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CAPÍTULO III: LOCALIZAÇÃO E ACESSO, MATÉRIAS E MÉTODOS CONTEXTO

7 CONTEXTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO LOCAL

A área de estudo está localizada na região sudoeste da Amazônia, Brasil, entre 7º45’S e 6°45’S e 61° e 59°30’ W (Figura 4 e 5). O clima é quente e úmido, e um pouco mais seco de maio a setembro. A temperatura anual média varia de 25 a 27° C, a umidade relativa é de aproximadamente 85% e a precipitação anual é de 2336 mm/ano. Está inserida nos domínios tectonoestratigráficos Juruena (1,85-1,75 Ga) e Roosevelt- Aripuanã (1,76-1,74 Ga) da Província Rondônia-Juruena (Santos et al. 2003; Santos et al. 2006) no contato do embasamento Paleoproterozoico e a Bacia Alto Tapajós de idade siluro-devoniana (Reis, 2006; Reis et. al 2013) (Figura 4).

37 Figura 4: Região estudada enquadrada no Escudo Brasileiro, Província Rondônia-Juruena, Domínio Roosevelt-Juruena do cráton Amazonas (Santos et al. 2006).

Afloram rochas vulcânicas do Grupo Colíder e vulcano-sedimentares e sedimentares do Supergrupo Sumaúma e do Grupo Alto Tapajós respectivamente (Figura 5). As rochas do Grupo Colíder (idade U-Pb 1,787-1,805 Ga) ocorrem a sul e na porção noroeste da área estudada, são dominantemente vulcânicas (riolitos, dacitos e riodacitos predominantemente), com alguns corpos subvulcânicos associados (Lacerda Filho et al. 2001; CPRM, 2014 e 2015) (Figura 5). Intrusivos ao embasamento vulcânico ocorrem batólitos graníticos referentes às suítes intrusivas Teodósia e Igarapés das Lontras. A suíte intrusiva Teodósio (1,758-1,757 Ga) é subdividida nas fácies graníticas, granodiorítica-tonalítica e quartzo-diorítica com assinatura peraluminosa a metaluminosa com trend cálcio alcalino de alto K, afetadas localmente por cisalhamento dúctil (Reis et al. 2013; CPRM, 2014 e 2015, Figura 5). A suíte intrusiva Igarapé das Lontras (1,754 Ga) reúne monzo a sienogranitos com subordinados álcali-feldspato granitos, quartzo monzonitos e quartzo sienitos. Há ainda, corpos subvulcânicas e ignimbritos associados a caldeiras e raros cataclasitos, milonitos e filonitos (Reis et al. 2013; CPRM, 2015). Intrusivos a estas suítes graníticas ocorre a suíte intrusiva Serra da Providência (1,57-1,53 Ga). Nesta, predominam monzogranitos equigranulares a porfiríticos com textura rapakivi, subordinados siengranitos e raros alcáli-feldspatos granitos. Há ainda, granitóides a piroxênio deformado e gabronoritos associados (Scandolara 2013; CRPM, 2014 e 2015, Figura 5).

38 Figura 5: Mapa geológico da região estudada (CPRM 2014; 2015). Retângulo vermelho está relacionado ao mapeamento em andamento da região sudeste do Amazonas

A estruturação em grábens do Grupo Colíder e das suítes intrusivas Teodósia e Igarapé das Lontras serviu de fonte e receptáculo estrutural para a deposição das sequências vulcano-sedimentares e sedimentares proterozoicas e paleozoicas, respectivamente. O mapeamento da região está em andamento pela CPRM (Serviço Geológico do Brasil) e não há ainda integração dos resultados entre os mapas o que impede a apresentação de um mapa detalhado. Os dados disponíveis indicam que o Supergrupo Sumaúma é constituído pelos Grupos Vila do Carmo e Beneficente (Figura 5).

O Grupo Vila do Carmo, fase rifte da Bacia do Sumaúma, reúne unidades vulcanoclásticas, piroclásticas e clásticas que ocorrem sob a forma de ritmitos e quartzo arenitos (Reis et al. 2013). Reis et al. (2013) estabeleceram idade máxima entre 1,76 e

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1,74 Ga ao Grupo Vila do Carmo por meio do estudo de zircão detrítico, enquanto que CPRM (2014- Folha Mutum) subdividiu a unidade nas formações Camaiú e Naldinho. A Formação Camaiú atrelada às fácies marinha rasa a deltaica distal, é constituída por ritmitos formados por rochas vulcanoclásticas, clásticas e piroclásticas inter- relacionadas. Por outro lado, a Formação Naldinho engloba arenitos róseos a esbranquiçados, médios a grossos, tabulares, com estratificações cruzadas festonadas e lobos sigmoidais, sobrejacentes em discordância angular aos ritmitos da Formação Camaiú. Soleiras e diques de olivina diabásio (Mata-Matá) e corpos de gabro com 1,57 Ga de idade, intersectam o Grupo Vila do Carmo (Betiollo et al. 2009).

