• Nenhum resultado encontrado

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA CARNE

3 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1.2. CONTAGEM PADRÃO DE MICRO-ORGANISMOS MESÓFILOS

Toda a metologia utilizada obedeceu aos padrões estabelecidos pela Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003.

Para produtos sólidos há a necessidade de pesar a amostra. Normalmente utilizam-se alíquotas de 10 ou 25 gramas de alimentos sólidos. No caso foi utilizado 25g da amostra. Após a pesagem foi adicionado 225 mL de água peptonada 0,1% e homogeneizado em saco plástico durante 10 minutos.

A partir da diluição inicial (1:10), obtida após homogeneização foram preparadas diluições decimais empregando-se 1 mL da diluição anterior e 9 Ml do diluente – água peptonada 0,1%, obtendo assim as diluições 1:100, 1:1000 e 1:10000.

Primeiramente realizou a diluição 1:10 da cultura em fase estacionária em solução salina peptonada, misturam 1 mL da cultura em fase estacionária com 9 mL de solução salina peptonada. A partir da diluição 1:10 preparada, foi pipetado 1 mL e acrescido a 9 mL de solução salina peptonada, de forma a obter a diluição 1:100 da cultura em fase estacionária. A partir da diluição 1:100, foi pipetado 1 mL e homogenizado com 9 mL de solução salina peptonada, para obter a diluição 1:1000 da cultura em fase estacionária. Por fim, a partir da diluição 1:1000, foi adicionado 1mL, da mesma, com 9 mL de solução salina peptonada.

Para a confecção do Ágar foi, pesado o ágar padrão para contagem de acordo com o volume de meio a ser preparado, respeitando a proporção indicada pelo fabricante e transferido para um bequer. Foi medido o valor correspondende de agua destilada, e feito a diluição do pó em um erlenmayer. Foi esterilizado a 121ºC por 15 minutos e colocado em várias placas de petri.

A metodologia de inoculação utilizada foi a semeadura em superfície, onde são usadas placas em que, previamente, tenha sido distribuído o meio específico para o microrganismo a ser enumerado. Foi inoculado 0,5 mL de cada diluição e as placas foram inoculadas invertidas a 36°C por 48 horas.

A leitura foi realizada após 48 horas, contando todas as colônias presentes.

5 RESULTADOS

Tabela 3 - Resultados obtidos após análises estatísticas

Rosa Fluorescente Lilás Azul Sem alteração de cor

Média 21780 2099 713 90

Desvio padrão

12312 1264 1079 121

Mediana 30000 2600 300 30

O padrão utilizado para análise foi: excelente, não apresenta mudança de cor; bom, coloração azul; regular, lilás; ruim, rosa fluorescente; péssimo, incolor.

Os resultados na prova da resazurina com a coloração rosa fluorescente foi de 21.780 ± 12.312 UFC/g e mediana 30.000 UFC/g na contagem bacteriana total.

Para a coloração lilás obteve-se os seguintes resultados: 2.099 ± 1264 UFC/g e mediana 2600 UFC/g.

Os resultados para a coloração azul foram 713±1079 UFC/mL e mediana 300 UFC/g.

Para as amostras que não houveram alteração de cor obteram-se os resultados 90±121 UFC/mL e mediana 30 UFC/g.

Portanto, pode-se dizer que a resazurina pode ser considerada um indicador de qualidade de carne bovina, pois há estreita relação entre contagem de micro-organismos mesófilos e redução do corante.

6 DISCUSSÃO

Graner, et. al, 1973, encontrou uma correlação altamente significativa entre a contagem total de bactérias e o tempo necessário à redução da resazurina até a descoloração. Obteve como parâmetro final, que uma amostra que demorava acima de 7,5 h para reduzir-se a incolor, podia ser considerada aceitável, de 4,5 a abaixo de 7,5 h era considerada questionável e inferior a 4 horas, era considerada inaceitável.

Graner, et. al, 1973, não fizeram uma correlação da coloração com a contagem de microrganismos presentes em cada amostra, dificultando assim, avaliar a real qualidade da carne. No presente trabalho, pode ser avaliado a mudança de coloração em 3 horas, com a contagem de micro-organismos mesófilos, podendo assim, obter um parâmetro mais fidedigno.

