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CAPÍTULO 2 – DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA

2.2 O contexto da pesquisa e os procedimentos utilizados para a coleta de dados

Esta pesquisa teve como contexto uma formação continuada voltada para professores de Língua Portuguesa, a qual foi nomeada como Taba Móvel Redigir. Esta integra dois projetos pertencentes à Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG), o Taba Móvel e o Redigir.

O Taba Móvel originou-se de uma ação do “Projeto Taba Eletrônica”, que tem como objetivo capacitar professores de línguas via dispositivos móveis, para que eles melhorem sua prática e até mesmo aprendam a ensinar a língua valendo-se das ferramentas digitais móveis. Já o Redigir é um projeto de extensão da Faculdade de Letras – FALE – da Universidade Federal de Minas Gerais, que disponibiliza em um site16 atividades específicas para professores de Língua Portuguesa. Nele há materiais contextualizados que são voltados para o uso exclusivo do professor e outro próprio para o aluno.

A comunicação sobre o curso oferecido foi divulgada pelos tutores responsáveis e por professores da FALE/UFMG que compartilharam o post (FIGURA 1) via WhatsApp e também em suas páginas do Facebook. Quanto à procura pelo curso, após a divulgação do post, houve uma forte adesão à proposta e as vagas foram rapidamente preenchidas, motivo pelo qual tivemos dois grupos formados totalizando 89 professores de Língua Portuguesa da educação básica de diferentes estados do país. Isso foi possível porque a formação aconteceu exclusivamente online, por WhatsApp, como já foi mencionado.

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Figura 1 – Chamada para a formação docente

Fonte: Taba Móvel Redigir.

O motivo da escolha por esse aplicativo e não outro consiste no fato de o WhatsApp ser um aplicativo já adotado em nossa sociedade, por ser compatível aos smartphones e demais dispositivos móveis. Além disso, como colocado por Vetromille-Castro e Ferreira (2016), o uso de tecnologias digitais nos contextos de formação docente é mais que uma tendência, trata-se de um compromisso social.

Assim, a formação ocorreu totalmente online e, semanalmente, as conversas ocorridas no grupo eram salvas. Cada monitor e/ou pesquisador envolvido no projeto enviava a conversa para o seu e-mail pessoal. Além disso, um dos monitores ficou responsável por capturar a imagem da tela do smartphone e esse print era compartilhado com os demais membros da formação docente.

Os participantes da pesquisa responderam dois questionários semiestruturados (disponíveis no ANEXO A e APÊNDICE A), um no início e outro no final do curso. O questionário inicial teve como intenção conhecer quem era aquele docente e quais suas habilidades com o uso de tecnologias digitais móveis, ou seja, buscou-se investigar o perfil pessoal e tecnológico do professor em relação aos dispositivos móveis.

Já o questionário final, objetivou a coleta de depoimentos a respeito do curso – se esse tipo de ensino-aprendizagem colaborou para sua formação e se foi uma oportunidade de reflexão e aprendizado favorável a alguma mudança em sua prática docente –, além de depoimentos sobre os temas que foram abordados e as possíveis dificuldades advindas durante

57 a execução de atividades. Além disso, buscou-se realizar um mapeamento sobre o nível de adoção do uso de dispositivos móveis na prática docente.

Quanto à análise das habilidades do letramento digital docente, recorro a Dias e Novais (2009), que formularam uma matriz para análise do letramento digital. Para tanto, faço, como já foi dito, uma adaptação de seus descritores com intuito de verificar a habilidade docente e sua capacidade de participar e interagir em ambientes digitais móveis.

As quatro ações foram adaptadas a partir da proposta de Dias e Novais (2009) e buscarei observar indícios de possíveis habilidades que evidenciam ações voltadas para a prática social. Listarei as quatro ações aqui, brevemente, com o propósito de relembrá-las: a) utilização de diferentes interfaces, b) busca e organização de informação em ambiente digital, c) leitura de hipertexto digital, d) produção em dispositivo móvel.

Em todas as ações os descritores foram subdivididos em três habilidades, uma habilidade para cada grande grupo do conjunto maior de descritores, como Dias e Novais (2009) delimitaram em sua matriz. A seguir, temos as quatro ações que compõem a proposta de adaptação de uma matriz pensada para a análise dos dados desta pesquisa.

Quadro 3 – Ação 1: Utilizar diferentes interfaces

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Quadro 4 – Ação 2: Buscar e organizar informações em ambientes digitais

Fonte: Adaptado de Dias e Novais (2009).

GRUPO NÚMERO DESCRITOR

IDENTIFICAÇÃO 2.1

Reconhecer os aplicativos e as ferramentas de busca de informações na Internet, selecionando as palavras-chave adequadas e sintetizando o assunto a ser procurado.

ENTENDIMENTO 2.2

Verificar se a informação encontrada é adequada ao objetivo da pesquisa.

CORRELAÇÃO 2.3 Avaliar a confiabilidade da informação obtida

associando, para isso, fatores como o link utilizado, o tipo de site, o conhecimento prévio, o autor, o conteúdo do texto e comparar o conteúdo do resultado com outros sites.

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Quadro 5 – Ação 3: Ler hipertexto digital

Fonte: Adaptado de Dias e Novais (2009).

GRUPO NÚMERO DESCRITOR

IDENTIFICAÇÃO 3.1

Reconhecer os recursos imagéticos da escrita hipertextual, tais como emoticons, gifs, memes, posts, como componentes do hipertexto, considerando que este é composto por diversas mídias e recursos que vão além do texto verbal, como recursos visual e sonoro.

ENTENDIMENTO

3.2

Utilizar diferentes estratégias para inferir sobre o significado de um hipertexto digital relacionando o contexto aos sinais gráficos.

CORRELAÇÃO 3.3 Recorrer ao uso das mídias e demais recursos decidindo ou não pelo seu uso para ler, produzir e compreender os textos multimidiáticos.

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Quadro 6 – Ação 4: Produção em dispositivo móvel

Fonte: Adaptado de Dias e Novais (2009).

Além de matriz de letramento digital docente, recorro aos graus ou à validação dos atributos da inovação e aos estágios e como a percepção da aprendizagem móvel engloba esses aspectos elencados, para então tentar compreender a relação entre a adoção da inovação e em que ponto o letramento digital dos participantes apoia ou não tal adoção.