7. RECURSOS E FONTES DE FINANCIAMENTO
7.1 Contexto atual de investimentos em mobilidade no Brasil
As ações e objetivos perseguidos no Plano de Mobilidade de Corumbá-‐MS precisam de meios e recursos para serem viabilizados. De acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012) são parte integrante da política de mobilidade o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação de seus princípios, diretrizes e objetivos. Nesse sentido, a referida Política indica algumas possibilidades de atuação por parte dos entes federativos de maneira a viabilizar o desenvolvimento da mobilidade. Algumas dessas possibilidades serão abordadas nesta seção, como fundos, recursos, linhas de crédito e instrumentos da dinâmica municipal.
7.1 Contexto atual de investimentos em mobilidade no Brasil
Segundo a Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades
11o financiamento da mobilidade urbana tem como principal fonte de recursos os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As fontes de recursos se dividem em fontes Federais e Outras Fontes. As Federais são compostas por Recursos Onerosos (que exigem contrapartida do município, principalmente operações de financiamento de órgãos públicos, prefeituras ou agentes privados que atuem em serviços públicos) e Recursos Não Onerosos (provenientes do Orçamento Geral da União – OGU).
As Outras Fontes, por sua vez, são compostas por instrumentos da Política Nacional de Mobilidade Urbana, Instrumentos do Estatuto da Cidade, Parcerias Público-‐Privadas (PPPs) e Fontes Multilaterais e Internacionais (como o FONPLATA, Banco Mundial, BID, JBIC)
12. A figura a seguir apresenta o resumo destas fontes disponíveis:
Figura 7-‐1 – Organograma de Recursos e Fontes de Financiamento da Mobilidade
11
Material do Curso de capacitação para Plano de Mobilidade Urbana, Porta Capacidades.
12
Notícia de 2014 com algumas cifras dos programas e participação do BID, BM e JBIC:
Elaboração: Risco arquitetura urbana, 2016.
Embora o Programa de Aceleração do Crescimento -‐ PAC 1 tenha alocado recursos em projetos de transporte (na sua maioria com preocupação mais voltada à logística de mercadorias), foi com o lançamento do PAC 2 em 2011 que a mobilidade urbana recebeu atenção mais detida, como uma linha própria do programa (PAC Mobilidade Urbana), com projetos voltados para o transporte de passageiros a partir de modais de médio e grande porte, obras de infraestrutura com destaque para metrôs, VLT, BRT, ônibus, ciclovias, entre outros.
Atualmente as fontes de recursos federais que possuem maior destaque nessa temática são viabilizadas através do Programa Pró-‐Transporte
13e do Programa 2048
14– Mobilidade Urbana e Trânsito. O Pró-‐Transporte é um programa de Recursos Onerosos que se utiliza de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) através de operação da Caixa Econômica Federal e tendo o Ministério das Cidades como gestor da aplicação. O Programa 2048, diferentemente, movimenta Recursos Não Onerosos do OGU, sendo o Ministério das Cidades também o responsável.
O Programa Pró-‐Transporte possui como critérios de enquadramento:
-‐ Existência de Plano Diretor atualizado ou em fase de atualização/elaboração;
-‐ Existência de Plano de Mobilidade Urbana, quando exigido em lei
15; -‐ Atendimento aos objetivos do Programa e das ações financiáveis;
-‐ Enquadramento dos equipamentos financiáveis nas normas da ABNT;
-‐ Situação de regularidade do proponente perante o FGTS;
-‐ Contrapartida mínima de 5% do valor do investimento.
