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3. Metodologia 42

3.2. Contexto de Pesquisa 44

Esta pesquisa foi desenvolvida no PECPLI, projeto de educação continuada realizada sob os auspícios da Universidade Federal de Viçosa Assim como os demais projetos existentes no país, tais como o EDUCONLE

(UFMG) e A Formação Contínua do Professor de Inglês: um contexto para reconstrução da prática (PUC-SP), o PECPLI surgiu com o objetivo central de reunir professores de língua inglesa atuantes na região para, primeiramente, conhecer melhor seus contextos de atuação e suas necessidades e, em seguida, contribuir para o desenvolvimento de sua competência profissional. De acordo com o projeto (BARCELOS, 2004a, p. 1), os objetivos do PECPLI em seu início eram:

“Gerais:

• Contribuir para o desenvolvimento profissional dos professores de inglês do ensino fundamental e médio das escolas públicas de Viçosa através de um programa de formação continuada.

• Contribuir para a melhoria do ensino de inglês nas escolas de

Viçosa.

Específicos:

• Ajudar o professor de inglês a se tornar consciente de sua

prática;

• Auxiliar o professor em suas necessidades de aperfeiçoamento

lingüístico e pedagógico através de grupos de discussão, cursos, oficinas, palestras e eventos de natureza didática;

• Melhorar a competência metodológica e profissional dos

professores da rede publica de ensino através de um espaço de discussão e aperfeiçoamento onde as suas necessidades serão atendidas;

• Integrar professores de ensino fundamental, médio e 3º grau;

• Levar alunos de Letras a participar ativamente do projeto,

através de sub-projetos de pesquisa e do oferecimento de cursos para e com os professores, contribuindo, dessa forma, para uma formação acadêmica e profissional mais embasada na realidade das escolas públicas.”

O projeto não tem a preocupação de especificar um período mínimo ou máximo de encontros para a freqüência dos professores, tampouco estabelece uma agenda de trabalho com temas pré-fixados a serem cumpridos em determinado espaço de tempo. No período de 2004 ao final de 2006, os encontros eram mensais, os quais eram realizados aos sábados, das 8:30 às 11:30. Em 2006, alguns encontros tiveram seu horário estendido até a tarde, para realização de tarefas específicas de aperfeiçoamento lingüístico, sob a coordenação de aluno voluntário, da graduação, orientado de uma das coordenadoras. Por solicitação dos participantes, a partir de 2007, os encontros passaram a ser quinzenais e, para o trabalho de aperfeiçoamento linguístico, foi selecionado um outro aluno da graduação, para atuar como estagiário e

colaborar no desenvolvimento da proficiência linguística dos professores. Durante esses anos, os professores trabalharam com tarefas disponibilizadas no site do British Council; realizaram trabalhos desenvolvendo as quatro habilidades abordando os temas relacionados às discussões feitas na parte da manhã; aprofundaram questões relativas à pronúncia e, recentemente, desenvolveram atividades para o letramento digital.

A organização dos encontros para formação continuada dos participantes se iniciou sob a coordenação de duas professoras, uma da própria Universidade Federal e outra de uma Instituição Federal de nível médio e tecnológico, as quais tiveram apoio e auxílio dos alunos da graduação e outros colaboradores para a implementação do projeto. Os alunos de Letras foram convidados a ajudar as coordenadoras em tarefas como contactar os participantes e auxiliar na preparação de materiais. Atualmente, o projeto conta com um bolsista de extensão, com atribuições específicas para o bom andamento do projeto e o desenvolvimento de pesquisas. Uma das professoras, Carol, por sua formação e experiência, tem um papel diferenciado no grupo, atuando como colaboradora, buscando, em particular, disponibilizar e orientar os demais participantes em relação à preparação de materiais didáticos para suas aulas. A partir de 2007, alguns encontros foram preparados por outros professores ou alunos da graduação, convidados para ministrar oficinas e palestras, de acordo com a solicitação das professoras participantes.

Em 2004, os temas que orientavam os encontros surgiam a partir dos relatos feitos pelos professores de suas experiências de prática. No início, as coordenadoras preparavam os encontros buscando organizar as experiências partilhadas em temas para, posteriormente, serem refletidas por meio de textos oriundos das áreas de Educação e de LA. Atualmente, as professoras participantes têm maior autonomia para organizar a agenda e, por isso, definem, com mais segurança, os temas e o modo como querem desenvolver os encontros. Os temas centrais discutidos desde o início até 2009, duração do projeto sob investigação, foram: habilidade de leitura, motivação e indisciplina, preparação de materiais didáticos, prática exploratória e gêneros textuais (vide ANEXO I - agenda dos encontros).

Dessa forma, o trabalho realizado no PECPLI tem como base os princípios da ação colaborativa entre seus participantes. Mais ainda, esse

ambiente colaborativo, característico ao projeto, atende aos requisitos da Biologia do Conhecer no que tange a explicação de fenômenos observados.

A constituição do projeto parece estar de acordo com a observação de Gimenez (2005), “precisamos pensar também em formatos que permitam a constituição de comunidades de aprendizagem, de caráter continuado, sustentado por condições objetivas, entre as quais se incluem tempo e materiais de apoio para as discussões” (p. 196). O projeto é reconhecido pelos participantes, inclusive pelas coordenadoras, como um espaço no qual as professoras têm liberdade para partilharem suas práticas, refletirem e auto- avaliarem suas atitudes e crenças. As professoras vêem diminuir a sensação de isolamento e encontram apoio umas nas outras buscando “forças” para superarem suas frustrações e o desânimo que, tantas vezes, as levaram a pensar em desistir da profissão (BARCELOS & COELHO, 2010).

O ambiente criado nos encontros é de amizade e confiança, permitindo, assim, que as professoras partilhem também suas vidas. Assim, como na pesquisa de Telles (2004) e Miccoli (2010), nos encontros do PECPLI, as experiências profissionais, ao serem reveladas, se vêem imbricadas nas experiências cotidianas vivenciadas com familiares e nos contextos sociais onde convivem. Na seção seguinte apresento as participantes da pesquisa.