O Grupo Beneficente (1,43- 1,08 Ga- pós rifte) que sobrepõe o Grupo Vila do Carmo, é constituído da base para o topo pelas formações Manicoré, Cotovelo e Prainha/Tuiuié. A Formação Manicoré foi depositada em ambiente de leques e planícies aluviais e é representada por ortoconglomerados a quartzo arenitos maciços com argilitos subordinados. A Formação Cotovelo foi depositada em ambiente de planície de maré e canais fluviais e reúne quartzo arenitos silicificados, arroxeados a róseos. As formações Prainha e Tuiuié são indivisas e compostas por arenitos sublíticos e quartzo arenitos intercalados por siltitos e argilitos, depositados em ambiente de dunas eólicas e de washover (Reis et al. 2013; CPRM, 2014).

A bacia do Alto Tapajós é constituída pelo Grupo Alto Tapajós (Siluriano) depositado em não conformidade sobre as rochas do Grupo Colíder e Vila do Carmo, após a incisão do gráben do Cachimbo/Alto Tapajós. Compreendem arenitos finos a médios com lentes conglomeráticas e siltitos laminados com intercalações de arenitos finos, depositados em ambiente litorâneo e lagunar enquadrados nas formações Rio das Pombas e Juma, respectivamente (CPRM, 2013; Reis et al. 2013).

Os depósitos neógenos da área são representados pela Formação Salva Terra (conglomerados, arenitos conglomeráticos, argilitos mosqueados) no alto rio Acari. Sobre as vulcânicas do Grupo Colíder, há coberturas lateríticas e colúvios formados por fragmentos de crostas lateríticas a sul do estudo e próximo à cidade de Apuí (CPRM, 2006; Reis et al. 2013). Também há crostas e colúvios manganesíferos no rio Aripuanã, ao longo da BR-230 e ao sul de Apuí (Silva et al. 2012). Os depósitos Quaternários são representados por aluviões desenvolvidos ao longo das drenagens comportando areia, cascalho, silte e argila (CPRM, 2006).

Essas unidades estabelecem dois compartimentos geomorfológicos: à direita do rio Aripuanã é classificado como Platôs Dissecados do Sul da Amazônia e à esquerda

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do rio Aripuanã, as Superfícies Aplainadas da Amazônia (Figura 6A; Dantas & Maia 2010). Os pontos amostrados e a campanha de campo centraram-se na superfície denominada Platôs Dissecados do Sul da Amazônia. Estes são marcados por platôs, serras, colinas e planícies com forte dissecação pela incisão da rede de drenagem subdendrítica a dendrítica com padrões retangulares, associadas aos grandes rios, como Aripuanã, Acari e Sucunduri. Os platôs e serras, alongados na direção NE-SW e NW- SE alcançam de 186 a 290 m de altitude, têm 4 a 21 km de extensão por 2 a 10 km de largura, enquanto as colinas têm topo côncavo, 134 e 186 m de altitude, atingem até 1km de extensão e, por vezes, estão alongadas nas mesmas direções dos platôs (Figura 6B, 7A e 7B). Tanto os platôs como as colinas são sustentadas por bauxitas e crostas ferruginosas e ferro-aluminosas (Figura7). Vales em “U”, encostas íngremes e colinas do entorno de Apuí têm altitude entre 0 e 134 m, e é onde predominam rochas sedimentares, vulcânicas e raras crostas manganesíferas (Figura 7D). Há também perfis truncados pela neotectônica, que expõem linhas de pedra e horizontes mosqueados nos vales (Figura 8A, B e C)

41 Figura 6: A- Principais domínios geomorfológicos do estado do Amazonas. B- Mapa altimétrico da região sudeste do Amazonas (Dantas & Maia, 2010).

42 Figura 7: Tipos de relevo da região estudada. A- serras alongadas e platôs; B- colinas com topo suave e arredondado; C- crostas lateríticas que sustentam o relevo colinoso e D- vales em formato de U.

43 Figura 8: A- Colúvios falhados pela neotectônica (Silva, 2009). B e C- Exposição de linhas de pedra e horizonte mosqueado

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CAPÍTULO IV: ARTIGO 1- GENESIS OF MANGANESE

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