• Nenhum resultado encontrado

Capítulo I – Opções metodológicas

1.3 Contexto da pesquisa

A pesquisa centrou-se em escolas da rede Municipal de Cubatão, São Paulo, Brasil, e no trabalho desenvolvido por professores de educação especial. Cubatão faz parte da Região Metropolitana da Baixada Santista. Compreende uma diversidade geomorfológica com manguezais, morros, montanhas e Serra do Mar (DAEE, 2010) (ver anexo III). É uma região onde se concentra importante polo industrial, como a refinaria de petróleo Presidente Bernardes, entre outras. Houve, há algum tempo, um grande desastre ambiental, causado pela poluição, o que afetou a população (Alves, 2013).

Segundo dados dos Censos do IBGE 2010, Cubatão tinha 118.720 habitantes, com rendimento per capita de até meio salário mínimo no valor de 477.00 reais, correspondendo a 104.83 euros (1 euro = 4.55 reais/ em 06/08/2018) (abaixo da linha da pobreza). De acordo com estudos do IBGE, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Cubatão em 1991 foi de 0.318, e o IDH em 2010 foi de 0.681. Considerando-se que o IDH: de 0.00 a 0.499 é muito baixo; de 0.600 a 0.699, médio; e de 0.800 a 1.000, muito bom, Cubatão encontra-se no patamar médio no momento, ou seja, em desenvolvimento (IBGE, 2017).

Dados do IBGE 2015, em parceria com a Secretaria da Saúde, referem que 3,6% dos brasileiros têm algum tipo de deficiência visual (7,48 milhões), o que equivale a 72.48% da população de Portugal, e 6,2% têm algum tipo de deficiência (auditiva, física ou intelectual).

Os alunos que frequentam as escolas municipais moram na região e pertencem a famílias de baixa renda ou de classe média (Alves, 2013). As escolas selecionadas funcionam somente para o Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano). Com esses dados, destaca-se a importância de se estudarem as

necessidades educativas especiais para os alunos com deficiência visual, em uma região carente e com grande vulnerabilidade.

Para se entender melhor a rede municipal de ensino no Brasil, deve-se ter em conta que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, a educação é um direito de todos, dever do Estado e da família, sendo a base do ensino os princípios de igualdade, liberdade de aprender, gratuidade do ensino público e padrão de qualidade. Quanto ao dever do Estado com a educação, salienta-se, no artigo 208, que deve haver “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.”

Assim, as escolas das cidades podem ser públicas ou particulares. As escolas públicas são mantidas pelo governo municipal, estadual ou federal, por meio de verbas para despesas. Segundo o artigo 211 da Constituição Federal, “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”, sendo que “Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil” (§2º).

Outra lei que rege a educação no Brasil e que se refere aos municípios é a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Entre os seus diversos aspectos, convém salientar o artigo 34º, que afirma que “a jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola”.

Quanto à formação, os professores da rede de ensino municipal, que abrange Educação Infantil e Ensino Fundamental I (do 1º ao 5º ano), possuem Licenciatura em Pedagogia, graduação, de acordo com a Resolução CNE/CP nº1, de 18 de fevereiro de 2002. Ressalte-se que esses professores são concursados. A rede municipal oferece aos professores formação contínua.

As escolas da rede municipal da cidade de Cubatão, selecionadas para esta pesquisa, foram:

Unidade Municipal de Ensino Escola 1 Escola 2 Escola 3 Escola 4 Nº alunos matriculados 1121 536 531 303 Ensino Fundamental I* 368 536 230 303 Ensino Fundamental II** 577 301 EJA*** 176 Alunos NEE 42 18 16 8 Nº professores de sala de aula 99 24 23 20 Nº professores educação especial 7 6 3 1 Especialista em DV**** 2 2 1 Especialista em DI**** 3 2 2 1 Especialista em DA**** 2 2

Quadro 1: Fonte: Censo escolar 2017 e informações da direção das escolas *Ensino Fundamental I (anos iniciais do 1º ao 5º ano);

**Ensino Fundamental II (anos finais do 6º ao 9º ano): ***EJA (Educação de Jovens e Adultos).

****Professores Especialistas: Deficiência Visual (DV); Deficiência Intelectual (DI); Deficiência Auditiva: (DA).

Os dados aqui descritos foram informados pelos coordenadores de ensino de cada escola e baseados no Censo Escolar de 2017.

Inicialmente foram contactadas as Secretarias de Educação das cidades de Santos, São Vicente e Cubatão, para ser realizada essa investigação. A Secretaria de Educação de Cubatão respondeu positivamente, selecionando quatro escolas; já as Secretarias de Educação das cidades de Santos e São Vicente não responderam em tempo hábil.

Após as autorizações e apresentações realizadas, passou-se a conhecer os alunos que iriam participar da pesquisa, seus nomes, idades e também as causas da deficiência visual. Cada pequeno grupo contou com a participação de um a dois alunos com DV.

Na Unidade Municipal de Ensino - Escola 1, participou da pesquisa um grupo com cinco alunos do 3º ano, com idades entre 8 a 10 anos, sendo um aluno com baixa visão, laudo médico de retinose pigmentar.

Na Unidade Municipal de Ensino - Escola 2, participaram da pesquisa dois grupos:

- Grupo 1, com quatro alunos do 5º ano, com idades entre 10 e 11 anos, sendo um aluno com baixa visão, laudo médico em aberto, e uma cega de nascença. - Grupo 2, com quatro alunos do 3º ano, com idades entre 8 e 11 anos, sendo dois com baixa visão, laudo médico catarata.

Na Unidade Municipal de Ensino - Escola 3, participou da pesquisa um grupo com três alunos do 4º ano, com idades entre 9 e 10 anos, sendo um aluno com baixa visão.

Na Unidade Municipal de Ensino - Escola 4, participou da pesquisa um grupo, com cinco alunos do 4º ano com idades entre 9 e 10 anos, sendo um aluno com baixa visão.

Assim, em síntese, participaram desta pesquisa: a) 21 alunos, sendo sete alunos com DV, em cinco pequenos grupos com idade entre 8 a 11 anos. Todos cursavam o Ensino Fundamental I – (3º ao 5º ano); b) cinco professores de educação especial, especialistas em DV; c) uma professora de educação especial, especialista em deficiência intelectual (DI); três professores regulares (da sala de aula).