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A I.A., no decorrer dos diferentes momentos da avaliação, compreendeu os motivos da mesma, mostrou-se sempre bem-disposta e aderiu bem às tarefas propostas Foi notória

II. 4.8 Contexto da intervenção psicomotora

A intervenção psicomotora decorreu no ginásio da Casa da Praia, tendo as condições e os materiais adequados para este tipo de intervenção. As sessões com o grupo decorreram às terças-feiras com início às 13h30 e término às 14h30, tendo duração de 60 minutos, enquanto as sessões do caso individual decorreram às sextas-feiras de manhã, com duração de 30 minutos, não tendo uma hora certa de início. No total foram previstas e realizadas 17 sessões de grupo e duas sessões com o caso individual, dado o início da

intervenção ser próximo do fim do ano letivo e colidir com outras atividades da instituição, tal como anteriormente mencionado. Por vezes, dependente de outras atividades da instituição, da necessidade de utilização do espaço de ginásio e/ou das condições climatéricas, as sessões decorreram no espaço de recreio, dando mais liberdade e diversidade às atividades realizadas, visto ser ao ar livre e com utilização de outros recursos.

As sessões de psicomotricidade realizadas até janeiro de 2017 foram observadas por mim, participando nas atividades planeadas e dinamizadas pela orientadora local e responsável pela intervenção psicomotora na instituição. Com a observação das sessões foi possível ter conhecimento dos comportamentos e atitudes das crianças, obter uma visão global das mesmas, individualmente e enquanto funcionamento de grupo, adotar estratégias úteis para o futuro trabalho com as crianças e, principalmente esclarecer dúvidas com a técnica responsável pelas sessões de intervenção psicomotora, permitindo- me evoluir enquanto profissional. A partir de janeiro fui responsável pelas sessões, estando inerentes o seu planeamento e condução, apenas sob supervisão da orientadora em duas sessões, uma inicial e outra intermédia. Porém, a mesma verificava previamente o plano de sessão, o que me possibilitava tirar dúvidas e/ou alterar algo para o melhorar.

As atividades que compunham as sessões tinham como finalidade proporcionar às crianças experiências lúdicas e motoras, promovendo o desenvolvimento psicomotor, tendo por base os objetivos terapêuticos estabelecidos aquando as avaliações psicomotoras individuais. Além destas, pretendeu-se estabelecer e/ou adequar as relações interpessoais, relativamente aos pares, adultos e dinâmicas de grupo.

Relativamente à estrutura da sessão, foi sempre semelhante no decorrer da intervenção, variando apenas os objetivos a trabalhar em cada sessão e em cada atividade. Assim, as sessões iniciavam com o diálogo inicial onde de dialogava e partilhavam algo importante, bem como escreviam o seu nome no caderno de grupo e onde se propunha e/ou escrevia as atividades a realizar. A primeira atividade era sempre, ou quase sempre, de expressão corporal, livre ou mediatizada, individual, a pares e/ou em grupo. O motivo para tal tarefa prendia-se com as características de todas as crianças, intervindo quer na inibição corporal, por exemplo do C.F e da F.G, quer da desinibição corporal da L.V. Nestas atividades era promovida a realização de movimentos livres e espontâneos e de exploração de diversos movimentos ao ritmo da música ou por imitação e/ou por condução de um colega, do grupo em geral. Seguia-se uma atividade de grupo e esporadicamente de caráter individual. No diálogo inicial era dada a oportunidade de uma criança escolher uma

