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Contato com as supervisoras de ensino para encaminhamento das entrevistas com as

Capítulo 3. PESQUISA EMPÍRICA E ANÁLISE

3.3. Contato com as supervisoras de ensino para encaminhamento das entrevistas com as

projetos, em uma seqüência de atividades que tiveram o objetivo de conhecer uma realidade local através de estudos e pesquisas.

A partir desses primeiros resultados foram suscitadas algumas questões: Essas atividades extraclasses podem mobilizar os alunos para a ampliação de seu aprendizado? Permitem correlações com realidades mais amplas? Criam espaços para problematização, diálogo, participação e criticidade?

3.3. Contato com as supervisoras de ensino para encaminhamento das entrevistas com as professoras

Conversamos com as supervisoras10 de ensino da Secretaria de Educação de Santana de Parnaíba, Selma e Tânia, com o objetivo de obtermos informações que pudessem ser relevantes na preparação das entrevistas e, ainda, para mediarem o nosso contato com as

10 Os relatos das supervisoras de ensino aconteceram espontaneamente, pois o objetivo inicial da conversa era o

de intermediar o contato com as professoras. Elas leram os relatos transcritos e pediram para que, após o término do Mestrado, o trabalho de pesquisa seja apresentado para os supervisores, diretores, coordenadores e professores das escolas municipais de Santana de Parnaíba.

73 professoras escolhidas para serem entrevistadas. Em entrevistas realizadas no dia 06 de setembro de 2005, as supervisoras mostraram-se sensíveis ao trabalho de minha pesquisa, acrescentaram informações sobre materiais didáticos, projetos de ensino, capacitação do professor, oficinas, dificuldades dos professores, atividades extraclasses e outras questões gerais.

Informaram que, a partir de 1998, as escolas públicas passaram a ser municipalizadas e que, de início, eram 22 escolas de Ensino Fundamental. Hoje são 39 o número dessas escolas e observa-se uma tenção especial sobre as edificações das escolas através de reformas, ampliações e novas instalações.

Os relatos das supervisoras revelam representações sociais que as supervisoras têm sobre vários aspectos da educação municipal de Santana de Parnaíba e serão apresentados segundo os temas de análise.

Formação continuada

Supervisora Selma: Nós estamos capacitando, ou seja, promovendo uma formação

continuada dos professores desde 1997, e temos o objetivo de novas práticas, o trabalho com projetos e, de certa forma, trabalhar a interdisciplinaridade também. De um tempo para cá com a utilização das apostilas houve uma queda dos projetos, uma diminuição. Há uma preocupação muito grande em se vencer o conteúdo das apostilas.

Em 2002, tivemos oficinas para professores durante 15 sábados. Teve uma oficina sobre o Estudo do Meio, para depois aplicarem com seus alunos. Os professores foram levados a conhecer vários pontos da comunidade, tiraram muitas fotos. Foi uma capacitação sobre os PCN e uma das oficinas era sobre o Estudo do Meio. Verificamos que os professores aplicam esses conhecimentos, mas nós gostaríamos que os professores aplicassem ainda mais, mas já houve um crescimento grande.

Ainda, toda 4ª feira os coordenadores, na Secretaria da Educação, em reunião de coordenação, apresentam trabalhos e projetos desenvolvidos nas escolas, para trocarem experiências.

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Supervisora Tania: Nós procuramos respeitar muito o trabalho do professor. Não é

um trabalho fácil, considerando a sociedade como está, os alunos como estão e o que o mundo oferece. A sala de aula é um grande desafio. Temos que ter grande respeito pelo professor. Temos oferecido uma formação continuada. Mesmo com todas as oficinas, pelo fato dele dar muitas aulas, ele não consegue aplicar todos os conhecimentos das oficinas.

Vamos oferecer um encontro, agora no fim do mês de setembro, que realizamos semestralmente. Haverá 140 oficinas para capacitação, de 5ª a sábado, das 7 às 10:30 horas. Nós procuramos formar e instrumentar o professor. Se o professor fizer 30 horas ele tem um certificado. Não haverá aula e o professor tem que freqüentar, pelo menos, o horário correspondente às suas aulas. Vêm muitos profissionais que são “capacitadores”.

O professor, para sobreviver, dá muitas aulas e mesmo com todas essas oficinas fica complicado aplicar tudo que ele aprende. Mas há uma troca de idéias muito grande. Nós procuramos, com essa formação, instrumentar o professor.

Os “capacitadores” são pessoas que, para contratar, analisamos os currículos, as experiências e as propostas que eles mostrarão para trabalhar de forma interessante os conteúdos. Os professores já estão se inscrevendo para o encontro e vão preenchendo as vagas das oficinas. Os professores ganham um material específico pasta, caderno, etc.

