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2 ESCOLAS A TEMPO INTEIRO NA

_______________________________________________________________________________________________________ 59 CAPÍTULO II – Metodologia da Investigação

5. CONTEXTO SOCIAL DA INVESTIGAÇÃO

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ambiente comercial que se fazia sentir na época. Porém, a par disso, muita população santacruzense trabalhava na Companhia Burnay. Em 1929 na freguesia de Santa Cruz existiam sete fábricas de manteiga. A fábrica de Manteiga Burnay tratava-se de uma unidade industrial que não só veio modificar, significativamente, o progresso de Santa Cruz, como também permitiu dar ocupação a muita mão-de-obra, sendo durante décadas importante fonte de rendimento para muitas famílias e para a própria evolução da freguesia. A vinha também era outra das fontes de economia de Santa Cruz, basta constatarmos que o brasão do município ostenta nas suas armas dois cachos de uvas sobrepostos em duas folhas de vinha.

No ano de 1910, Santa Cruz era uma terra preferida pelos turistas, embora poucos nessa época. A bonita baía, as pitorescas Quintas faziam da vila um lugar de passagem e por vezes de permanência para aqueles que procuravam um sítio para descansar. A preferência que os estrangeiros tinham por Santa Cruz justificava-se pela amenidade do clima, afabilidade do seu povo e por ser aqui o ponto de partida para as digressões tão apetecidas dos turistas para a freguesia do Santo da Serra.

A melhoria das vias de acesso e o aumento do poder de compra foram marcando o crescimento da freguesia, razão pela qual ser um dos primeiros lugares onde chegou o automóvel fora do Funchal. A partir de 1934 existiu uma sociedade de autocarros que ligava Santa Cruz ao Funchal, e cujos carros eram pintados de azul e vermelho. Chamava-se “Empresa Automobilística de Santa Cruz”.

No que diz respeito ao património local pertencente ao município de Santa Cruz, destaca-se a Igreja Matriz de São Salvador, reconhecida como imóvel de interesse público a 29 de Abril de 1948, sendo considerada monumento nacional com um riquíssimo espólio de peças religiosas; a capela de Santo Amaro, situada na parte leste da freguesia é outro bem imóvel que serve de inspiração à mais importante cerimónia religiosa do município, celebrada a 15 de Janeiro que atrai, anualmente, muitos fiéis de todas as partes da ilha, devotos ao Senhor Santo Amaro. Por isso mesmo, é neste dia que se comemora o feriado municipal, outrora festejado a 26 de Junho, data da

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elevação de Santa Cruz a vila. A quinta do Revoredo é, indiscutivelmente, uma peça de incalculável valor para o património de Santa Cruz. Integrando um conjunto de quintas que se construíram na Madeira no século XIX, a quinta funcionou em finais deste século como unidade hoteleira, mas, só viria a ser adquirida pela Câmara Municipal no século XX, mais precisamente, em 1988. Actualmente, conhecemo-la como A Casa da Cultura onde a arte toma forma e cor, onde as artes plásticas realçam os aspectos locais, regionais, entre outros.

Parte da evolução de Santa Cruz está intimamente ligada ao facto desta freguesia ser a “porta de entrada” da Região, nome que lhe advém do facto de estar situado nesta localidade o Aeroporto da Madeira. Foi a 8 de Julho de 1964 que foi oficialmente inaugurado o Aeroporto de Santa Catarina, uma das mais importante obras do Governo do Estado Novo, que possibilitou a emigração de muitos habitantes de Santa Cruz. Muitos santacruzenses encontram-se emigrados nos EUA, mais propriamente, na Califórnia. Esta infra- estrutura viria a empregar muita mão-de-obra local, constituindo, assim, nos dias que correm, um dos grandes foros de emprego directo e indirecto da freguesia de Santa Cruz.

Reflectindo o progresso generalizado da Região Autónoma da Madeira, o município de Santa Cruz foi elevado a categoria de Cidade pelo Decreto Legislativo Regional 14/96, 1ª série, nº178, do Diário da República, a 2 de Agosto de 1996.

A freguesia conta com 6070 habitantes num total de 29 721 pertencentes ao concelho de Santa Cruz, números apurados no último censo de 2001.

Fazem parte do concelho de Santa Cruz 5 freguesias: Caniço, Gaula, Camacha, Santo António da Serra e a nossa freguesia que deu origem ao nome da nossa cidade. Administrativamente, as Ilhas Desertas fazem também parte deste concelho, que possui aproximadamente uma área de 82km2.

É nas zonas altas que reside grande parte da população e note-se que são nessas zonas que existem os maiores problemas a nível social.

Hoje, Santa Cruz subsiste dos serviços, porém, ainda encontramos uma parte da população dedicada à agricultura onde a vinha e a banana são importantes culturas nas zonas baixas da cidade que tendem a perder a sua

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rentabilidade pelo reflexo da crise no sector agrícola, reduzindo desta forma, a sobrevivência de quem depende deste tipo de actividade económica.

