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2.3 Sustentabilidade e os problemas do planeta

2.3.1 Contaminação

Todos reconhecemos este como um dos principais problemas que a humanidade hoje enfrenta. Quando falamos em contaminação referimo-nos a vários níveis: do ar, da água, dos solos, acústica, luminosa, espacial.

No entanto, a contaminação do ar é aquela que merece maior destaque na actualidade. A ratificação do protocolo de Quioto, em 16 de Fevereiro de 2005, e o cumprimento das metas impostas no âmbito do mesmo trazem para os meios de comunicação social, este problema com bastante frequência.

Milhares de toneladas de gases tóxicos são produzidos pelas sociedades industrializadas. Um exemplo bastante comum é o smog, formado principalmente por macropartículas e óxidos de enxofre que afecta muitas vezes as cidades. Este acarreta problemas para a saúde humana (respiratórios e oculares) da flora e da fauna.

A queima de combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo, nas centrais termoeléctricas e tráfego automóvel, deitam diariamente para a atmosfera, gases como o dióxido de carbono, monóxido de carbono, compostos de enxofre e de azoto. Estes estão associados a vários problemas ambientais como o efeito de estufa, e as chuvas ácidas.

Não podemos deixar de referir os incêndios florestais, que todos os anos afectam gravemente Portugal e que constituem outra fonte de libertação destes gases para a atmosfera.

A chuva ácida está associada à destruição de algumas espécies vegetais e à contaminação da água dos rios, e muito particularmente, dos lagos que têm pouca capacidade de neutralização, levando em alguns casos à eliminação de populações de peixes.

Em alguns países continuam a utilizar-se as gasolinas enriquecidas com chumbo, este metal contínua, também, a ser utilizado em tintas, fundições entre outros sectores. O Chumbo acaba por se depositar nos solos e água e tal como outros metais pesados, como por exemplo o mercúrio, que muitas vezes entra na constituição de pilhas, acumula-se nos seres vivos,

sendo muito difícil a sua eliminação. Estes afectam o sistema circulatório e reprodutor e principalmente as crianças e fetos que toleram baixas concentrações nos seus organismos.

Outro problema que tem preocupado a humanidade nos últimos anos é o da destruição da camada de ozono, isto é a diminuição da concentração de ozono em determinados pontos da estratosfera terrestre, provocada pelos compostos clorofluorocarbonetos (CFC). Estes encontram-se em muitos sistemas de refrigeração, como ar condicionado e aerossóis utilizados em limpeza e perfumaria. Ao serem lançados para a atmosfera, estes compostos, reagem com o ozono estratosférico,”destruindo-o”, levando a que o planeta fique desprotegido do filtro protector das radiações ultravioletas, que é a camada do ozono.

Uma vez na atmosfera, os CFC levam cerca de 10 a 15 anos a atingir a estratosfera, onde têm uma vida média que supera os cem anos. Apenas uma molécula de CFC pode destruir cem mil moléculas de ozono. Ainda que se tenha decidido aplicar acordos de redução de utilização destes compostos, os efeitos tardarão a sentir-se, e o seu efeito continuará durante décadas.

De facto, a Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono, adoptada em Março de 1985, determinava medidas para proteger a camada de ozono, baseadas em acções e cooperação a nível internacional, nas quais se incluía a monitorização, partilha de informações sobre produção e emissões de CFC, e de aprovação de protocolos de controlo. Esta convenção foi ratificada por 28 países, em Março de 1985, nos quais se inclui Portugal.

Foi neste contexto que em 16 de Setembro de 1987 foi elaborado o Protocolo de Montreal sobre as substâncias que destroem a camada de ozono. Este foi assinado, inicialmente por 46 países, contando actualmente com o envolvimento de 180 nações. A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o dia 16 de Setembro como o dia Internacional para a Protecção da camada de Ozono, para comemorar a assinatura do Protocolo de Montreal.

Este protocolo exigia a diminuição de 50% , em relação aos níveis de 1986, na produção e consumo de cinco principais CFCs, até 1999 .

Este acordo marcou um avanço importante, de medidas ao nível político e mais uma vez a ciência mostrou ser imprescindível e a base da tomada de decisões políticas no que se relaciona com o ambiente, tecnologia e suas implicações.

A diminuição da camada de ozono acarreta uma série de problemas ambientais e para a saúde humana, uma vez que determinadas zonas do planeta ficam mais expostas à radiação ultravioleta, assim surgem problemas como o aumentos dos cancros de pele, lesões oculares, diminuição das defesas imunológicas, etc. Afecta também o clima, pois esta actua como reguladora da temperatura do planeta, pondo em perigo e desenvolvimento de muitas espécies marinhas e produções agrícolas.

O aumento do efeito de estufa é outro dos problemas que a todos preocupa actualmente. Falamos em aumento de efeito de estufa e não em efeito de estufa porque é esse aumento que constitui o problema para a humanidade. É graças à existência de efeito de estufa, provocado pelos gases que entram na composição da atmosfera terrestre (dióxido de carbono, vapor de água, metano…), que é possível a vida no planeta Terra, devido à manutenção do equilíbrio energético natural que se estabelece, evitando amplitudes térmicas de tal ordem que seria impossível a vida tal como a conhecemos hoje.

