• Nenhum resultado encontrado

Contexto da Educação Física 13

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 33-36)

3. Enquadramento da Prática Profissional 11

3.1 Contexto da Educação Física 13

A EF pertence a um estreito grupo de disciplinas que fazem parte do currículo escolar dos alunos desde o primeiro ano de escolaridade até ao décimo segundo ano. Neste sentido, considero primordial enquanto docente da disciplina defender a sua preponderância na formação do aluno enquanto ser humano.

O desporto, como todos nós sabemos, traz benefícios indiscutíveis para a saúde física e mental e para a prevenção de doenças cardiovasculares, problemas ósseos ou musculares e depressões. No que toca à educação escolar a disciplina de EF é um excelente instrumento para fazer chegar aos jovens estudantes os benefícios da actividade física e do desporto. O principal problema reside muitas vezes no facto da disciplina de EF ser sacrificada, desnecessariamente, em prol das outras disciplinas académicas.

Segundo Stuart Fairclough et al. (2002), a inactividade física está altamente ligada a um maior risco de doenças coronárias, a uma maior taxa de osteoporose, pouca força muscular, pouca flexibilidade, mau equilíbrio e coordenação e não é favorável para pessoas que sofram de lesões na idade adulta.

Em afinidade, o Líder responsável pela saúde pública na América Surgeon General citado por Cone (2004), diz que todas as pessoas beneficiam com a actividade física regular, que o exercício físico moderado produz benefícios significantes na saúde, benefícios esses que aumentam com a regularidade e intensidade da actividade e que a actividade física também reduz doenças crónicas e aumenta a saúde mental e qualidade de vida. Outra pesquisa realizada por Penney e Jess (2004) sugere que a EF é capaz de diminuir os riscos de stress, os problemas de álcool, falta de auto-estima e utilização de drogas assim como evitar os riscos da obesidade.

No entanto, a EF é uma disciplina que não possui apenas as vantagens ao nível físico que já enumerei mas também é um factor importante no desenvolvimento dos alunos ao nível mental, social e disciplinar. No meu

- 14 -

entendimento a EF tem aqui uma participação activa no desenvolvimento da autonomia, da auto-estima, da perseverança, da interacção social e solidariedade, entre outros, o que se for bem orientado para a superação e não para a estigmatização, para a inclusão e não para a exclusão, para a promoção da diferença e não para o seu esbatimento nem para a discriminação, contribuirá para a edificação de alunos melhor apetrechados para afirmar uma sociedade mais justa, harmoniosa e feliz.

No que toca à EF nas escolas, um vasto estudo realizado pela Robert Wood Johnson Foundation (2007) demonstra que as crianças que possuíam a disciplina de EF no seu horário escolar tinham resultados académicos semelhantes ou até superiores do que as crianças no grupo de controlo, apesar de terem menos carga horária das outras disciplinas. Deste modo, podemos dizer que as aulas de EF no horário escolar não afectam o desempenho académico dos alunos que participam em actividades físicas diárias, desportos colectivos ou que praticam desporto com os pais têm mais probabilidades de obter melhores notas do que os alunos sedentários.

O resultado de uma análise que verificou o desempenho de alunos depois de terem tido quinze minutos de actividade física e outros depois de terem tido uma aula normal mostrou que os alunos que participaram na actividade física mostraram melhores níveis de concentração ao efectuarem um teste. O que prova que as pausas para a actividade física podem melhorar a performance cognitiva e a concentração dos alunos nas salas de aula. Podemos então concluir com o estudo de Robert Wood Johnson Foundation (2007) que sacrificar as aulas de EF por mais tempo de sala de aula não melhora o desempenho académico dos jovens estudantes.

Segundo Stephen L. Cone (2004), o papel da EF nas escolas e na sociedade é o desenvolvimento de uma compreensão e alerta que irá mudar os estilos de vida da juventude e influenciar indirectamente a população adulta. A EF não só ensina aos estudantes os benefícios da actividade física mas também os permite desfrutar da mesma. Assim a probabilidade de que continuem a actividade física mesmo fora das escolas aumenta. Por sua vez, Sallis e McKenzie (1991) defendem que com programas de EF bem

- 15 -

elaborados, é possível desenvolver nos alunos uma maior interesse e preocupação com a actividade física e saúde. Para isso bastaria proporcionar aos alunos serem mais activos e ordenarem uma sequência de experiências educativas que os guiassem para escolher uma vida activa e saudável em adultos.

A EF dos dias de hoje preocupa-se também com o desenvolvimento da literacia desportiva. Através da EF o professor deverá formar um aluno culto desportivamente, conhecedor das tradições e dos rituais associados ao desporto.

Outra situação que pode exemplificar os vários benefícios da EF foi a terceira Conferência Internacional dos Ministros e Oficiais Seniores Responsáveis pela EF e Desporto (MINEPS III), realizada no Uruguai do dia 30 de Novembro ao dia 3 de Dezembro de 1999, na qual os participantes de vários países discutiram a importância da implementação do desporto na sociedade. Os ministros sublinharam a importância da EF e do desporto como um elemento essencial e parte integrante do processo da educação e do desenvolvimento social. Segundo os participantes, estas actividades podem também contribuir de forma positiva para a coesão social, tolerância mútua e integração de minorias étnicas e culturais podendo assim funcionar como poderosas ferramentas para o desenvolvimento de certas nações reduzindo a diferença entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Segundo um estudo realizado, por cada dólar investido em actividade física pode levar a uma poupança de 3.2 dólares em custos médicos.

Depois de me deparar com um vasto leque de vantagens possibilitadas pela EF, quer pessoais quer sociais, no domínio da educação, saúde, condição física e construção de uma personalidade mais capaz e adaptada à sociedade, resta-me tentar perceber o porquê de uma ―crise‖ na disciplina, o que leva a que a opinião do público em geral não seja a melhor. O autor Costa, C. (2004:10) propõem a seguinte questão ―Que razões podem explicar a crise da EF escolar?‖ e aponta as principais razões para os problemas na disciplina:

“Cortes severos nos pressupostos da educação; Políticas educativas conservadoras;

- 16 -

Políticas que privilegiam o modelo desportivo de alto rendimento; Meios de comunicação subordinados a critérios comerciais,

exercendo uma acção negativa nos jovens; Opinião pública sem sentido crítico;

Ausência de um corpo de conhecimentos, ideias, valores e referências comuns a todos os membros da profissão (promove falta de consenso) ”.

Como futuro professor de EF irei lutar bravamente para que a EF seja cada vez mais acarinhada pelos alunos, professores, pais e sociedade em geral.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 33-36)