Saffle, et al. (1961) estudaram três métodos para a rápida detecção da deterioração da carne moída, dentre estes, incluiu-se a redução da resazurina. Eles verificaram que o tempo necessário à redução do indicador correlacionava melhor com valores atribuídos ao odor das amostras do que com a contagem total de bactérias. No presente trabalho, foi utilizado as diluições 1:10, 1:100, 1:1000 e 1:10000, para haver uma melhor correlação. Pode ser observado que apenas algumas das amostras 1:10 apresentavam odor pútrido, algumas nem apresentavam contagem microbiológica alta, e as outras diluições não tinham odor. Isso mostra que o odor nem sempre pode ser utilizado como parâmetro.

Embora a legislação brasileira (BRASIL, 2001) não estabeleça limites de tolerância para o grupo de micro-organismos psicrotóficos e mesófilos, populações elevadas desse grupo representa qualidade higiênica sanitária deficiente, muitas vezes por má qualidade da matéria-prima aliada a tempo e temperatura de estocagem inadequados. De acordo com o presente trabalho, é possível utilizar a resazurina para avaliação de uma amostra suspeita, em tempo curto e com bons resultados.

De acordo com Frazier, 1967 apud Graner, 1973, a congelação de alimentos resulta em considerável redução na contagem de microrganismos; há ainda a possibilidade de que esse processo de conservação da carne afete a capacidade das bactérias viáveis remanescentes, de reduzir a resazurina,

alterando, assim, a correlação anteriormente observada por Graner et al. (1973). Porém, os resultados do presente trabalho sugerem, que o teste modificado e estudado por Mesquita, 2014 podem ser aplicados para a avaliação da qualidade microbiológica da carne bovina moída encontrada no comércio, inclusive quando o produto é preparado a partir de carne previamente congelada.

7 CONCLUSÃO

O teste adaptado pode ser aplicado para a avaliação da qualidade microbiológica da carne bovina moída encontrada no comércio varejista, inclusive quando o produto é preparado a partir de carne previamente congelada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

American Public Health Association. Standard methods for de examination of dahiry productus. New York: American Public Health Association; 1967 ANVISA. Resolução- RDC nº 216 de 15/09/04. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/alimentos/bps.htm. Acesso em: julho de 2017.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução- RDC nº12 de janeiro de 2001. Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos para

Alimentos. Disponível em:

<http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_01rdc.htm> Acesso em: 09 out. 2017. BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Laboratório Nacional de Referência Animal. Métodos analíticos oficiais para controle de produtos de origem animal e seus ingredientes. I – Métodos físicos e químicos. Brasília (DF), 1981. cap. I, p. 2.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa no62, de 26 de agosto de 2003. Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Anexo I. Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, p.14, 18 de setembro de 2003.

DAINTY, R. H. 1971 — The control and evaluation of spoilage. J. Food Technol. 6 = 209-224.

EMBRAPA. Gado de corte: Conhecendo a carne que você consome.

Campo Grande. 1999. Disponível em:

http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc77/03nocoescarne.html. Acesso em 24/08/2017

EVANGELISTA, J. Tecnologia de Alimentos. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.

FENG, P. Rapid methods for detecting foodborne pathogens. In: FOOD and DRUG ADMINISTRATION. Bacteriological Analytical Manual. 8 edição. Gaithersburg: AOAC International, 1995. Iv

FERREIRA, R. S., SIMM, E. M., Análise microbiológica da carne moída de um açougue da região central do município de Pará de Minas/MG. Revista Digital FAPAM, Pará de Minas, n. 37, p. 37-61, abr. 2012.

FORSYTHE, S. J. et al., Microbiologia da Segurança Alimentar. Artmed Editora. Porto Alegre. 2002.

FRANCO, B. D. G. M., LANDGRAF, M., Microbiologia dos Alimentos. Ed Atheneu, São Paulo; 2008.

FRANCO, B.D.G.M; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo. Editora Atheneu, p. 34-60, 2005.

FRAZIER, W. C. 1967 — Food McGraw-Hill Book Company, New York, Ν. Y. pp. 252-282.

