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3.2|Contextualização histórica do Surf

Ninguém sabe ao certo onde, nem como nasceu o surf. No entanto, acredita-se que este desporto tenha surgido na Polinésia.

Na Polinésia, as melhores praias e as melhores pranchas eram usadas apenas pelas pessoas mais abastadas. A pessoa com mais aptidão para surfar era o chefe da comunidade. Para ele era feita a melhor prancha com a madeira da melhor árvore. Apenas eram abertas exceções a plebeus que demonstrassem ter um talento nato para o surf.

Os polinésios partiram à descoberta de terras desconhecidas e encontraram o Havai. Aí nasceu uma nova cultura: a cultura do surf. Os havaianos são mestres na arte de surfar há cerca de mil anos. Todas as classes sociais no Havai praticavam surf. No entanto as pranchas dos reis, as “olo”, mediam cerca de 4m, enquanto os restantes praticantes usavam pranchas “alaia”, com um comprimento consideravelmente mais reduzido.

Quando o Capitão Cook chegou ao Havai numa expedição britânica, os europeus viram pela primeira vez os nativos a apanharem ondas em cima de pedaços de madeira. O mundo ocidental conheceu o surf em 1779 através do que escreveu o Tenente James King, que Figura 109. Surfista a praticar Kitesurf

viajava também nas expedições britânicas lideradas pelo Capitão Cook, nos seus diários. Os europeus começaram a ver o Havai como um ponto de paragem obrigatória quando cruzavam o Oceano Pacífico.

Em 1821 foram enviados missionários Calvinistas da Grã-Bretanha para o Havai, com o intuito de evangelizarem os havaianos e oprimirem as ideologias que aí vigoravam. A prática do surf foi reprovada pelos missionários, que a consideraram como imprópria, tendo-a até proibido. No início do século XX, com o desaparecimento da influência dos missionários, a prática do surf reaparece na praia de Waikiki, na ilha de Oahu no Havai. Este reaparecimento ficou a dever-se ao contributo de George Freeth e Duke Kahanamoku. Duke ficou inclusivamente conhecido como o pai do surf moderno. Esta modalidade rapidamente se popularizou entre os nativos mas também entre os europeus e americanos que viviam no Havai.

Em 1907, George Freeth conhece o escritor americano Jack London, que depressa se deixou fascinar pelo surf. Jack London chegou mesmo a escrever um artigo sobre o surf que tornou célebre Freeth. Posteriormente, vai viver para a Califórnia e começa a fazer demonstrações

Figura 110. Nativos a apanharem ondas

de surf na praia de Venice, ficando conhecido como o “homem que conseguia andar sobre a água”. George Freeth foi o responsável pela difusão do surf na América, no entanto foi Duke Kahanamoku que difundiu a prática do surf por todo o mundo.

Duke ganhou várias medalhas a representar os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de 1912 em Estocolmo. Depois das suas vitórias nestes Jogos Olímpicos, Duke viajou por todo o mundo como embaixador havaiano e representante do espírito do surf, divulgando a prática do surf. Os países que o iam recebendo, rapidamente abraçaram o surf, deixando nascer outros desportos como o windsurf e o kitesurf.

Ao longo dos anos, o surf foi ganhando cada vez mais seguidores. Aproveitando o número significativo de praticantes de surf, vários foram os empresários que que se dedicaram ao negócio de fabrico de pranchas, vestuário e materiais apropriados. Atualmente, o surf movimenta cerca de doze milhões de euros anuais a nível mundial, existindo várias competições desta modalidade no mundo.

O primeiro protótipo de windsurf foi criado pelo casal Newman e Naomi Darby em 1963 na Flórida. Newman era velejador e Naomi era canoísta. Este projeto surge da ambição da Naomi de colocar uma vela na sua canoa para a tornar mais veloz. Embora a criação deste casal acabasse por criar um novo desporto anos mais tarde, na altura não conseguiram avançar com o seu protótipo, por questões financeiras. Mais tarde, entre 1967 e 1968, Jim Drake, um engenheiro aeroespacial, e o seu amigo Hoyle Schweitzer, empresário e surfista, inventam um protótipo que alia a liberdade proporcionada pelo surf com a arte de velejar. Em finais de 1968, os dois amigos requereram a patente do equipamento que desenvolveram. Só treze anos depois conseguiram patentear o equipamento, ao qual deram o nome de windsurf. Não demorou muito até o conseguirem divulgar por todo o mundo, nem para começarem a surgir escolas deste novo desporto. No início da década de 70, a empresa do sector têxtil Tencate comprou a licença para fabricar o windsurf na Holanda e conseguiu transformá-lo num verdadeiro sucesso. Entre 1973 e 1978, começou a ser produzido por todo o mundo e em 1984 foi aprovado como desporto olímpico.

O kitesurf, mais parecido com o que conhecemos hoje, foi inventado pelos irmãos franceses Bruno e Dominique Legaignoix, navegadores, praticantes de surf e de windsurf. Em 1984, os dois irmãos desenvolveram uma pipa com câmaras-de-ar, que quando infladas podiam cair à água e serem novamente levantadas sem se precisar recorrer à ajuda de terceiros. A sua invenção foi devidamente patenteada em 1985 e os dois irmãos participarem em inúmeras regatas internacionais de velocidade com esquis aquáticos. No entanto nem tudo foi fácil. Como o windsurf estava no auge quando o kitesurf foi patenteado foi difícil introduzi-lo no mercado. Só em 1995 é que os Legaignoix conseguiram produzir e comercializar a pipa. Robby Naish, campeão mundial de windsurf, apaixonou-se por este novo desporto e teve um papel preponderante na sua divulgação. Este surfista foi também o primeiro a sagrar-se campeão

mundial desta modalidade em 1998 no Havai. Desde a sua criação, os equipamentos utilizados no kitesurf foram sendo aprimorados, tornando-se um desporto com bastantes praticantes em todo o mundo.