Acredito que os PCN trouxeram algumas contribuições, pelo menos de um conteúdo para ser discutido. Muitos reclamam por eles terem sido feitos por “especialistas”, pelos termos usados, mas foi uma abertura e eles nos deram oportunidade para trabalhar com os “capacitadores” do MEC. A única coisa, que ainda gasta muito tempo, é a parte burocrática

Apostilas

Supervisora Tania: Quanto às apostilas adotadas, elas são do Colégio Objetivo,

escola que elabora esse material didático. Elas vieram normatizar um pouquinho a questão dos conteúdos. O professor de 5ª a 8ª série, às vezes, não permanece muito tempo na escola, pois na atribuição (de aulas) ele muda de escola. Ficavam lacunas, pois alguns conteúdos não eram trabalhados. Não é uma “camisa de força”. É um instrumento para ele, só que ele vai pôr o seu fermento. É um fio condutor. O professor pode alterar um pouquinho, mas não pode abandonar a apostila. Os pais gostam das apostilas.

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Há uma dificuldade do professor em conciliar o conteúdo e o projeto, mas algumas ações desenvolvidas pela Secretaria da Educação chegam até os professores para isso. Uma ação, por exemplo, implantada em todas as escolas nesse ano, foi a proposta de trabalhar o tema Tabagismo e Alcoolismo, com um cronograma proposto pela Secretaria da Educação para ajudar as escolas a se organizarem. Foi um mini projeto e as escolas, em um encontro, mostraram os resultados dos trabalhos desenvolvidos por cada disciplina.

Há algumas escolas que ainda, por iniciativa própria, mantém e propõem os projetos. Mas, de qualquer forma, todas as escolas devem, pelo menos, desenvolver um projeto no primeiro semestre e um no segundo semestre. Se quiser fazer mais, pode. A escola procura envolver todos os professores. É uma orientação da Secretaria da Educação. Dentro dos planos escolares, eles enviam seus projetos para a Secretaria da Educação. Já as EMEIs desenvolvem os projetos com muita segurança e propriedade.

É mais difícil para os professores de 5ª a 8ª séries, por conta da organização dos horários e por eles serem especialistas, realizar a interdisciplinaridade. Quando não deveria ser! Todos os supervisores orientam e discutem com os professores essas questões.

Projetos

Supervisora Selma: As escolas escolhem, também, os temas para desenvolver projeto.

As escolas que eu supervisiono desenvolveram, nesse ano, um projeto denominado “Pessoas Ilustres”. Os alunos escolheram uma personalidade marcante para estudar, por exemplo, Cazuza (trataram sobre o problema das drogas e AIDS), Airton Senna (sobre esportes) e depois apresentaram um jornal que foi apresentado por todas as escolas juntas. Teve, também, no semestre anterior, um projeto sobre a água e desenvolveram muitas atividades ligadas ao desperdício, problemas relacionados a esse recurso e todos os professores participaram. Fizeram saídas para observar o rio Tietê e, provavelmente, outras. No final fizeram uma grande apresentação com vídeos, músicas, danças, que apresentaram na própria escola. São atividades muito válidas e que procuram envolver a todos.

Nós oferecemos um material de acervo sobre o Centro Histórico, procuramos resgatar e desenvolver projetos sobre a história da cidade com todas as escolas, porque o município recebeu muitos migrantes e teve um crescimento populacional acentuado nos últimos anos.

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Supervisora Tania: Em todas as saídas programadas, as escolas têm que mandar um anexo para a Secretaria da Educação, mostrando que a saída está dentro de um projeto que está sendo desenvolvido. Em todos os projetos, os temas transversais têm aparecido, como: saúde, sexualidade, meio ambiente, pluralismo cultural...

Temos uma porcentagem de saída por escola, um número de ônibus para cada escola e, então, distribuímos as visitas. Eles usam tudo e mais ainda os carros da Secretaria. Oferecemos os ônibus e pedimos para que os professores evitem lugares que sejam pagos. As escolas sempre querem mais saídas do que a divisão feita. No início do processo de municipalização não era assim, não saiam tanto, mas nós lutamos para isso.

Projeto Político Pedagógico

Supervisora Tânia: Temos procurado orientar as escolas para que o Projeto Político Pedagógico seja elaborado com toda equipe: professores, coordenadores e direção. Os coordenadores têm papel fundamental e, inclusive neste ano, participaram de um curso visando o aprimoramento no processo de criação. Os projetos que serão desenvolvidos durante o ano são incluídos no Projeto Político Pedagógico. Porém, o plano é constantemente avaliado, principalmente nas HTPC, podendo sofrer mudanças. Podem, por exemplo, surgir outros projetos. No final do ano, em dezembro, é feita uma avaliação geral do Projeto Político Pedagógico e seu desenvolvimento.