FUKUSHIMA, R.S.; WEIMER, P.J.; KUNZ, D.A. Use of photocatalytic reduction to hasten preparation of culture media for saccharolytic

Clostridium species. Brazilian Journal of Microbiology, v. 34, n. 1, p. 22-26, 2003.

GRANER, M.; MARTINELLI, F. CRUZ, V.F.D. Microbiologia da carne moida = 2. Avaliação da qualidade por método modificado, baseado na redução da Resazurina. Departamento de Tecnologia Rural ESALQ. Publicado em 1973. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0071-12761973000100014&script=sci_abstract&tlng=pt

GRANER, M.; MARTINELLI, A.F; CRUZ, V.F. Microbiologia da carne moída: 3. Avaliação da qualidade em diferentes épocas do ano. Departamento de Tecnologia Rural ESALQ. Publicado em 1973.

HAJDENWURCEL, J.R. Atlas de Microbiologia de Alimentos. São Paulo. Fonte: Comunicações e Editora, 1998, 66p.

HAYES, P.R. Food Microbiology and Hygiene. 2ed New York: Chapman and Hall, 1995. 516p.

HOLLEY, R. A.; GILL, C. O. Usos da embalagem em atmosfera modificada para carnes e produtos cárneos. Palestra. III Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Carnes, 27 a 29 de setembro, 2005.

ICMSF- INTERNATIONAL COMMITTEE ON MICROBIOLOGICAL

SPECIFICATION FOR FOOD. Microrganisms in food. 1- Their significance and methods of enumeration. 2ed. Toronto: University Press, 439p, 2000.

MESQUITA, M.O; VALENTE, T.P; et.al. Qualidade físico-química da carne bovina in natura aprovada na recepção de restaurante industrial. Revista

Visa em debate. Publicado em: 2014. Disponível em:

https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/147 MORETTO, E; FETT; R; GONZAGA, L. V., KUSKKOSKI, E. M. Introdução à ciência de alimentos; IN: _________, carnes e produtos cárneos. Cap.5. Pág. 121-135, 2ªedição. EDT. UFSC, 2008.

O’BRIEN, J; WILSON, I; et al. Investigation of the alamar blue (resazurin) fluorescent dye for the assessment of mammalian cell cytotoxicity. European Journal of Biochemistry, England, v. 267, n.17, p. 5421-6. Sep. 2000. OLIVEIRA, M. M. M., et al., Condições higiênico-sanitárias de máquinas de moer carne, mãos de manipuladores e qualidade microbiológica da carne moída. Rev. Ciênc. Agrotec. Lavras, v. 32, n. 6, p. 1893-1898, nov./dez. 2008. PIGARRO, Magda Adriana Pesarini; SANTOS, Mariana. Avaliação microbiológica da carne moída de duas redes de supermercados da cidade de Londrina- PR. 2008. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal) - Universidade Castelo Branco, Instituto Qualittas, Londrina, 2008. Disponível em:http://www.qualittas.com.br/documentos/Avaliacao%20Microbiologica%20d

a%20Carne%20Moida

%20-%20Magda%20Adriana%20Pesarini%20Pigarro.PDF>. Acesso em: 22 de maio 2017.

SAFFLE, R. L., Κ. N. MAY, H. A. HAMID e S. D. IRBY. 1961 — Comparing three rapid methods of detecting spoilage in meat. Food Technology 15 (11): 465-467

SILVA, J.A. Microbiologia da carcaça bovina: uma revisão. Revista Nacional da carne, São Paulo, volume 24, pág 62-87. Ano 1997.

SIQUEIRA, R.S. Manual de Microbiologia de Alimentos. Brasília: EMBRAPA, SPI; Rio de Janeiro: EMBRAPA, CTAA, 1995. 159p.

TAVARES, T. M; SERAFINI, A. B. Carnes hambúrgueres prontas para consumo: Aspectos legais e riscos bacterianos. Revista de Patologia Tropical. Vol. 35 (1): 1-21. jan.- abr. 2006. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/view/1888/1803 Acesso em: 14 de maio de 2017.

TERRA, N; MILANI, L. Determinação da qualidade microbiológica de carcaças de frango usando o teste da redução de Resazurina. Rev Nac Carne. 1992;187:56-7.

Documentos relacionados