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3 POR DENTRO DA MARCA 7-1

3.1 Contextualizando a marca 7-1

Tudo começou no dia 8 de julho de 2014, no estádio Mineirão em Belo Horizonte, MG. Neste fatídico dia, aconteceu algo que o povo brasileiro jamais poderia imaginar: o Brasil, conhecido mundialmente como “o país do futebol”, sofreu uma das piores derrotas de sua história, se não a pior. Jogando pela segunda vez uma Copa do Mundo dentro de casa, a seleção brasileira foi goleada de forma avassaladora pelo time da Alemanha com um placar que nem o mais pessimista dos torcedores poderia imaginar: 7-1.

Para continuar essa contextualização, antes, alguns fatos, tanto da história do futebol, quanto daquele dia único, devem ser lembrados para entender de forma mais clara a relevância dessa derrota para “o país do futebol”.

Em 1950, na primeira Copa do Mundo realizada em terras brasileiras, o Brasil, que chegou à final como franco favorito, com vitórias esmagadoras sobre todos os seus adversários, perdeu em pleno Maracanã lotado – aproximadamente 200 mil pessoas – para uma seleção uruguaia que não vinha fazendo uma campanha excepcional, deixando para trás a oportunidade de trazer o primeiro título mundial para a nação que já amava o esporte, mas somente sonhava em ser “o país do futebol”.

Para se ter a verdadeira dimensão do “Maracanazo”, como ficou conhecido o acontecimento retratado no parágrafo anterior, é importante lembrar que mesmo sendo o maior campeão da Copa do Mundo de toda a história do futebol com cinco títulos inquestionáveis, 64 anos depois, a história mais relembrada pela mídia

brasileira, era sobre essa tragédia que ficou marcada, até então, como a derrota mais sofrida para o povo brasileiro.

Evidentemente, com o Brasil tendo a oportunidade de jogar novamente dentro de casa, era inevitável lembrar o que aconteceu naquele tempo. A Copa do Mundo de 2014 surgiu então, como uma chance do país dar a volta por cima e superar a grande derrota sofrida na frente de seus próprios torcedores. A hora da revanche, enfim, havia chegado.

Outro ponto importante que deve ser lembrado se refere ao contexto político brasileiro por trás da realização da Copa do Mundo de 2014 no país. Para conseguir ser a sede do torneio, o Brasil entrou em uma disputa acirrada com outros países considerados de “primeiro mundo”, como Estados Unidos e Japão. Caso o país fosse escolhido como sede, as autoridades brasileiras acreditavam que seria uma boa oportunidade de promover um crescimento na economia e de aumentar a visibilidade do país no exterior, por isso houve uma enorme mobilização, tanto por parte do governo, como por parte da mídia, para que se conseguisse trazer o evento para o principal país da América Latina. Essa força de vontade foi determinante para que o Brasil fosse escolhido, mais uma vez, como sede da Copa do Mundo.

Há de se lembrar, porém, que uma grande parte da população brasileira não ficou nada contente com essa vitória do Brasil. Para muitos, o evento era apenas um pretexto para grandes empresas, principalmente empreiteiras, lucrarem mais em cima do governo na construção de estádios faraónicos. O fato de o país ter uma grande deficiência em várias áreas importantes, como saúde e educação, também era uma questão que incomodava muita gente. A prioridade, segundo essas pessoas, deveria ser a utilização do dinheiro público na construção de mais escolas e hospitais. Além do mais, o país vinha de uma série de escândalos de corrupção, o que levou o povo brasileiro a achar que esta seria mais uma excelente oportunidade dos governantes e empresários enriquecerem de forma ilícita com superfaturamentos, elefantes brancos e acordos obscuros. É de suma importância destacar o descontentamento àquela época, para entender de forma mais completa tudo que envolve o 7-1.

Partindo direto para o dia do jogo, no dia 8 de julho de 2014, devem ser relembrados alguns pontos. Primeiro, deve-se destacar que mesmo o Brasil não

impressionando com o seu futebol, os torcedores ainda achavam que o fator casa poderia fazer uma grande diferença na conquista do torneio, por isso esperava-se que o país do futebol chegasse até a sonhada final. Mesmo assim, para boa parte dos brasileiros, uma derrota para a Alemanha não seria nenhuma surpresa. O time da Alemanha vinha jogando bem, o que não acontecia com o time da casa. Além do mais, o principal jogador da seleção brasileira, Neymar Júnior, encontrava-se machucado, e o time era extremamente dependente dele.

Como dito anteriormente, uma derrota para a Alemanha já era esperada, o que surpreendeu os torcedores foi o placar elástico com uma goleada de 7-1. O time brasileiro não jogou absolutamente nada. Para quem viu a partida ficou a impressão de que o resultado poderia ter sido bem pior, pois ao final do primeiro tempo o placar já mostrava 5-0 para os alemães. A torcida que se mostrava bem empolgada antes do jogo, tomou um banho de água fria logo que a bola começou a rolar. O povo brasileiro não conseguia acreditar no que estava vendo e a felicidade que transbordava pelo prazer de ver a própria seleção jogando dentro de casa deu lugar a um sentimento de raiva e tristeza.

Após o término da partida, o país do futebol entrou em uma grande depressão. Cada torcedor buscou uma maneira de mostrar sua indignação. Alguns apelaram para o lado político, culpando governantes, autoridades e cartolas do futebol, pela pior derrota da história da seleção brasileira. Outros direcionaram a raiva para os jogadores, que entraram em campo naquele dia e não honraram a camisa verde e amarela. Por um bom tempo, o assunto mostrou-se bem delicado de ser abordado e apenas foi tratado de forma séria.

O povo brasileiro, porém, é muito conhecido por ser bem humorado, e passando o tempo da dor, com outras palavras, o tempo de luto, as pessoas começaram a tratar do 7-1 de uma forma mais leve e divertida, usando o episódio para ilustrar as mais diversas situações do dia a dia. O ditado “rir para não chorar” tomou conta dos torcedores, que até então ainda estavam tentando se recuperar da maior tragédia do futebol brasileiro.

É importante destacar que as redes sociais tiveram uma grande participação nesse movimento. Passado mais de um ano do 7-1, não é difícil achar uma piada sobre ele na internet brasileira. Em qualquer situação alguém acha alguma maneira

de encaixar o episódio para ilustrar, de forma debochada, a decepção com algum acontecimento.

Não foram só os torcedores que entraram nessa onda, algumas empresas também resolveram brincar com a situação como foi o caso do canal de TV dedicado aos esportes, ESPN. No dia 8 de julho de 2015, eles celebraram o 7-1 day para relembrar o dia mais triste do futebol brasileiro recentemente, não só para brincar com o acontecimento, mas também criticar os responsáveis por ele. Outras empresas também fizeram brincadeiras e serviram de inspiração para a criação da marca 7-1 como será possível ver a seguir.

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