O problema reside na alteração dos equilíbrios existentes, no aumento dos gases de efeito de estufa, devido fundamentalmente à crescente emissão de dióxido de carbono para a atmosfera. Também, os hidrofluorocarbonetos (HFC) que vieram substituir os CFCs, nos dispositivos de refrigeração e aerossóis são responsáveis por este efeito. Não destroem a camada de ozono, mas por outro lado contribuem para o aumento do efeito de estufa.

Deste problema resulta o aquecimento global que a todos preocupa. Durante muito tempo questionou-se acerca da responsabilidade da actividade humana neste problema. Várias investigações sobre a composição atmosférica em períodos geológicos (analisando, por exemplo, bolhas de ar em calotes polares) permitiram concluir que existe uma tendência natural muito lenta para o aquecimento natural, mas que este processo está a ser gravemente acelerado, atribuindo-se a responsabilidade às emissões de dióxido de carbono libertadas para a atmosfera, essencialmente pela indústria e tráfego automóvel.

A desflorestação também constitui um factor responsável pelo aumento do efeito de estufa, uma vez que a absorção de dióxido de carbono é reduzida: “Trata-se de uma

responsabilidade partilhada de quase 50% entre a desflorestação e o aumento de CO2 e

O Protocolo de Quioto (UNFCCC -United Nations Framework Climate Change Convention ) foi adoptado em 1997 e ratificado, por 55 países, em 16 de Fevereiro de 2005. Constitui a criação de um acordo internacional de redução das emissões de gases com efeito de estufa. De um modo geral os países industrializados têm de reduzir as suas emissões em 5,2 % relativamente ao ano de 1990. Esta redução global é traduzida em reduções individuais estabelecidas para cada país, que vão desde – 8 % a + 10%. Foi, ainda acordado que cada país deve elaborar políticas e medidas no sentido de fazer face às alterações climáticas, devendo ser desenvolvidos programas a nível nacional. Todos os países têm de elaborar relatórios periodicamente para avaliar o cumprimento das metas estabelecidas no âmbito do Protocolo. O período para o seu cumprimento é de 2008 a 1012.

Um dos principais problemas para a implementação deste Protocolo, foi por só ter entrado em vigor quando tivesse sido ratificado por 55 países, incluindo aqueles que representam 55 % das emissões de gases de efeito de estufa do mundo. O Estados Unidos, que representam um dos países mais industrializados e com maiores emissões, não o ratificou. Assim, a Rússia, a 16 de Fevereiro de 2005 veio ratificar o referido Protocolo que entrou nesse dia em vigor.

De acordo com Vilches e Gil (2003): “A importância do Protocolo de Quioto é que a

sua aplicação marcará um ponto de inflexão, será um ponto de partida para a adopção de medidas que hão-se ser muito mais ambiciosas. Constituirá um índice de que as nossas sociedades e governantes se empenharam em compreender a gravidade da situação e a necessidade de adoptar medidas de correcção.”.

A contaminação dos solos, por despejo de lixos, de substâncias sólidas perigosas (radioactivas, metais pesados plásticos que não são bio degradáveis) é também uma forma de contaminação que não podemos esquecer. Esta leva, muitas vezes à contaminação dos lençóis freáticos, tornando a água imprópria. Os fertilizantes químicos e pesticidas em excesso constituem um perigo para saúde humana e a vida das demais espécies. A eutrofização é um dos problemas provocados pelos fertilizantes.

Os riscos associados à produção, transporte e armazenamento de substâncias perigosas (radioactivas, metais pesados, petróleo e seus derivados) são constantes. Todos nós temos bastante presente o acidente com o Prestige, o incêndio no Terminal Petrolífero do Porto de

Leixões. Muitos outros ocorreram, como o «Exxon Valdez» que naufragou na costa de Alaska, ou o «Erika» que se partiu na costa Francesa.

O acidente nuclear de Chernóbil, foi uma das maiores catástrofes ambientais da história. Morreram mais de 30000 pessoas e cerca de dez milhões foram contaminadas pela radioactividade. Os efeitos sentiram-se nos dez, quinze anos seguintes e afectou a fauna e a flora de 160 000 Km2.

A contaminação provocada pelas pilhas e baterias que contém metais tóxicos que ao serem deitadas ao lixo acabam por contaminar os solos e as águas.

O plástico como o PVC representa outra forma de contaminação, desde a sua produção que é feita através de derivados do petróleo associada à utilização de cloro, altamente tóxico e reactivo, à formação de resíduos tóxicos e perigosos, uma vez que para o estabilizar, endurecer e colorir adicionam-se metais pesados e fungicidas para evitar que se destruam. Assim, quando são deitados ao lixo contaminam o solo e as águas subterrâneas, quando se queima produz ácido clorídrico e outros compostos metálicos e a sua incineração forma dioxinas.

A contaminação espacial, devida aos resíduos que se encontram em órbita, a contaminação luminosa e acústica constituem outros problemas que merecem destaque, embora não sejam desenvolvidos neste trabalho.