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6.4 GRANITO BRANCO SAVANA - SIENOGRANITO INEQUIGRANULAR MÉDIO A GROSSO

Este tipo granítico está distribuído nas porções leste, sudeste e sudoeste do

stock granítico Serra do Barriga, limitado pelo granito Rosa Iracema (Figura 4.3). São rochas

com estrutura homogênea, sem diques, veios, enclaves ou fraturas. Ocorre principalmente sob a forma de matacões com estrutura isótropa e dimensões que variam de 3 a 15 m de altura por 2 a 5m de diâmetro, distribuídos nas bordas sudeste e sudoeste do maciço.

O granito Branco Savana corresponde a um Sienogranito Inequigranular médio a grosso (Figura 6.1 e 6.2), de coloração branco acinzentada (Foto 3; Prancha 6.1), pela presença de feldspato alcalino e plagioclásio de coloração branca, quartzo cinza e biotitas aleatoriamente dispersas na massa quartzo-feldspática da rocha. Apresenta estrutura isótropa, textura fanerítica inequigranular hipidiomórfica a xenomórfica, com granulação desde submilimétrica a cerca de 15 mm, predominando dimensões entre 3 a 6 mm. O feldspato potássico representa o mineral com as maiores dimensões, sendo o principal responsável pelo aspecto inequigranular exibido pelo granito.

A mineralogia essencial é dada por feldspato potássico (microclínio), quartzo, plagioclásio (albita e oligiclásio), biotita, clorita e muscovita secundária. Os minerais acessórios são representados por apatita, zircão, fluorita e opacos, além da presença de produtos de alterações deutéricas dos minerais acima (Quadro 6.1).

Em afloramento este tipo granítico apresenta características gerais homogêneas, exibindo granulação média a média-grossa, podendo localmente apresentar gradações para termos pegmatóides. Estes podem exibir contatos tanto gradacionais quanto intrusivos, normalmente difusos.

RELAÇÕES DE CONTATO MINERAL

A rocha apresenta um excelente entrelaçamento mineral, com cerca de 79% dos contatos do tipo côncavo-convexo e serrilhado, caracterizado por um imbricamento e/ou intercrescimento entre cristais de feldspato potássico, plagioclásio e quartzo. Os primeiros exibem bordas e contornos geralmente irregulares, o que se traduz num evidente engrenamento mineral. Os contatos do tipo plano, representando cerca de 21% do total da rocha, ocorrem basicamente entre os cristais de quartzo e os de feldspato, bem como em agregados maiores de quartzo microgranulados. Destaca-se, ainda, que

De modo geral, os contatos dos cristais apresentam-se bastante imbricados. Os contatos denteados ocorrem entre cristais de quartzo, plagioclásio e biotita com bordas corroídas. O contato do tipo côncavo-convexo é bastante comum entre cristais de quartzo intersticial e feldspato potássico com intercrescimento de albita. O contato plano é comum no plagioclásio tardio.

MICROFISSURAMENTO

As microfissuras no tipo granítico Branco Savana apresentam a média geral de 0,31/mm2, considerado ainda, um grau de microfissuramento baixo (< 0.40/mm2). São microfissuras sem direções preferenciais, sob a forma intragranular e intergranular, sendo as últimas com comunicabilidade quando projetadas entre os contatos dos cristais.

Da totalidade das microfissuras, 20 % são consideradas muito curtas, menores que 1 mm, 70% são curtas, entre 1 e 3 mm, 10% apresentam tamanho médio, entre 3 e 6 mm. As fraturas maiores que 6 mm não atingiram 0,5 % da média. Em torno de 91% microfissuras estão no interior dos cristais, porém 53% estão sem preenchimento e 38% são preenchidas. As microfissuras que cruzam outros cristais (intergranular) atingem em torno de 9%.

As microfissuras são preenchidas por materiais de acordo com a composição química dos minerais próximos. Ocorrem fissuras preenchidas por sericita e muscovita, quando próximas de feldspato potássico; carbonato, quando próximas de plagioclásio, preenchidas por muscovita, óxidos e hidróxidos de ferro, quando próximas de biotitas, cloritas e/ou minerais opacos; e ainda, outras microfissuras preenchidas por sílica amorfa.

A maior freqüência de microfissuras intragrãos, sem direção preferencial e com baixa comunicabilidade ocorre no quartzo. São microfissuras curtas, irregulares e descontínuas, algumas são preenchidas por argilominerais e óxido de ferro. As fissuras mais evidentes prolongam-se entre os contatos dos minerais aumentando o grau de intercomunicabilidade. Sobre cristais maiores de quartzo ocorrem microfissuras paralelas, descontínuas, muito finas e com mica branca.

