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Em um primeiro momento, apresento o município, local de pesquisa, por meio de dados gerais sobre as salas de recurso multifuncional. Depois, apresento sobre as parceiras de pesquisa, por último, sobre as práticas que constituem esse espaço.

3.2.1 O local da pesquisa: do município à sala de recurso multifuncional

Esta pesquisa teve seu lócus em um município do Vale do Rio dos Sinos, cuja cultura de colonização alemã tem um histórico de luta e de resistência conhecido nacionalmente. A cidade tem 74.985 mil habitantes (IBGE, 2020), e as escolas da rede municipal atendem a 11,5 mil alunos aproximadamente. Há, ao todo, 15 escolas de educação infantil, do berçário até o maternal, e 19 escolas de ensino fundamental, que atendem crianças do jardim A e B até o nono ano, embora algumas contém com turmas apenas até o quinto ano.

As escolas de Ensino Fundamental do município contam com secretaria, sala de professores, sala de coordenação, sala de direção, biblioteca, sala de jogos, ludoteca, sala de música, duas salas de informática, auditório, sala de reforço, refeitório, onde as crianças recebem café, almoço e lanche da tarde. Há também 2 pracinhas, quadra de areia, quadra coberta, um ginásio e uma sala de recurso multifuncional.

A sala de recurso multifuncional (SRM) é um espaço para apoiar o público da educação especial: alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação. Há 347 discentes em atendimento nas salas de recurso do município para 22 professoras de Atendimento Educacional Especializado, segundo mapeamento feito em julho de 2018 pela Secretaria de Educação (informação verbal1). A

cidade conta com 22 SRM credenciadas pelo MEC, dentre as quais duas estão fechadas por falta de clientela e duas em funcionamento sem registro oficial.

Entre as atribuições da professora da SRM está o atendimento educacional especializado (AEE), realizado de maneira individual ou em pequenos grupos. No atendimento, no início do ano, é realizado um plano de AEE a partir de um estudo de caso. Este procedimento conta com as seguintes ações: conversas com o discente, visita à sala comum, diálogo com a professora, pesquisa em documentos da vida escolar do aluno, disponíveis na secretaria, entrevista com os pais e vários encontros com o educando. No final desse estudo, é feito o plano de atendimento educacional especializado anual, conforme diretrizes da Secretaria Municipal de Educação. Ao final de cada atendimento, redige-se um relatório das atividades diárias. Com o fim do trimestre, é feito um parecer para os pais.

A SRM tem recursos diferenciados e, em muitos momentos, é um espaço para implementação de tecnologia assistiva específica para o estudante. Alguns estudantes precisam de adaptação do material escolar, como um adaptador de lápis, tesoura flexora ou, 1 Fala da supervisora da Educação Especial do município da pesquisa, durante reunião pedagógica, em julho de 2018.

até mesmo, adaptação de metodologia por meio do uso de jogos. Todas as salas de recurso multifuncional oficiais do município contam com computadores, mouses e teclados adaptados, mobiliário acessível, jogos fornecidos pelo Ministério da Educação (MEC) e acesso à internet.

3.2.2. As participantes da pesquisa

As parceiras de pesquisa se encontram mensalmente para reunião pedagógica, como já foi comentado, em que há discussão e compartilhamento de ideias, junto com as demais professoras do AEE. Na reunião, o grupo contribui com exemplos de práticas que colocam o aluno do AEE em destaque. Além de o município oferecer capacitação e acesso por meio de visitas periódicas às instituições que trabalham com as crianças com deficiência, as participantes também investem em cursos para sua formação continuada e em pós-graduação para aperfeiçoamento profissional.

Optei por chamar as participantes de “parceiras” para manter uma relação de parceria, como colegas de SRM que somos. Acredito também que, como representante de uma instituição de ensino superior, deva construir a ideia de trabalhar em conjunto, diminuindo a distância entre pesquisa, teoria e prática escolar, numa relação ética e colaborativa.

A seguir, trago o Quadro 2, com detalhes sobre a experiência profissional e formação de cada parceira, cujas informações foram fornecidas durante a entrevista, além da data de realização e a duração da entrevista. É preciso destacar que os nomes usados para se referir às parceiras são fictícios e não têm relação com seus nomes reais. O critério estabelecido para a escolha dos nomes fictícios foi a letra inicial, para auxiliar na organização dos excertos.

Quadro 2 - Informações sobre as participantes da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

Pelas informações do Quadro 2, observamos que as parceiras da pesquisa apresentam uma longa experiência profissional. A docente com menos tempo de atuação está há 11 anos, e as professoras com mais tempo estão há 20 anos. Uma professora tem 10 anos e a outra tem 15 anos de experiência em sala de aula com alfabetização. No Atendimento Educacional Especializado, as docentes têm, no mínimo, 4 anos de atuação (professora Débora) e, no máximo, 12 anos (professora Caren). É importante dizer que as salas de recurso multifuncional existem há 10 anos. A professora Caren tem mais tempo no AEE do que a existência da SRM (BRASIL, 2010), porque iniciou seu trabalho em Núcleo de Atendimento Especializado ao Educando (NAEE), localizado em espaço fora da escola.

Destaca-se que a professora Amélia tem pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado e Psicopedagogia. A docente Beatriz tem pós-graduação em Neuropsicopedagogia e Caren em Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia. Débora tem pós- graduação em Atendimento Educacional Especializado e Elenir tem em Educação Inclusiva e Neuropsicopedagogia. Identifica-se que três professoras têm mais de uma Especialização.

Docentes Experiência profissional Formação Entrevista Data da Duração da entrevista

Amélia 20 anos de experiência, sendo 15 na alfabetização e 5 na SRM. Licenciatura em Pedagogia e Pós- graduação em AEE e Psicopedagogia. 13/12/2018 10min15s Beatriz 16 anos de experiência, sendo 10 na alfabetização e 6 na SRM. Licenciatura em Pedagogia e Pós-

graduação em Neuropsicopedagogia. 13/12/2018 6min40s

Caren experiência no 12 anos de AEE. Licenciatura em Pedagogia e Pós- graduação em Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia. 13/12/2018 12min35s Débora 20 anos de experiência, sendo 16 em sala de aula e 4 no AEE. Licenciatura em Pedagogia e Pós-

graduação em AEE. 20/12/2018 12min

Elenir

11 anos de experiência, sendo 6

anos na SRM.

Licenciatura em Pedagogia com ênfase na Educação Especial, Pós- graduação em Educação Inclusiva e

Neuropsicopedagogia.

Identifica-se que há uma interface no AEE entre a Educação e a Saúde, contemplando as áreas da Pedagogia, Psicologia e Neurociências.

O quadro sobre as participantes revela ainda que, além da longa trajetória como docentes, investem, por meio de recursos próprios, em cursos, especializações e pós- graduação.

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