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Contextualização do estudo e formulação do problema

CAPÍTULO II – COMPONENTE EMPIRICA

1. Contextualização do estudo e formulação do problema

A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) “instituição particular de utilidade pública” foi constituída como tal em 1956 com fins voltados para a beneficência, arte, educação e ciência, e sendo embora objetivo central do seu fundador arquitetar um espaço onde pudesse reunir a sua vasta coleção de arte, disponibilizando-a simultaneamente às gerações futuras para seu enriquecimento cultural e artístico16.

Atualmente, entre diversos departamentos e serviços para o público, a FCG conta com três Serviços Educativos (SE): (i) Música, (ii) Jardim e (iii) Museu Calouste Gulbenkian, coleção do fundador e coleção moderna. Como dimensão aglutinadora destes três SE, existe o programa DESCOBRIR em que, entre outras responsabilidades e projetos educativos, cursos e outras iniciativas, estão agora presentes a central de marcações e a equipa de divulgação e comunicação dessas mesmas atividades.

A Programação do SE Museu inclui atividades e outras iniciativas para todos os públicos, isto é, existe a “animação de histórias” para bebés e crianças acompanhados pelos pais, atividades para famílias em que todos são considerados participantes, oficinas para crianças e jovens, programação para jovens e adultos como conversas com artistas e visitas guiadas e diversas visitas, visitas-jogo e oficinas para grupos orientados/escolas.

Inserido neste programa e com relação transversal com os três SE, surge a Área das Necessidades Educativas Especiais. A partir dos diferentes acervos: música, jardim e museu, são programadas atividades para públicos com NEE. Essas

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atividades são agrupadas em títulos referentes a cada SE que, por sua vez, incluem diferentes atividades para estes públicos. Isto é, o SE da Música, com o título Som Contigo tem apenas uma atividade com o mesmo título; o SE do Jardim, cujo título é “O Mundo no Jardim” também só apresenta uma atividade adaptável consoante as caraterísticas dos grupos; e o SE do Museu que se divide em dois grandes grupos: “Sentir o Museu” relativo à coleção do Fundador (com três atividades distintas) e “À Flor da Pele” que parte do acervo da coleção Moderna, sendo que também apresenta quatro propostas de atividades.

Figura 1. Imagens ilustrativas das atividades: “O mundo no Jardim” e “Sentir o museu”17

Embora a maioria das atividades seja da modalidade oficina (inclui trabalho prático, sendo que a atividade pode ter uma ou duas sessões), tanto na coleção moderna como na do fundador, existem também atividades de visita, sendo que ambas as tipologias de atividade requerem a participação ativa dos participantes.

As atividades programadas na área das NEE podem ter apenas uma sessão ou ser compostas por duas. Isto é, quando a atividade se trata de uma visita no museu, mesmo que com carater prático e interativo, esta desenvolve-se numa sessão que pode ser de 60 minutos ou mais, dependendo das caraterísticas do grupo. Mas, no caso de a atividade se tratar de uma oficina, esta desenvolve-se em duas sessões, em dias diferentes com intervalo de até uma semana: 2ª-2ª, 2ª-6ª, 4ª-4ª ou 6ª-6ª. Este trabalho em duas sessões traz ao grupo algumas mais-valias, pois:

- Quando o grupo vem pela primeira vez, não conhece o espaço nem os mediadores, pelo que costuma apresentar-se mais disperso, inseguro e desconfortável.

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Imagens retiradas do sítio: https://gulbenkian.pt/descobrir/discover_position/necessidades- educativas-especiais/

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- Na segunda sessão o grupo já não se costuma apresentar tão inseguro, pois já houve um período de adaptação na primeira sessão. Assim, costuma haver uma maior entrega e um trabalho mais em profundidade em comparação com o trabalho desenvolvido na primeira sessão.

- O hiato entre as duas sessões, possibilita aos responsáveis do grupo trabalhar os conceitos abordados na primeira sessão. Tal não só permite o esclarecimento de dúvidas que tenham ficado, como constitui um maior controlo do que se passa por cada um dos participantes, valoriza o trabalho que se está a desenvolver, permitindo ainda que o grupo se mantenha consciente e não se esqueça do que estão a desenvolver no contexto da FCG.

O público-alvo para estas atividades é bastante diversificado, quer em relação à faixa etária (limite mínimo 6 anos de idade, não existindo limite máximo, sendo os grupos de idade escolar ou integrados em associações), quer considerando as caraterísticas dos grupos, como por exemplo alunos com: multideficiência (MD), Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), Trissomia 21, Deficiência Intelectual e de Desenvolvimento (DID), Doença Mental e ainda turmas que têm no grupo pelo menos um aluno com NEE.

Embora todas as atividades propostas pela FCG possam ser adaptadas de forma a serem desenvolvidas com pessoas com diferentes caraterísticas, existe uma planeada para integrar todas as pessoas que mostram interesse. Essa atividade é denominada Som Contigo18 e, está integrada no SE da Música como se referiu acima. Esta atividade permite desenvolver um trabalho sonoro, com recurso a diferentes tecnologias desenhadas e dinamizadas por um artista (músico), tendo como ponto de partida para a atividade a exploração e análise de uma obra de arte da coleção moderna.

Esta atividade realiza-se em duas sessões, sendo que a primeira é realizada maioritariamente em contexto de exposição, junto à pintura que se pretende analisar enquanto obra sonora. Só no final da primeira sessão e na segunda sessão é que são exploradas as ferramentas tecnológicas que permitem manipular o som19.

Para que o trabalho realizado no espaço da FCG não se reduza às paredes da instituição, por norma, na última sessão os grupos de alunos levam as produções

18 Video descritivo da atividade em

https://www.youtube.com/watch?v=c5uJf0hzWls

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Para informações relativas às caraterísticas da exploração da ferramenta por grupos específicos ver Anexo B

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sonoras que realizam, pois assim é possível às instituições usar as mesmas, por exemplo como banda sonora de um trabalho, de uma apresentação à escola/comunidade, mostrar aos pais, ou até mesmo possibilitar outro tipo de trabalho artístico. De salientar que as trilhas sonoras têm como base: a exploração do movimento e da dança, e a exploração de dinâmicas de pintura (relação da cor com o som, com o movimento, com o desenho geograficamente no suporte de papel/tela ou outro...).

A FCG procura assim constituir-se como um local potenciador de experiências significativas para todos os públicos que a visitam, incluindo os que apresentam características mais específicas, como é o caso dos que têm NEE.

Observando a programação da FCG para os públicos com NEE verifica-se que esta é bastante diversificada. No que à atividade Som Contigo diz respeito esta é, frequentada por grupos de alunos que no contexto educativo beneficiam do suporte dado em unidades de apoio especializado (para alunos com MD e para alunos com PEA (ver as particularidades destes alunos no anexo C). Porém, não se conhecem