MINERALOGIA

O granito Branco Savana é formado por aproximadamente 43% de microclínio, 34% de quartzo, plagioclásio (14% de oligoclásio e 2% de albita) e 5% de biotita, e cerca de 0,5% representado pelos minerais acessórios titanita, apatita, zircão e opacos. A fluorita abrange em torno de 0,5%. Como secundários ocorrem clorita, muscovita, sericita, epidoto, carbonatos e óxidos/hidróxidos de ferro perfazendo em torno de 1% do total da rocha (Quadro 6.1).

O microclínio com coloração branca representa os cristais com as maiores dimensões da rocha, predomina entre 4 a 6 mm, podendo atingir até cerca de 15 mm ao longo do seu maior eixo. Os cristais maiores (acima de 10 mm) atingem cerca de 10% do volume da rocha. Apresentam formas predominante anédricas, tendendo a subédricas, com bordas e contornos irregulares devido a efeitos de corrosão, bem como de intercrescimentos com albita (Prancha 6.4, fotomicrografias 1 e 2) e quartzo. São freqüentes microinclusões de biotita, albita branca e de quartzo.

Em termos gerais mostram-se intensamente pertitizados sob forma de filmes, veios e manchas (Prancha 6.4, fotomicrografias 1 e 2), mascarando a geminação cruzada (Prancha 6.4, fotomicrografia 3). O desenvolvimento mais intenso do processo de pertitização conduz, localmente, a uma parcial albitização do feldspato potássico. Destaca- se ainda, que os cristais de feldspato potássico mais desenvolvidos exibem intensidades variáveis de sericitização, por vezes marcadas nas linhas de zoneamento, ou como transformações parciais para argilominerais (Prancha 6.4, fotomicrografia 3 e 4).

O plagioclásio ocorre com dimensões médias menores que o microclínio, está representado por oligoclásio e albita, ambos de coloração esbranquiçada. O oligoclásio constitui cristais tanto subedrais quanto anedrais, de tamanhos maiores que a albita. Sob a forma subédrica são prismáticos e ocorrem isolados na massa granítica e quando anédricos são irregulares, intercrescidos com cristais de feldspato potássico ou ainda ocupam posições intersticiais entre os minerais (Prancha 6.4, fotomicrografias 4 e 5). Sob a forma intersticial apresentam dimensões que variam de 0,6 a 5 mm, sendo que os cristais maiores ocorrem entre 10 a 20 mm. Os cristais isolados subédricos mostram tamanhos entre 1 a 5 mm. As proporções de comprimento e largura são de 2:1. Microscopicamente exibem marcante zoneamento composicional, apresentando núcleos mais cálcicos, de composição oligoclásio-andesítica, intensamente saussuritizados, a albítica nas bordas (Prancha 6.4, fotomicrografias 4 e 6).

dissolução. Os cristais individuais constituem desde formas dominantemente anédricas até euédricas com formas pseudo hexagonais. Distribui-se na rocha sob formas variadas, intersticial, inclusos em diversos minerais, como cristais individuais e constituindo agregados monominerálicos. Apresentam feições de dissolução englobando biotita, albita, parcial ou totalmente. Envolvem agregados de albita+microclínio+biotita e cristais menores de biotitas e albitas, que ocorrem também como inclusões. Os agregados e/ou cristais mais desenvolvidos de quartzo são os que apresentam o maior grau de microfissuramento.

A biotita ocorre preferencialmente como inclusões nos feldspatos e quartzo em tamanhos desde submilimétricos até de 3 mm, ocorre também como pequenos agregados lamelares de dimensões desde submilimétricas a cerca de 6 mm dispersos na massa quartzo-feldspática. Os agregados apresentam formas variadas podendo ser alongados, irregulares, freqüentemente com bordas corroídas apresenta cristais isolados menores de 0,5 mm, até agregados de 4 mm. Microscopicamente as lamelas mostram-se subédricas a irregulares, podendo ser esqueletais ou mesmo arredondadas. Os agregados de biotita ocorrem comumente associados com opacos, apatita, esfeno, fluorita e/ou zircão. Quando este último ocorre como inclusões, provoca efeito de metamictização nas lamelas de biotita. As biotitas exibem forte pleocroísmo que varia de amarelo pálido a marrom escuro, sendo modificado por efeitos de cloritização tornando-se amarelo esverdeado claro até verde intenso de acordo com a intensidade de alteração (Prancha 6.4a, fotomicrografia 7 e 8).

Os demais minerais acessórios estão representados pela titanita (ou esfeno) prismática com até 2,0 mm, que ocorre tanto como cristais isolados quanto preferencialmente inclusas em biotita e/ou clorita; apatita euédrica, submilimétrica, inclusa na biotita e zircão prismático com alta birrefringência e elevado relevo.

