 24/02/1932 271

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de 1933 recebem-se dois ofícios do Conselho bastante semelhantes, podendo ser lido em ambos que o C.N.T. deliberara “aguardar para ocasião oportuna a sua visita à Serra da

Estrela”273. Se pesquisarmos nas actas da Comissão de Iniciativa da Covilhã, concluiremos

que, quase até à data da sua extinção, nenhum dos membros do C.N.T. se deslocaria à Serra a título oficial, nem mesmo o seu Presidente que, não obstante os inúmeros convites, apontava sempre a impossibilidade da visita. Seria apenas nos derradeiros dias da Comissão, em Junho de 1936, que o Brigadeiro Silveira e Castro, Presidente do C.N.T., se deslocaria à Serra, já que sabemos ter estado em missão oficial na Covilhã nessa data, tendo a Comissão resolvido convidá- lo a visitar a região no dia 9 desse mês. Acompanharam- no João Alves da Silva, Presidente da C.I.C., e respectivo Tesoureiro, Joaquim Gonçalves de Carvalho, que aproveitaram o facto para apresentar os planos de melhoramentos e para o pôr “ao corrente do pé em que se encontra a questão dos terrenos e águas nas Penhas da Saúde, em litígio com os seus pseudo-proprietários.”274.

Ainda a propósito de convites endereçados a entidades que, então, se revestiam de grande importância, verifica-se que também a Sociedade de Propaganda de Portugal e o director do jornal O Século escreveram à C.I.C., informando-a não poderem assistir à inauguração dos Desportos de Inverno de 1933. Já em Maio de 1935 seria a vez do Ministro do Comércio e Indústria agradecer o convite e responder que, dado um impedimento oficial, não se deslocaria à região.

Entre os convites de 1933 e o de 1935, houve um deveras preponderante em Dezembro de 1934 e que foi dirigido ao Director do jornal O Comércio do Porto. Além de se manifestar agrado pela sua futura viagem à Serra, solicita-se ao dirigente que, aquando da mesma, efectuasse uma conferência subordinada ao tema “O Turismo na Economia das

Regiões”, “caso fosse da sua vontade”275. Dada a anuência do Director, esperava a C.I.C.

vir a realizar um evento arrojado, uma vez que a ideia deste tema para uma palestra demonstra que a Comissão tinha já uma visão bem alargada do contributo do turismo para a economia regional e, até mesmo, nacional. Pena foi que três meses depois informasse a Comissão da impossibilidade da visita “devido a afazeres profissionais”276.

Não foram somente os convites que fizeram parte da troca de correspondência entre a 272 Diário de Lisboa, 22/02/1933 273 Actas de 30/11/1932 e 27/12/1933 274 Acta de 12/06/1936 275 Acta de 12/12/1934 276 Acta de 27/03/1935

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Comissão de Turismo da Covilhã e o Conselho Nacional de Turismo. Os contactos estabelecidos entre as duas entidades visaram um outro assunto de sobeja importância — o I Congresso Nacional de Turismo, a acontecer em Lisboa no mês de Janeiro de 1936.

A este respeito, chega ao conhecimento da C.I.C. no início de Outubro de 1935, “através de jornais de Lisboa”, a realização desse encontro, o que a leva a solicitar algumas