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Capítulo III – Artigo Científico: The Hydrothermal Footprint of Crixas Orogenic

III.2 Contexto Geológico Regional

A Província Tocantins (Almeida et al., 1981) localiza-se na porção central do Brasil e é definida como um sistema orogênico Neoproterozóico (Brasiliano – Panafricano) derivado da convergência de três grandes blocos continentais: os Crátons Amazônico, São Francisco-Congo e Paranapanema, sendo este recoberto atualmente por sedimentos da Bacia do Paraná. A Província Tocantins engloba três faixas de dobramento denominadas Faixas Araguaia e Paraguai, bordejando as porções leste e sul do Cráton Amazônico respectivamente e a Faixa Brasília localizada a oeste do Cráton São Francisco (Figura III.1) (Fuck et al., 2014).

A Faixa Brasília consiste em um cinturão orogênico Neoproterozóico localizado na porção central da Província Tocantins (Figura III.1). A faixa possui um segmento norte com orientação para NNE e o segmento sul com direção predominantemente NNW. A separação entre os segmentos é estabelecida pela Sintaxe dos Pirineus, que marca a mudança das direções estruturais (Araújo Filho, 2000). A faixa é subdividida em Zona Interna e Zona Externa (Fuck et al., 1994).

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A Zona Externa é constituída por metassedimentos de margem continental passiva (grupos Bambuí, Paranoá e Canastra) metamorfizados em baixo grau, estruturadas em um sistema de empurrões e dobramentos com vergência em direção ao Cráton São Francisco. Na porção norte da Zona Externa ocorre um embasamento Paleoproterozóico composto por uma associação de granitos e ortognaisses e sequências sedimentares representadas pelos grupos Araí e Natividade (Pimentel et al., 2004; Valeriano et al., 2008).

A Zona Interna inclui os seguintes segmentos: (1) o núcleo metamórfico do orógeno, representado pelo Complexo Anápolis-Itauçu (Piuzana et al., 2003) e Complexo Uruaçu (Della Giustina et al., 2009), além de rochas metassedimentares do Grupo Araxá (Seer et al., 2001) e fragmentos de sequencias ofiolóticas; (2) o Maciço do Goiás, composto pelo Terreno Arqueano-Paleoproterozóico de Goiás (Jost et al., 2013), pela sequência metassedimentar Paleoproterozóica do Grupo Serra da Mesa e por complexos máfico-ultramáficos acamadados e sequências metavulcanossedimentares associadas (Ferreira Filho et al., 1992; Ferreira Filho

et al., 1994); e (3) o Arco Magmático do Goiás, de idade neoproterozóica, constituído por

sequências metavulcanossedimentares e ortognaisses que representam uma vasta área de crosta juvenil e continental gerada entre 900 e 630 Ma (Pimentel & Fuck, 1992).

III.2.1 O Terreno Arqueano-Paleoproterozóico do Goiás

O Terreno Arqueano-Paleoproterozóico do Goiás, localizado na porção centro-oeste do Estado do Goiás, estende-se por cerca de 18.000 km² e é constituído por uma associação de complexos granito-gnáissicos TTGs (tonalito, trondhjemito e granodiorito) e faixas greenstone belts (Figura X).

O posicionamento deste terreno dentro da evolução da Faixa Brasília vem sendo discutido por diversos autores. Inicialmente ele foi interpretado como um fragmento crustal arqueano- paleoproterozóico alóctone, que foi amalgamado na Faixa Brasília durante o Ciclo Brasiliano (Pimentel et al., 2000; Jost et al., 2013). Entretanto, estudos recentes sugerem que este terreno e demais domínios que constituem o Maciço de Goiás fazem parte de uma massa continental contínua do paleocontinente São Francisco-Congo que já estava amalgamada desde o final do Paleoproterozóico (Coedeiro & Oliveira, 2017).

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III.2.1.1 Blocos TTG

Os complexos TTG’s compreendem cerca de 80% do Terreno Arqueano- Paleoproterozóico de Goiás e constituem seis blocos ortognáissicos, tonalíticos, granodioríticos e subordinalmente graníticos, que se diferem no arranjo estrutural, associações litológicas e idades. Na porção norte ocorrem os Complexos Anta, Caiamar, Moquém e Hidrolina e ao sul localizam-se os complexos Caiçara e Uvá (Figura III.2.A).

Foram estabelecidos dois estágios de granitogênese para os complexos do norte (Queiroz et al., 2008). O primeiro estágio está registrado nos batólitos de composições tonaliticas, graníticas e granodioríticas dos complexos Hidrolina, Caiamar e Anta. É caracterizado pela assinatura juvenil de Nd e apresenta idade U-Pb SHRIMP entre 2845 a 2785 Figura III.1: Mapa simplificado da Faixa Brasília com a compartimentação das principais unidades geológicas (Modificado de Pimentel et al., 2004).

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Ma e valores ƐNd entre -1.0 e +2.41. Indícios de contaminação do magma por crosta siálica de até 3.3 Ga foram inferidos a partir de dados isotópicos de Sm-Nd de 3.0 Ga (TDM) e idades de

xenocristais de zircão entre 3.3 e 3.15 Ga. O segundo estágio ocorre no Complexo Moquém, definido por corpos tabulares foliados de granodioritos e granitos com idades de cristalização em zircão de U-Pb entre 2711 e 2707 Ma. (Queiroz et al., 2008).

Na porção sul, o Complexo Caiçara é composto predominantemente por ortognaisses tonalíticos com idade de cristalização U-Pb em zircão de 3,14 Ga e idade-modelo Sm-Nd mínima de 3,1 Ga (Beghelli Junior, 2012). Jost et al., (2005, 2013) definiram dois grupos de ortognaisses no Complexo Uvá, sendo o predominante constituído por batólitos polideformados de composições tonalíticas e granodiotíricas e um stock de diorito. Datações de U-Pb em zircão dos tonalitos resultaram em idades entre 3040 e 2930 Ma, enquanto a datação de U-Pb em zircão do diorito apresentou idade de 2934 ± 5 (Pimental et al., 2003; Jost et al., 2013). O segundo grupo é composto por corpos menores, tabulares e isotrópicos de tonalitos e monzogranitos e possui idades de cristalização U-Pb em zircão entre 2764 e 2846 Ma (Jost et

al., 2005, 2013).

III.2.1.2 Faixas Greenstone Belts

As sequências supracrustais do Terreno Arqueano-Paleoproterozóico do Goiás compreendem cerca de 20% do Terreno Arqueano-Paleoproterozóico de Goiás e são representadas por cinco sequências vulcano-sedimentares dispostas como faixas estreitas e alongadas posicionadas entre os complexos granito-gnaissicos (Danni & Ribeiro, 1078 e Sabóia, 1979). Na porção norte localizam-se os greenstone belts Crixás, Guarinos e Pilar de Goiás com orientações aproximadamente para NS (Figura III.2.A). Os greenstone belts Faina e Serra de Santa Rita ocorrem na porção sul do terreno com orientação N60ºW e são justapostos por uma falha direcional dextral com direção N30ºE (Figura III.2.A). A estratigrafia dos cinco

greenstone belts é caracterizada por seções inferiores constituídas por rochas metavulcânicas

de composição komatiítica e toleítica e seções superiores compostas por sequências metassedimentares distintas em cada um dos greenstone belts. A região apresenta registros de deformação policíclica e metamorfismo variando de fácies xisto verde a anfibolito e destaca-se pela sua relevância econômica devido a ocorrência de importantes depósitos minerais (Jost et

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