A fluorita ocorre associada à biotita, observada exclusivamente de modo intersticial distribuída entre os limites dos cristais, provavelmente como produto de dissolução na transformação da biotita para clorita (Prancha 6.4a, fotomicrografias 9 e 10 ).

Os produtos de alteração mineral são variados e representados pela clorita, sericita, muscovita, epidoto, carbonatos, argilominerais, óxidos e hidróxidos de ferro, detalhados abaixo.

TRANSFORMAÇÕES MINERAIS

A transformação mineral no granito Branco Savana apresenta diversos graus de intensidade de acordo com as reações e os elementos disponíveis no sistema da rocha. Praticamente todas as amostras analisadas apresentam cristais de feldspatos (tanto

feldspato potássico como plagioclásio) parcialmente alterados para agregados microcristalinos representados por argilominerais, sericita, entre outros produtos, afetando cerca de 30 a 60% de suas áreas. (Prancha 6.4, fotomicrografias 3, 4, 5 e 6)

Sobre o núcleo dos cristais de plagioclásio são comuns lamelas alongadas de muscovita, que atingem em torno de 40% da área do cristal (Prancha 6.4, fotomicrografias 6 e 12). As alterações de mica branca ocorrem preferencialmente sobre cristais de plagioclásio, sendo que as mais finas (sericitas) abrangem 25% dos cristais, com grau incipiente, ou seja, menos de 30% de suas áreas estão sericitizadas.

A alteração para argilo minerais sobre cristais de feldspato potássico e de plagioclásio acentua-se, sobretudo nas pertitas e inclusões de albita (Prancha 6.4, fotomicrografias 3 e 4). Atinge entre 30 a 60% das áreas dos cristais, carcterizando alteração de grau moderado. O aspecto de “sujo” provocado pela concentração de material argiloso e/ou óxido de ferro também ocorre nos cristais maiores de plagioclásio (ortoclásio). Localmente existem cristais totalmente sustituídos por uma “massa criptocristalina” de sericita com lamelas de muscovita (Prancha 6.4, fotomicrografias 5). A maioria dos feldspatos (potássicos e plagioclásio) exibe zoneamento com sombras de crescimento definidas através de argilo minerais (Prancha 6.4, fotomicrografia 4).

As duas principais formas de alteração da biotita ocorrem através da cloritização e da mectamictização (inclusões de zircões). Em torno de 60% dos cristais de biotita estão cloritizados, atingindo entre 30% a 60% das áreas dos cristais (Prancha 6.4a, fotomicrografias 7 e 8), enquanto que 50% dos cristais de biotita foram mectamictizados, com 30 a 60% de suas áreas afetadas.

A alteração da biotita evidencia-se tanto pela sua cor, apresentando faixas alternadas de cores marrom e verde (Prancha 6.4a, fotomicrografia 7) quanto pela sua forma corroída (Prancha 6.4a, fotomicrografias 8 e 9) e pela birrefringência mais alta (semelhante à mica branca). São comuns cristais de biotita mectamictizados e intercrescidos com fluorita anédrica intersticial (Prancha 6.4a, fotomicrografias 9 e 10).

Ocorrem albitas com inclusões de biotita, mica branca, quartzo, fluorita e opacos. O ferro que é liberado nas reações de alteração da biotita para mica branca, aloja- se na estrutura dos cristais de feldspatos potássicos e albitas como óxido de ferro e imprime aspecto “sujo” sobre os mesmos (Prancha 6.4a, fotomicrografias 11 e 12).

Um evento de “albitização” formou franjas de albitas nas bordas do microclínio, albitizando pertitas (Prancha 6.4, fotomicrografias 1 e 2).

Fotomicrografia 1 – Feldspato potássico com pertitas em forma de manchas albitizadas e intercrescimento de albita intersticial nas bordas. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 2 – Feldspato potássico pertítico apresentando feições de intercrescimento de “franjas” de albita invadindo o feldspato. Nicóis cruzados.

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Fotomicrografia 3 - Cristais de microclínio com geminação xadrez (porção superior) e com pertitas em forma de manchas albitizadas e bordas irregulares (canto inferior direito). Nicóis cruzados. Fotomicrografia 4 - Feldspatos zonados: à direita microclínio com linhas de crescimento marcadas por mine-

rais de alteração e, à esquerda, plagioclásio com núcleo sericitizado. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 5 - Plagioclásio com intensa substituição para mica branca no núcleo. A presença da biotita intensifica a alteração para mica branca nos cristais no seu entorno. Nicóis cruzados. Fotomicrografia 6 - Plagioclásio zonado com parte de sua área alterada para argilominerais e lamelas de mica

branca de variados tamanhos. Microclínio com pertitas alteradas para mica branca e biotita cloritizada. Nicóis cruzados.

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