atividade para o grupo e/ou em conjunto elaborar uma, o que implicava o respeito pelas ideias do outro e o trabalho em equipa para escolher algo que todos gostassem ou concordassem, encontrando alternativas. Apesar do plano de sessão estar previamente realizado, havia espaço e flexibilidade para o caso de alguma criança querer sugerir uma atividade e que os restantes não se opusessem. Além disso, tal como mencionado em capítulos anteriores, por vezes era necessário intervir, quer através do diálogo, quer de atividades, em alguns assuntos abordados no recreio, no almoço ou em sala, e.g., o jogo “Baleia-azul” e o que para cada criança significava o sentimento de raiva. Por norma, após a explicação e/ou escolha das atividades, as crianças ajudavam a ir buscar o material necessário para cada atividade e a arrumá-lo ao terminar a mesma, com o intuito de se sentirem parte integrante na preparação das tarefas e dando-lhes responsabilidade e autonomia. Por fim, realizava-se uma atividade de retorno à calma, caracterizado com atividades de relaxação, como intuito de diminuir os níveis tónicos, aumentados durante as atividades. Além destas, caso houvesse tempo, terminava-se a sessão com um diálogo e/ou reflexão acerca da mesma, abordando os pontos positivos e negativos e esclarecendo algumas dúvidas que pudessem surgir acerca de alguma atividade e seu propósito.

Quanto ao plano e relatório de sessão, ambos apresentavam igual estrutura no decorrer das sessões e encontra-se um exemplo para consulta no Anexo Y.

O facto de a estrutura das sessões ser sempre a mesma promove às crianças um ambiente organizado e estruturado, bem como lhes dá oportunidade de poder escolher, adaptar e/ou alterar alguma atividade, dando-lhes motivação, interesse e capacidade de elaborar e expor as suas ideias. As sessões, no decorrer do ano, tiveram como principais objetivos gerais o desenvolvimento das competências psicomotoras relevantes para o grupo, a comunicação entre as crianças, a capacidade de resolução de problemas e a promoção de competências sociais, tais como o respeito e a entreajuda entre todos.

II. 4.9

Estratégias de intervenção

No decorrer das sessões de psicomotricidade foram implementadas diversas estratégias com a finalidade de motivar o grupo e de aderirem mais facilmente à intervenção, permitindo o sucesso dos objetivos delineados para cada criança.

Assim, as estratégias de intervenção utilizadas incluíram, primeiramente, o estabelecimento de um ambiente contentor e securizante, por meio da construção de uma relação empática com as crianças, compreensão, valorização e respeito pela individualidade e necessidades das mesmas. A utilização de uma estrutura constante de

sessão e previamente explicada permitiu que as crianças tivessem uma rotina de sessão sabendo o que iria acontecer.

Apesar de não estar estipulado em todas as sessões a proposta de atividades pelas crianças, dadas as características de inibição de algumas, o facto de dar liberdade para a escolha, elaboração e/ou construção de regras de uma atividade sempre que exprimiam essa vontade, teve como propósito apelar à criatividade, motivação, livre expressão, sentimento de voz ativa e valorização pessoal. Assim, foi importante para as crianças e permitiu-lhes aos poucos, quando se sentissem bem, confiantes, disponíveis e motivadas, expressar com mais facilidade as suas vontades, organizar o discurso e os seus pensamentos, ousar novas experiências, levando aos poucos a desinibirem e sentirem-se mais confiantes. Outra estratégia utilizada prendeu-se com o enquadramento lúdico das atividades, indo ao encontro do gosto das crianças. O estabelecimento de limites e regras durante as sessões e as regras de utilização do espaço e dos materiais também fizeram parte das estratégias de intervenção. Nos planos de sessão, em cada atividade estavam descritas diversas estratégias que passavam pelo reforço positivo, de forma a aumentar o sentimento de valorização pessoal e autoestima, o feedback com o intuito de lhes devolver os seus comportamentos, atitudes e desempenho positivos ou menos positivos, permitindo-lhes autoavaliar, percecionar e organizar o pensamento e a ação; a explicação verbal, demonstração e/ou participação na tarefa, eram utilizadas dependendo do comportamento das crianças, da sua atenção no momento da sessão e do estado de espirito das mesmas. Por fim contavam também com a ajuda verbal, visual e, caso necessário, com a ajuda física total ou parcial, dependendo da dificuldade das atividades ou de como as crianças estavam no momento.