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A educação a distância se caracteriza como uma modalidade de educação em que o processo de ensino-aprendizagem não precisa ocorrer no mesmo momento, nem no mesmo lugar, ou seja, as variáveis tempo e espaço são flexíveis. Essa flexibilidade chamada espaciotemporal é possível por meio de recursos tecnológicos dos mais diversos, desde o texto impresso até a internet. Acrescido a isso, a interação tem um papel fundamental na modalidade, aliada à construção da autonomia do estudante.

A seguir, apresento um breve histórico da educação a distância no país, bem como, um panorama da situação atual da modalidade. Nos tópicos posteriores, os princípios da EAD são discutidos.

3.1.1 O percurso histórico da EAD no Brasil

Historicamente a educação a distância foi aplicada como modalidade com o uso do serviço de correio, por meio de correspondências entre o aluno, geralmente distante dos grandes centros urbanos, e a instituição de educação. Essa dinâmica foi bastante usada no Brasil desde a década de 1950, especialmente para a exploração comercial de cursos livres de caráter técnico. Dessa época, e ainda existente hoje, têm-se como exemplo os cursos do Instituto Universal Brasileiro, de ampla divulgação e quase nenhuma restrição de alcance territorial, dada a cobertura geral dos serviços dos Correios no país. Outras experiências com o uso de recursos de tecnologia tiveram força pela ampla cobertura radiofônica brasileira. O rádio foi usado, até mesmo em iniciativas oficiais de formação, como meio para a oferta de cursos a distância.

A partir da década de 1970, inúmeras iniciativas utilizaram-se da crescente penetração dos aparelhos de televisão nos lares brasileiros. Em oposição às restrições impostas pelas correspondências e pelo rádio, a televisão permitia riqueza de detalhes gráficos e uma quase simulação da sala de aula presencial. Aliado a isso, o lançamento do sistema de teledifusão em cores e do sistema de teledifusão por satélite (antenas parabólicas) foram propulsores de iniciativas com objetivos grandiosos e apoiados por organizações de natureza pública e privada. Um exemplo marcante dessa época foi o Telecurso. Em sua primeira etapa, chamado de Telecurso 2º Grau, passou por uma grande reformulação nos anos noventa, passando a chamar-se Telecurso 2000. Culminou, por fim, nos anos dois mil, sob o título Novo Telecurso, de uma grade ampla de disciplinas para a educação de jovens e adultos, além de cursos técnicos específicos do setor industrial. Sua propagação se deu com a abertura das chamadas 'telessalas' em locais como fábricas, salões comunitários, além de salas ociosas de escolas regulares.

O advento da internet e sua entrada comercial no país pelos meados dos anos noventa trouxe uma possibilidade de convergência nunca antes vista na modalidade. Aliar texto, imagem e som no mesmo meio mostrou-se uma promessa das mais tentadoras no intuito de suprir as carências dos meios anteriores. Entretanto, de início, esse movimento mostrou-se somente promissor, esbarrando nas dificuldades de infraestrutura de telecomunicações no país, na confusão regulatória do setor, na alta carga tributária sobre os serviços (que permanece até hoje) e no acesso escasso e seletivo a equipamentos de informática. De modo que, somente nos últimos anos, tem-se observado um crescimento do acesso à internet pela população em geral.

3.1.2 A situação atual da EAD no Brasil

Paralelamente ao desafio dos meios tecnológicos para a modalidade de educação a distância, o debate e a produção acadêmica na área da educação foram produtivos ao perceber as questões emergentes da modalidade e de que forma elas poderiam revitalizar questões epistemológicas de fundo para a área. De modo semelhante, pôde-se perceber um alinhamento

de correntes epistemológicas interacionistas a propostas mais interativas de EAD, além de inúmeros projetos de pesquisa preocupados não somente com a tecnologia-meio da proposta, mas também com a concepção epistemológica de base e sua consequente concepção didático- pedagógica aplicada.

A situação atual da educação a distância no Brasil permite algumas constatações. Houve nos últimos anos uma espécie de oferta excessiva de cursos superiores a distância. Nem todos primaram por qualidade – o que levou o Ministério da Educação a apresentar marcos regulatórios e avaliações bastante rígidas para a modalidade, especialmente para a educação superior. Além disso, a maioria desses cursos tem como objetivo a formação de professores – motivo maior para a preocupação governamental. Essa regulação tem sido bastante criticada por se basear num único modelo de educação a distância, cujas características são a valorização da infraestrutura do polo de apoio presencial como local de estudos e atividades para os estudantes e a importância dada ao trabalho do tutor, profissional de educação a distância que orienta e acompanha o estudante em suas tarefas e em sua trajetória de curso.

Por sua vez, as iniciativas governamentais que envolvem EAD intentam, de um lado, formar quadros de professores em exercício que não tenham titulação mínima exigida (Pró- Licenciatura2) e, de outro, expandir a oferta de vagas das universidades federais para o interior (Universidade Aberta do Brasil3). Na iniciativa privada, a oferta de cursos tem se voltado, além de pedagogia e administração, a cursos rápidos como as graduações tecnológicas ou os cursos superiores de tipo sequencial – ambos de maior demanda na sociedade.

No campo dos métodos didático-pedagógicos, há propostas diversas, desde as mais diretivas, de enfoque informativo (essas especialmente em educação corporativa a distância) às de tendência interacionista, com foco na aprendizagem autônoma. De forma semelhante à diversidade de métodos, as escolhas de tipos de material didático e tecnologias também são variadas. Há os cursos calcados em material didático impresso e apoio presencial de um tutor. Há aqueles cujos materiais didáticos estão disponíveis somente on-line e contam com o apoio de um tutor a distância. Há ainda aqueles baseados na difusão de teleaulas por satélite.

2 Programa de formação inicial de professores em exercício das redes públicas de educação básica. Ocorre em parceria com instituições de ensino superior que oferecem cursos de licenciatura a distância (Fonte: MEC). 3 Sistema de educação superior a distância que articula instituições públicas de ensino superior com o objetivo

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