As condições específicas podem ser encontradas na instrução normativa referenciada anteriormente. Alternativamente, podem ser consultadas, juntamente com informações do Programa 2048
16,
13
A instrução normativa desse programa está em: http://www.cidades.gov.br/transporte-‐e-‐
mobilidade/financiamento/140-‐secretaria-‐nacional-‐de-‐transporte-‐e-‐da-‐mobilidade/programassemob/2031-‐
protransp
14
Manual do Programa 2048 do MCidades:
http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosCidades/ArquivosPDF/manualportaria538-‐2015.pdf
15
Conforme Art. 24 do PNMU (Lei 12.587/2012) é obrigatória a elaboração de Planos Municipais de Mobilidade
para todos os municípios acima de 20 mil habitantes e demais obrigados à elaboração do plano diretor (como por
Em adição às fontes ligadas ao PAC, há ainda possibilidade de obtenção de Recursos Onerosos através do BNDES – Financiamento a Empreendimentos (FINEM) – Mobilidade Urbana
17. São disponibilizados recursos a partir de R$ 20 milhões que visem a:
-‐ Racionalização econômica, com redução dos custos totais do sistema;
-‐ Priorização das modalidades de maior capacidade e menor custo operacional;
-‐ Privilégio do transporte coletivo sobre o individual;
-‐ Integração tarifária e física, com redução do ônus e do tempo de deslocamento para o usuário;
-‐ Acessibilidade universal, inclusive para pessoas com mobilidade reduzida, pedestres e ciclistas;
-‐ Utilização de tecnologias mais adequadas, buscando melhores condições de conforto e segurança;
-‐ Aprimoramento da gestão e da fiscalização do sistema, de forma a fortalecer a regulamentação e reduzindo a informalidade;
-‐ Redução dos níveis de poluição sonora e do ar, do consumo energético e dos congestionamentos;
-‐ Requalificação urbana das áreas do entorno dos projetos.
O BNDES conta ainda com programa do Fundo Clima – Subprograma de Mobilidade Urbana
18. Embora esteja interrompido atualmente, este poderá ser resgatado em breve e direcionar recursos para alternativas menos poluentes e mais eficientes em termos energéticos.
Enquadram-‐se nessa linha principalmente o apoio a construção de ciclovias e ciclofaixas, além de sistemas de compartilhamento de bicicletas.
16
Material da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana disponível em www.capacidades.gov.br/download/MTA0NTU= .
17
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/FINEM/mobilida de_urbana.html
18
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fund
os/Fundo_Clima/mobilidade_urbana/
Por fim, existe um programa do Ministério das Cidades chamado Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta – Bicicleta Brasil
19. Este programa indica objetivos, ações e instrumentos de implementação, mas não consta, nesse momento, lei ou portaria indicada.
Não obstante, pode figurar no futuro próximo como possibilidade concreta de viabilizar projetos voltados para esse modal.
Tendo em vista a atual situação orçamentária do governo federal é de se esperar uma maior dificuldade para o pleito de recursos não onerosos do OGU. O ajuste fiscal e momento recessivo caracterizam período de fundos e recursos mais escassos, tendo os gastos diretos do Governo Federal a outros entes federativos passado por leve retração em termos reais de 2014 para 2015.
Este contexto poderá servir de estímulo para uma mudança de estratégia por parte dos municípios, com a busca de recursos onerosos, sejam eles provenientes do próprio Governo Federal ou de instituições, bancos e agências de fomento, como algumas das fontes já listadas anteriormente. Há, no entanto, um forte fator limitante para ampliação dos investimentos em mobilidade através desse tipo de operação colocado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita o endividamento dos Municípios (as Dívidas Consolidadas Líquidas não podem superar em mais que 20% as Receitas Correntes Líquidas)
20. Ademais, embora tenha atingido municípios de maneira bastante heterogênea, o momento recessivo faz-‐se sentir nos municípios com redução da arrecadação de principais tributos.
Com isso em vista serão apresentadas na sequência as fontes de recursos já existentes no município e em seguida as alternativas e possibilidades de viabilizar novas fontes de recursos para concretização das ações previstas no Plano de Mobilidade Urbana e Rural de Corumbá, bem como as suas possíveis formas de gestão.
19
http://www.cidades.gov.br/transporte-‐e-‐mobilidade/progrmas-‐e-‐acoes-‐semob/140-‐secretaria-‐nacional-‐de-‐
transporte-‐e-‐da-‐mobilidade/programassemob/2026-‐apresentacaobicbrasil
No documento
DIOCORUMBÁ. Ano V Edição Nº 1062 quinta-feira, 17 de Novembro de 2016 PARTE I PODER EXECUTIVO
(páginas 59-64)