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CAPÍTULO 4. A ESCOLHA PROFISSIONAL NO CURSO DE PEDAGOGIA:

4.1. Contexto dos participantes

Primeiramente, é importante que apresentemos o contexto dos participantes, ou seja, suas características, compondo o meio em que viveram e alguns indícios de escolherem a carreira docente. Sobre isso, encontramos alguns pontos que julgamos necessário delinear: a) profissão dos pais; b) professores marcantes em sua vida e; c) experiência escolar.

Com relação a profissão dos pais, os entrevistados apontaram:

Profissão do Pai Profissão da Mãe

E-1 Representante comercial Dona de casa

E-2 Autônomo Professora

E-3 Trabalha com agricultura (autônomo) Monitora E-4 Trabalha na usina Professora

E-5 Empilhadeirista Líder de supermercado

E-6 Comerciante Comerciante

E-7 Torneiro mecânico (aposentado) Dona de casa

E-8 Falecido Dona de casa (pensionista) E-9 Trabalha em indústria (desenho técnico

industrial)

Dona de casa E-10 Professor (aposentado) Dona de casa

E-11 Jardineiro Doméstica

A partir do quadro, podemos perceber que a maioria das mães são donas de casa e os pais trabalham em ocupações que não necessitam de um nível superior. Dentre os familiares dos doze participantes, existem duas mães que são professoras e um pai que já exerceu a profissão docente. Outro fator importante de ser lembrado é que do total de doze entrevistados a maioria deles sempre estudou em escola pública, sendo que apenas três entrevistados passaram pela escola particular em alguma fase de ensino e apenas uma sempre estudou em escola particular. A partir dessas informações é possível notar o perfil sócio econômico dos estudantes e considerá-lo como não elevado.

Com este contexto, lembramos dos apontamentos de Gatti (2009, p.14) “(...) o perfil sócio-econômico de quem escolhe o magistério mudou nos últimos anos, sendo a maioria pertencente a famílias das classes C e D”. A autora ainda afirma que:

(...) trata-se de alunos que tiveram dificuldades de diferentes ordens para chegar ao ensino superior. São estudantes que, principalmente pelas restrições financeiras, tiveram poucos recursos para investir em ações que lhes permitissem maior riqueza cultural e acesso a leitura, cinema, teatro, eventos, exposições e viagens”. (GATTI, 2009, p.14) Porém, no rol de familiares, oito participantes disseram ter professores na família e quatro disseram não ter.

Os professores que foram marcantes durante a vida dos entrevistados, foram àqueles considerados como bons professores; aqueles que mantiveram uma boa relação afetiva ou não; bem como os professores que ensinavam bem e/ou sabiam passar o conteúdo, além daqueles que contribuíram para a formação pessoal.

Sobre os bons professores, podemos destacar a fala da E-1: “Eles

ensinavam muito bem, alguns eram mais dinâmicos que outros, mas eles

conseguiam dar a matéria que era proposta a eles”, como também da

participante E-6 que diz: “um de matemática (...), ele era um bom professor,

sabia explicar, se eu não entendia de um jeito ele ía explicar dez mil vezes até

você entender isso (...)”.

Outros entrevistados citaram terem sido marcados por alguns professores pelo fato de ter existido uma relação afetiva. A participante E-2 em sua fala nos revela: “(...) a professora de português era ótima, no ensino médio

eu tive mais contato, mas foi normal também. Marcaram não pela matéria, mas

pelo contato como colegas”. Assim como a participante E-5 que disse: “(...) na

2° série eu tive uma professora excelente, ela era muito boa. Ela era aquele

tipo de professora que era muito amiga, ela motivava muito”.

O estudante E-10 em seu depoimento, recorda-se de um professor que o marcou de forma negativa:

Tive um professor (...) de português, ele me marcou porque ele foi o professor que mais me puniu, que menos entendeu, não sei se pode falar hiperativo, um aluno desobediente, um aluno problema, ele não conseguia lidar comigo. Ele sempre me marcou de tanta punição que ele me deu, porque eu acho que ele não conseguia, não tinha mais paciência, não estava mais preparado para lecionar.

Alguns entrevistados recordaram de professores que os marcaram por conta das relações cognitivas existentes entre eles, E-10 comenta sobre um professor que ele teve aula durante o curso de Pedagogia, em sua fala fica notável essa relação cognitiva: “aqui na Universidade, gosto muito do professor (...) é um professor que me marcou porque ele é um professor que sabe tudo,

sabe ensinar a gente”.

Já o participante E-8 relembra dos professores que marcaram sua vida por contribuírem com sua formação pessoal: “Eles fizeram parte do que eu sou

hoje, das coisas que eu penso, me ajudaram na minha formação, não só na formação escolar, mas na de pensar as coisas que eu penso hoje, na minha

personalidade”.

E a participante E-4 relembra dos professores que marcaram sua vida por conta da identificação com a matéria, pela dedicação à profissão e também por apresentar afinidade com esse professor:

Uma de português, porque além de gostar de português ela era aquela professora que eu sabia que ela estava lá porque ela gostava, ela falava da matéria com um brilho especial, não dava para perceber que ela estava trabalhando parecia que ela estava se divertindo (...), eu nunca esqueço das falas dela, das opiniões dela, por isso por ela ter um brilho tão especial e foi um de história também que eu lembro de ir nas aula e sair com aquele pensamento “gente eu quero ser igual ele quando eu crescer!”, ele tinha uma postura bem critica, ele incitava a gente a criticar também, ele colocava, dava matérias não só o conteúdo, mas ele fugia um pouco disso (...).

Com relação ao último ponto deste tópico, apontamos as vivências e

experiências que os estudantes ressaltaram como significativas na escola.

socialização; experiência positiva; estudos; relações afetivas; bem como destacaram aspectos do ambiente escolar.

A participante E-1 disse que: “gostava para ir conversar com os amigos

(...) no ensino médio, eu gostava de ir e prestar atenção nas aulas do que ficar

conversando”. Podemos ver que o aspecto da socialização era importante para

ela, assim como depois no ensino médio ir à escola para prestar atenção nas aulas.

Podemos destacar ainda os depoimentos relacionados às experiências positivas, como da estudante E-2 que explica: “(...) não tenho do que reclamar

na minha vida na escola (...) foi um experiência boa (...)”; e a E-5 que diz:

“Sempre gostei de estudar (...) eu tive uma experiência muito boa na escola (...)”.

Também apareceram respostas que remetem a experiência positiva e afetiva durante a trajetória escolar, como afirma a participante E-7:

A escola que eu mais gostei foi a HLM e o D também, por causa do contato com os professores, com a coordenação, o próprio ambiente escolar, aconchegante assim eu gostei bastante. Eu nem queria mudar de escola, por mim podia ter ensino médio aqui, porque era pertinho da minha casa e eu adorava. Ambiente, professores, não queria sair de lá não.

e E- 11 que disse: “(...) eu fui muito feliz enquanto eu estava na escola, eu consegui ter esse contato mais próximo com os professores, todos

gostavam de mim, eu sempre tive uma relação muito boa com os professores”.

Outro ponto levantado pelos entrevistados em relação à experiência na escola foi o reconhecimento do espaço, E-4 fala sobre sua estreita relação com o espaço: “o ambiente escolar em si era uma coisa que eu gostava muito eu

não me via fora disso, a escola era um lugar que era meu habitat, então pra

mim era bom eu estar ali”.

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