Em contrapartida, o grande desenvolvimento hoteleiro verificado na freguesia do Caniço gerou um elevado número de postos de trabalho, muitos dos quais preenchidos pelos habitantes do concelho.

Por via dessa sua condição de cidade, Santa Cruz, possui toda uma série de instituições e serviços, nomeadamente, a Câmara Municipal; a Conservatória de Registo Civil/Predial/Comercial e Automóvel; o Tribunal; o Centro de Segurança Social; a Tesouraria da Fazenda Pública; a Repartição de Finanças; a Junta de Freguesia; o Cartório Notarial; os Correios; os Bombeiros; a Polícia; a Casa da Cultura; a Biblioteca Calouste Gulbenkian e os estabelecimentos de diversos graus de ensino, que a tornam muito completa a esse nível. Além dos serviços públicos, a cidade congrega também toda uma série de instituições particulares que desenvolvem acções de âmbito desportivo, recreativo e cultural. Temos a casa do Povo de Santa Cruz com os seus grupos coral, de folclore e de dança; a Banda Municipal de Santa Cruz; o Sporting Clube Santacruzense, que desenvolve actividades nas modalidades de futebol, andebol e patinagem; o Iate Clube de Santa Cruz, que se dedica à prática das modalidades náuticas, como a vela; o Clube Desportivo da Escola Básica e Secundária de Santa Cruz, que pratica o ténis de mesa, que promove torneios entre turmas e outras práticas desportivas. Santa Cruz, também, tem apostado na cultura, com determinados eventos.

Para além de um passado que marca decisivamente o presente da cidade e do concelho, Santa Cruz tem inúmeras razões para encarar o futuro de uma forma muito optimista.

Pertencente a este concelho, e como referido anteriormente, destaca-se o Bairro da Bemposta, onde se insere a nossa escola. É de salientar a actividade desenvolvida pela ADRAP, que promove junto da população, deste Bairro, várias modalidades desportivas, principalmente, atletismo, andebol, basquetebol, ginástica, ténis de mesa, entre outras coisas. No mesmo Bairro, existe um A.T.L. que desenvolve um trabalho importante junto de alguns alunos da nossa escola, sobretudo nos períodos de interrupção lectiva. Para além de um passado que marca decisivamente o presente da cidade e do concelho,

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Santa Cruz tem também inúmeras razões para encarar o futuro de uma forma muito optimista. Mercê da substancial melhoria verificada a nível da rede viária regional, a cidade sede de concelho está cada vez mais próxima da capital, o Funchal. Assim sendo, está em marcha um forte investimento imobiliário, o que irá proporcionar o aumento da população residente apesar das reduzidas dimensões do vale.

Concretizado o esperado e prometido desenvolvimento intraestrutural, a cidade terá assim condições de ser uma das mais progressivas da RAM.

6.1. Caracterização da Escola

6.1.1 - Breve Perspectiva Histórica

No período anterior a 1964 existia a Escola da Terça (N.º1 que recebia os alunos do sitio da Terça de Cima), a Escola da Torre, (N.º2 que recebia os alunos da Torre, Ventrecha e alguns da Bemposta) e a Escola do Janeiro (N.º3 que recebia os alunos do Janeiro e Eiras).

Com a construção do aeroporto a localização da Escola da Terça sofreu uma mudança, isto é, passou do sítio da Terça de Cima para uma casa que se situava atrás do cais de Santa Cruz e que pertencia ao Sr. Júlio Barreto (uma das famílias com mais tradição no poder local). Porém, e por apresentar melhores instalações foi transferida para uma casa (pertença da família Hilário) que se localizava frente ao edifício do Tribunal de Santa Cruz. Anos mais tarde e com a demolição desta casa, a escola passou a funcionar numa sala que se situava atrás do Campo de Futebol de São Fernando (Campo Municipal de Santa Cruz).

Alguns anos mais tarde sofreu uma nova mudança de instalações para uma sala que se chamava “Sala da Bomba”, pois ficava situada ao lado dos Bombeiros, por baixo da sede do Clube Santacruzense (Rua da Praia). Nesta sala, estavam três turmas que trabalhavam em regime triplo, ou seja, na mesma sala haviam três turmas (a 1ª das 9h-12h, a 2ª das 12h-15h e a 3ª das 15h-18h).

Finalmente foi construído no sítio da Terça de Cima o edifício que hoje existe, mais precisamente, em meados do ano lectivo 1977/1978. Para estas novas instalações mudaram também as Escolas da Torre e do Janeiro. Cada escola tinha a sua directora havendo em simultâneo três directoras neste mesmo edifício. Os horários de cada núcleo eram diferentes uns dos outros.